A Argentina é um país de grandes treinadores. Cesar Menotti, Carlos Bilardo, Marcelo Bielsa, Carlos Bianchi, Alfio Basile, Daniel Passarella e Alejandro Sabella são alguns nomes que despertam amor e ódio, e não só na Argentina. Mas há um treinador argentino bem menos reconhecido que os citados mas que teve um papel decisivo para definir o que é a seleção argentina hoje: José Pekerman.
Tendo Hugo Tocalli como coadjuvante, Pekerman durante 10 anos (1994 a 2004) comandou as seleções argentinas de base. Conquistou inúmeros títulos, incluindo três mundiais sub-20. Mais importante, por suas mãos passaram aqueles que viriam a ser os melhores nomes do futebol argentino. Mais de dez anos após sua saída do posto, a seleção nacional ainda é inteiramente baseada em nomes burilados por ele, como Messi, Aguero, Mascherano e tantos outros.
Mas, como diria um falecido narrador brasileiro, o tempo passa. A última geração formada por Pekerman se aproxima do fim. No próximo mundial Tevez e Mascherano terão 34 anos. Lavezzi 33. Messi e Higuaín terão 31. Aguero e Di Maria, os mais jovens, terão 30. Certamente poderão estar nos gramados russos com a camisa albiceleste, mas precisarão de, no mínimo, coadjuvantes de qualidade mais jovens. Ou seja, jogadores formados já sob o reinado de Humbertito Grondona, que substituiu Pekerman tendo o sobrenome como maior credencial.
E é de fato a hora de renovar. A geração atual conseguiu os melhores resultados de uma seleção principal argentina em muito tempo. Chegou a uma final de mundial depois de 24 anos, perdendo o título apenas no fim da prorrogação de uma decisão muito equilibrada. Na Copa America Martino quis mudar o estilo de jogo da equipe que Sabella levou ao mundial, mas em termos de escalação pouco mudou, e os jogadores eram praticamente os mesmos. O desempenho não foi dos melhores, mas a equipe chegou à final, e só perdeu nos pênaltis.
A Argentina vive um momento muito diferente do Brasil em termos de geração. Nós praticamente estamos reconstruindo uma seleção, enquanto a os vizinhos partem de uma ótima equipe base que teve ótimos resultados recentes em competições oficiais. No entanto, será necessário aos poucos inserir jogadores mais jovens na albiceleste, para que cheguem em 2018 em condições de ser titulares, sob pena de desfilar com uma equipe muito envelhecida nos gramados russos.
Até o momento essa renovação não ocorreu. Martino parece temeroso em utilizar nomes como Pereyra e Lamela, e sequer tem convocado Correa, Kranevitter, Vietto e Dybala, nomes que apontam como o futuro da seleção. Mas é inevitável que tais nomes comecem a aparecer com mais frequência nas listas de Tata. A questão é: conseguirão os nomes dessa primeira geração pós-Pekerman manter o alto nível de qualidade dos jogadores da seleção? Serão bons coadjuvantes em 2018? Poderão assumir o papel de protagonistas após a copa da Russia, quando inevitavelmente a geração atual deixará a seleção?
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