Histórias do Acesso: o mais jovem time que busca seu lugar entre os grandes
Os torneios de acesso da Argentina sempre guardam boas e surpreendentes histórias sobre clubes, jogadores e personagens interessantes. No final do ano passado contamos aqui mesmo a história do Deportivo Mandyiu que venceu o Torneio Federal B e marcou o renascimento do futebol na região de Corrientes. Atualmente, próximo a capital Buenos Aires – mais precisamente a 320km – os pouco mais de 20 mil habitantes da pacata Carlos Casares vivem o sonho de ver seu jovem representante ascender pela primeira vez a B Nacional, a segunda divisão da Argentina.
Em sua primeira participação no Torneio Federal A, o Agropecuario que foi fundado em 2011 está próximo de uma proeza: se tornar o clube mais jovem da história do futebol argentino a chegar até a B Nacional (o recorde atualmente é do Crucero del Norte de Misiones, que inclusive disputou a Primeira Divisão na temporada 2015). A equipe se classificou ao pentagonal final e disputa o acesso com Gimnasia de Mendoza, Mitre de Santiago del Estero, Unión de Sunchales e Gimnasia y Tiro por uma vaga direta a B Nacional que será dada ao campeão.
Fundado pelo empresário do ramo da soja Bernardo Grobocopatel, a equipe não teve um início fácil como a perspectiva de pouco tempo de acesso sugere. “No começo não tínhamos torcedores. Era estranho, íamos jogar e só tinha a gente no campo”, declara Gonzalo Urquijo, atacante e capitão da equipe desde o primeiro torneio até hoje em entrevista ao Diário Olé. Sua primeira aparição foi no “Torneio do Interior” em 2012 (hoje chamado de Torneio Federal C) onde logo caiu eliminado pelo Atlético French. No ano seguinte os campeonatos de acesso na Argentina sofreram uma reestruturação, e o Agro jogou o Federal B – equivalente a quarta divisão do futebol argentino – onde por dois anos consecutivos não conseguiu o acesso.
Em 2015 veio a primeira grande campanha, quando o time chegou aos playoffs caindo eliminado somente na fase semifinal. Em 2016 então o primeiro acesso, quando após uma disputa ferrenha na final ante o Desamparados de San Juan o time perdeu o título e a vaga direta, mas na repescagem bateu o San Martín de Formosa nos pênaltis e conseguiu a vaga na Federal A. “Pouco a pouco o povo da cidade começou a se aproximar e foi se identificando cada vez mais com o clube. As boas campanhas e os acessos proporcionaram isso e hoje conquistamos a simpatia de todos, vemos crianças nas ruas com a camisa do Agro e inclusive torcedores de outras equipes nos apoiando”, declara Gonzalo.
Porém a campanha na primeira fase da Federal A não foi das mais empolgantes. Com apenas 7 vitórias em 20 jogos disputados, os “Sojeros” como são conhecidos conseguiram se classificar pela alcunha de “reis do empate”. Foram 9 no total, o que permitiu chegar entre os classificados para a próxima fase, onde a equipe realmente conseguiu se encaixar e mostrar ao torcedor que o sonho era possível. Com duas vitórias seguidas logo no início da segunda fase, contra Alvarado e Gimnasia de Mendoza, o time pulou na frente e foi derrotado apenas em uma oportunidade em 8 partidas disputadas, o que deu a vaga no pentagonal final que começou a ser disputado no último final de semana.
O empate contra o Gimnasia Mendoza por 0-0 não diminuiu nem um pouco a confiança da equipe, como deixou registrado o próprio presidente em sua página no Facebook:
No sábado, os Sojeros recebem o Atlético Mitre em casa e deverão contar com arquibancadas cheias no modesto estádio de Carlos Casares para empurrar o time rumo a vitória e se aproximar cada vez mais do sonho de ver o jovem Agro jogar de igual pra igual contra times consagrados no cenário nacional. Possível? Pra quem chegou tão longe em tão pouco tempo, acreditar não é nenhuma loucura.
Referências:
Andrés González Casco – Diário Olé
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