Brasília – Um dos personagens mais escondidos da Argentina durante toda essa Copa do Mundo resolveu aparecer nas quartas de final. Gonzalo Higuaín, questionado um dia antes da partida contra a Bélgica, foi o protagonista durante boa parte do confronto. Marcou o gol da vitória, quase fez outro, em estilo maradoniano, e teve seu nome ovacionado por três vezes durante o jogo. Foi decisivo ao marcar o gol que colocou a Argentina em uma semifinal pela primeira vez desde 1990.
E o seu lampejo foi importante. Isso porque Angel Dí Maria, que vinha fazendo uma boa partida, acabou se lesionando na coxa direita. Já Lionel Messi ficou apagado, principalmente no segundo tempo. Só apareceu quando Pipita Higuaín deixou o campo aplaudido de pé pelos argentinos no Mané Garrincha.
Mas não foi somente Higuaín quem foi bem. A Argentina, apesar de sofrer em determinados momentos, fez sua melhor partida na Copa do Mundo. Teve um maior controle da posse de bola e após o gol, controlou o jogo. Gol esse que saiu aos oito minutos de jogo. Dí Maria tentou o passe para Zabaleta, mas a bola acabou tocando no defensor belga. A bola caiu nos pés de Higuain, que após quase três meses, voltou a marcar um gol.
Lionel Messi não fez sua melhor partida ofensivamente. Mas marcou como um leão. O jogador roubou várias bolas no meio campo, desarmou muito e chegou até a ser desleal em alguns momentos. Mas foi decisivo. Deu passes na medida e quando apareceu, deu show. A sua melhor jogada foi aos 38, quando o camisa 10 driblou quatro jogadores na entrada da área e foi derrubado na meia lua. Na cobrança, o argentino acabou mandando pra fora.
Mas foi no segundo tempo que Higuaín demonstrou o seu melhor. Em dez minutos, foram duas jogadas que o fizeram ser aclamado pelos torcedores e garantiram seu prêmio de melhor em campo. Na primeira o jogador recebeu pela ponta, ganhou dos defensores e bateu cruzado. A bola desviou em Van Buyten e quase matou o goleiro Courtois. Depois, aos nove minutos, fez uma jogada de Maradona que bateu na trave.
Mas a Argentina teve seus sustos. Os belgas só não conseguiram se controlar e aproveitar as oportunidades de gol. Foram inúmeras bolas alçadas na área que ficou parado no sistema defensivo argentino ou que terminou em impedimentos – seis num total. A defesa da albiceleste teve seu melhor desempenho do mundial, e mesmo o questionadíssimo Basanta se mostrou seguro. Ao fim, Messi ainda teve a chance de marcar um gol sobre Courtois, mas exagerou no preciosismo.
O fato é que a Argentina chegou as semifinais da Copa do Mundo pela primeira vez após 24 anos. E conseguiu quando teve os torcedores ao seu lado, mesmo neste último jogo longe de ser local. Foi assim em 1930, no Uruguai, em 1978, na Argentina, e em 1990 na Itália – com lembranças de Nápoles, que por conta de Maradona, chegou a ser local contra os donos da casa.
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