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Argentina-Peru de novo, exatos 4 anos depois de um épico

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Palermo cavando lugar na Copa 2010 naquele tempestuoso 10 de outubro de 2009

Hoje é dia de Argentina e Peru, com uma atmosfera totalmente diferente de exatos quatro anos atrás. Em 10 de outubro de 2009, o imortal Martín Palermo marcou um dos gols mais agônicos da seleção, que se via ameaçada de ficar de fora da Copa. Foi a terceira vez que o Peru apareceu como estraga-prazer. Desta vez, será diferente: hermanos já classificados com tranquilidade, peruanos já eliminados. Mas podemos lembrar as anteriores.

A primeira deu-se em 1969. A Argentina disputou a classificação à Copa do México em grupo com Peru e Bolívia. Na última rodada, precisava vencer a Blanquirroja em casa. Para colocar pressão, reservou o caldeirão da Bombonera para a partida. Mas os comandados do técnico brasileiro Didi não se abalaram e só não saíram com a vitória por 2-0 porque Rafael Albrecht e Alberto Rendo (com “o gol que menos comemorei na vida”, segundo ele) empataram nos últimos doze minutos. Já falamos em outro Especial: clique aqui.

Foi a última vez que a seleção ficou de fora da Copa, e a única em que isso aconteceu por desclassificação: a ausência nas Copas de 1938 a 1954 havia se devido por desistência. Para afastar qualquer risco na classificação à Copa de 1974, a seleção reuniu nada menos que um “time B” para se acostumar à altitude da Bolívia (que vencera por 3-1 em La Paz em 1969 e estaria novamente no caminho) e sair de lá com uma vitória. Falamos aqui.

Aquele Peru tinha sua melhor safra, classificando-se ainda às Copas de 1978 e 1982 e estando no páreo para a de 1986, novamente com destino ao México. O técnico peruano estava entre os que eliminaram os hermanos na Bombonera em 1969: Roberto Challe. A diferença é que, na ocasião, o empate favoreceria os argentinos, que resolveram jogar então no habitual Monumental de Núñez para a última rodada do grupo.

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Argentinos correm atrás do prejuízo em 1969, mas não basta: Peru os eliminam na Bombonera e se classificam para a Copa de 1970

A Argentina ainda abriu o placar, com Pedro Pasculli antes do 10 minutos de jogo. Só que os peruanos viraram ainda no primeiro tempo e iam se classificando até os 36 do segundo. Foi quando o veterano Daniel Passarella, então o maior zagueiro-artilheiro do futebol, apostou e puxou um ataque desde seu próprio campo de defesa. Tabelou com Enzo Trossero e, já pela direita da grande área peruana, deu um chute diagonal que bateu na trave. Mas o lance bateu o goleiro adversário e deixou a bola livre para Ricardo Gareca completar.

Apesar do gol, o próprio Gareca e outros presentes na equipe-base de Carlos Bilardo ficaram de fora da Copa do México: o goleiro Fillol, o mesmo Trossero e o meia Juan Barbas, que deu declarações duríssimas contra o treinador. Passarella passou todo o torneio na reserva. Para a sorte argentina, Maradona, que na Europa vinha demonstrando habilidade mas também irregularidade, enfim virou Dios nos campos mexicanos.

Mas Dieguito não teve como técnico nada perto do sucesso como jogador e não faltou muito para que tivesse de precisar da repescagem para ir à Copa de 2010. Ou mesmo nem isso: havia a probabilidade de Uruguai e Equador ficarem com a 4ª vaga direta e a vaga na repescagem. Após praticamente derrubar Alfio Basile do cargo de treinador, Maradona sofreu o pior resultado da seleção (6-1 para a Bolívia em La Paz) e viu o Brasil vencer a Albiceleste nos domínios dela pela primeira vez desde 1995.

Na penúltima rodada, Diego apelou primeiramente com Higuaín. Poucos se lembram, mas aquela foi a primeira partida de Pipita pela Argentina, mesmo já com alguns bons anos de estrada no Real Madrid. Ele abriu o placar de um 1-0 que ia se encaminhando até os 44 do segundo tempo. Só que aí os peruanos, lanternas da Conmebol e há muito eliminados, empataram, com Rengifo. Assim, argentinos e uruguaios (que na mesma rodada venceram o Equador) ficavam com 24 pontos e os próprios equatorianos, com 23, com a última rodada reservando um Argentina-Uruguai perigosamente em Montevidéu, que não via vitórias argentinas desde 1976 no clássico.

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Gareca, atual técnico do Vélez, comemora o gol da classificação à Copa 1986, na qual ironicamente ele não estaria

Foi quando Palermo, recém de volta à seleção, desempatou aos 47. El Loco superava dez anos de distância da seleção, tempo em que passou pelo faz-me-rir da Copa América de 1999, que o celebrizara por perder três pênaltis em um jogo, duas lesões no joelho, fracasso na Europa e até a perda de um filho (Stefano, cujo nome tatuado no braço do atacante não deixou de ser beijado por ele na comemoração).

Mesmo aos 36 anos, foi escolhido no lugar de Lavezzi para a Copa, junto de outro talismã, Mario Bolatti, autor do gol da classificação nos 1-0 contra o Uruguai no Centenário. Para ver algumas reportagens do Futebol Portenho naquele 10 de outubro de quatro anos atrás, em que acompanhamos pessoalmente o drama, clique nos títulos:

Argentina enlouquecida

Assim disse Maradona: “San Palermo”

Desempenho de cada jogador na vitória histórica contra o Peru

Palermo: “Isto é para sentir, se emocionar e viver desta maneira”

Como faixa-bônus, podemos lembrar também a Copa América de 1997. O técnico era Passarella, que resolveu usar uma seleção B, eliminada nas quartas pela Blanquirroja em um jogo que rendeu as expulsões de Gallardo, Berizzo e Zapata.

Caio Brandão

Advogado desde 2012, rugbier (Oré Acemira!) e colaborador do Futebol Portenho desde 2011, admirador do futebol argentino desde 2010, natural de Belém desde 1989 e torcedor do Paysandu desde antes de nascer

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