Joia argentina lapidada no Eldorado Colombiano para então reluzir no Real Madrid e na seleção espanhola, até rumar no ocaso ao Espanyol. Essa descrição remete automaticamente à lenda Alfredo Di Stéfano. Mas cabe perfeitamente também a seu parceiro José Héctor Rial Laguía, companheiro naquelas cinco Ligas dos Campeões seguidamente vencidas pelos madridistas e por vezes mais decisivo nas finais do que o próprio Don Alfredo, como na primeira delas. Há exatos 30 anos, o Bernabéu se despedia de El Nene. Vale relembrar quem foi Héctor Rial – em compilação de material disponível no acervo da Entre Tiempos, a única livraria de futebol em Buenos Aires.
Um diamante bruto no San Lorenzo
Ele era filho de um casal de espanhóis – o pai, Alfredo Rial, vinha de La Ramallosa, nos subúrbios de Vigo; e a mãe, Juana Francisca Laguía Romero, nascera em Checa, povoado nos arredores da Guadalajara castelhana. Nasceu em 15 de outubro de 1928 em Pergamino, bem ao norte da Província de Buenos Aires, mas cresceu desde os 4 anos de idade na capital federal, no bairro de Almagro, onde a família abriu um negócio de importação. Curiosamente, os Rial (que compreendiam também Elsa e a futura atriz Dora, irmãs do jogador) viviam próximo da casa de Sara Vieites, futura esposa de Di Stéfano, embora a proximidade com este só viesse a se dar já na Colômbia.
A proximidade domiciliar com o San Lorenzo fez a família ser torcedora azulgrana ainda antes dos laços se estreitarem quando o time foi abraço pela comunidade hispano-argentina, ao abrigar astros da seleção espanhola refugiados da Guerra Civil que assolou a terra natal nos anos 30, incluindo quem segue sendo o mais jovem estreante pela Furia. Rial já frequentava olimpíadas infantis do clube, rendendo-lhe observações iniciais do astro local Diego García (ídolo dos anos 20). Mas sua primeira equipe mais organizada foi o Juventud de Mármol, um time de bairro onde ele ingressou aos 12 anos. Nessa mesma idade, entrou na Escola Industrial Otto Kraus e igualmente defendeu a equipe escolar. Aos 15, então, ingressou nos juvenis sanlorencistas, que conciliou com o curso técnico de eletromecânico feito dos 16 aos 18 anos na Otto Kraus.
Em 1946, o time adulto do San Lorenzo levantou seu único título argentino entre 1936 e 1959, em campanha que encheu os olhos do jovem Papa Francisco (então com dez anos e alegado espectador de todas as partidas feitas em casa): aquele elenco produziu o melhor ataque de um campeão na década, mesmo concorrendo com a afamada La Máquina do River. A campanha ofuscou que a equipe sub-19 também foi campeã no campeonato da categoria, com Rial já demonstrando sua qualidade. Assim, em 1947 ele recebeu suas primeiras chances no time principal; estreou contra o Independiente, improvisado na meia-direita, no lugar do lesionado Armando Farro. E estreou já com gol, anotando o terceiro de um 4-0 no Rojo. E foi acionado também contra o Boca após a lesão grave que afetaria para sempre a carreira de René Pontoni, o ídolo do Papa. Encerrou o ano com nove gols e uma primeira tripleta, em 8-2 no Tigre.
Quem retardava a afirmação de Rial, contudo, era o dono da meia-esquerda: Rinaldo Martino, autor do gol do título da Copa América de 1945 e então o segundo maior artilheiro do clube (atrás apenas do tal Diego García; depois José Sanfilippo superou ambos). Quando podiam jogar juntos, show: naqueles 8-2, Martino inclusive marcou quatro, com Pontoni fechando o placar. O Sanloré, ressacado de uma consagradora excursão à Europa, dividiu só o 4º lugar, assim como em 1948. Ali, Rial já se limitou a gols no 1-0 sobre o Boca e no 5-1 no Rosario Central, onde Martino também anotou quatro. Dessa vez, mais por fatores extracampo.
É que em 1948 eclodiu a famosa greve do sindicato de jogadores argentinos. Embora já aproveitado pelo time adulto, Rial ainda não era formalmente profissionalizado (era preciso aguardar dois anos de carreira) e poderia seguir jogando como tantos juvenis fizeram, diante da postura intransigente dos cartolas. O jovem, contudo, fez questão de juntar-se aos ídolos no protesto. O fracasso da greve teve a contrapartida de acarretar no êxodo dos astros argentinos. Martino fechou com a Juventus e o futuro ídolo botafoguense Oscar Basso, com a Internazionale. Mas o destino principal foi o Eldorado Colombiano. Foi algo gradual: Rial ainda defendeu o San Lorenzo no torneio de 1949, a um ponto do vice-campeonato. Deixou nove gols, incluindo em 3-2 sobre o River em um dos últimos jogos de Di Stéfano pelo oponente (ele fez os dois dos derrotados).
A primeira perda do San Lorenzo para o Eldorado foi Pontoni, que já em 1949 acertou com o Santa Fe. Rial ainda seguiu no Ciclón por mais tempo, integrando nova excursão à Europa, realizada na virada para 1950. Ela rendeu primeiros contatos com futuras camisas familiares: a gira começou com um 3-2 dentro de Les Corts sobre o Barcelona em 26 de dezembro, com dois gols daquele meia-esquerda. 48 horas depois, outro 3-2, com mais um dele, sobre o Athletic de Bilbao em San Mamés. Em 1º de janeiro, os cuervos seguraram um 3-3 no Metropolitano com o Atlético de Madrid, que seria o campeão espanhol da temporada 1949-50.
O Real Madrid até venceu pelo placar mínimo em Chamartín cinco dias depois. Os argentinos então ficaram no 2-2 com o Valencia no Mestalla no dia 8, dois dias antes de nova rara derrota – 4-2 em Chamartín para a seleção das Canárias. Em Portugal, o estádio Nacional do Jamor viu os azulgranas surrarem as forças lisboetas (5-2 no Benfica no dia 15 e 3-1 no Sporting no dia 22), enquanto o Porto foi batido por 1-0 no dia 29. Três novas vitórias seguidas vieram sobre combinados de Bruxelas (2-0 em 1º de fevereiro) e Liège (6-1 no dia 8) e sobre o Racing Santander, derrotado por 3-2 no dia 19. Por fim, Les Corts viu a desforra local, com a seleção catalã, reforçada pelo Levante, prevalecendo por 3-2 no dia 23 de fevereiro.
À procura do Eldorado
Rial, que aproveitou a viagem para conhecer familiares que haviam permanecido na Espanha, recebeu sondagens instantâneas do Barcelona e do Valencia, mas seguiria no San Lorenzo não fosse proposta do ídolo Pontoni – que havia voltado a Buenos Aires para aliciar novos hermanos para o Santa Fe. Na Argentina, o próprio presidente Perón decretara um piso salarial de 1500 pesos aos jogadores. Pois o Santa Fe chegou com cem mil pesos a Rial via Pontoni, oferecendo-lhe ainda salário 2 mil pesos argentinos mais mil pesos colombianos e bicho de 300 pesos por vitória e uma remuneração extra de 250 pesos para o pai do jogador ser professor colegial de educação física. O jovem ainda deu uma chance final ao San Lorenzo (onde, oficialmente, logrou meio gol por jogo: 20 em 40), exigindo salário de 4 mil pesos. Todas informações constantes na edição de 12 de abril do diário colombiano El Tiempo.
O clube do bairro de Boedo nem perdeu tempo preparando uma contraproposta. Já o time de Bogotá, tal como o rival Millonarios, buscou montar uma verdadeira seleção argentina, cooptando o goleiro Eusebio Chamorro, do Newell’s e futuro destaque flamenguista; também do San Lorenzo, o ponta Adolfo Benegas e o volante Ángel Perucca, multicampeão com a Albiceleste; e, do Independiente campeão de 1948, o atacante Mario Fernández. Também atacante, José Vicente Grecco saiu da segunda divisão, onde defendia o Unión. E não só: o Eldorado era mesmo tão Eldorado que convenceu um inglês do Manchester United a virar mais um santafereño, Charlie Mitten. Neil Franklin e George Mountford, por sua vez, deixaram o Stoke City.
O Millonarios, por sua vez, fizera uma limpa no River, com Di Stéfano, seu ídolo Adolfo Pedernera, o elegante Antonio Báez e o xerife Néstor Rossi, além de tirar da seleção argentina o bom goleiro Julio Cozzi. A rivalidade clubística ficava em campo: Cozzi e Rial viraram colegas de apartamento e teria sido o goleiro quem criou-lhe o apelido de Nene, por Rial ser o mais jovem da panelinha argentina em Bogotá. E assim também nasceu a amizade com Di Stéfano; ambos puderam até atuar juntos pela primeira vez, em uma seleção de argentinos da liga para enfrentar uma de uruguaios do Eldorado, na inauguração de El Campín, o estádio da capital. “Eu tinha 22 anos e se abria um mundo distinto”, reconheceria ele, que logo desposou uma imigrante alemã de 21 anos, Sonia Weinberg, instalada em Bogotá desde 1938.
Mas… “o que se pintou de cor rosa no princípio, foi se transformando logo. É que era demais e meu clube não pôde sustentar o ritmo de vertigem daquele jogo econômico. O Millonarios, o primeiro adiantado daquela cruzada, se cotizava alto e pôde manter-se. Mas o Santa Fe não pôde fazê-lo e deu quebra”. O próprio Di Stéfano dedicaria palavras em sua autobiografia ao contexto vivido pelo amigo: “quando tinha folga, vinha à casa e depois íamos ao cinema. Não lhe pagavam e a mulher estava grávida. A mulher foi a Buenos Aires com a família de Rial para ter a filha ali”. Enquanto o Ballet Azul do Millonarios firmava-se como a força dominante do Eldorado, perdendo só um título entre 1949-53, o Santa Fe, campeão de 1948, sequer chegava ao vice.
Além do atraso salarial, Rial ainda teve de lidar com uma apendicite em pleno voo entre El Salvador e a Colômbia já em abril de 1952, com direito a pouso de emergência para cirurgia imediata ainda no Panamá. O diário El Tiempo do dia 3 noticiou que Pontoni permaneceu para vigília.
Primeiro título: o uruguaio com o Nacional
Menos de um mês depois, ele chegou em 1º de maio a Montevidéu. Já havia um acordo entabulado onde os clubes do Eldorado, um campeonato banido pela FIFA por burlar tetos financeiros de transferências e remunerações e assim com pecha de “liga pirata”, tinham até 1953 para devolver seus astros ao clube de origem. O San Lorenzo ainda não estava disposto a perdoar os renegados: assim, Pontoni acertou com a Portuguesa e El Nene encontrou um ambiente mais flexível no Uruguai – onde o Nacional, que já tinha consigo os ex-colegas azulgranas Martino e Jorge Enrico (futuro técnico interino do Argentinos Jrs na tarde em que seu pupilo Maradona estreou no futebol adulto, em 1976) o receberia com recomendações de dois campeões do Maracanaço, Schubert Gambetta e Eusebio Tejera, ambos antigos adversários dele na Colômbia pelo Cúcuta. “Não podia ter padrinhos melhores. Vim, falei com os dirigentes e o passe em empréstimo se fez. Lembro que se chegou a um acordo em 6 de maio. O Nacional pagava ao San Lorenzo 22 mil pela minha transferência”.
“Estive dois meses sem jogar futebol a sério. A operação que havia me submetido reclama repouso. O incrível é que com ninguém do plantel – e olhe que era um plantel numeroso e de grandes jogadores – houve inconveniente algum. Tínhamos elementos notáveis dentro e fora do campo. E, além disso, o respaldo de uma direção que se preocupava com tudo. Foram temporadas inesquecíveis. Porque esportivamente logrei o que se podia ansiar; tive, ademais, um bom respaldo econômico e me formei definitivamente”. Aquele Nacional mesclava os argentinos a heróis do Maracanaço como os citados Gambetta e Tejera, além do habilidoso Julio Pérez ao seu atleta mais vencedor, o goleiro Aníbal Paz (reserva no Maracanaço), com outras revelações da casa – sobretudo Javier Ambrois e José Santamaría, depois outro astro do Real Madrid naturalizado pela seleção espanhola.
O Nacional começara bem o ano, vencendo um quadrangular amistoso e o torneio Competencia, espécie de Copa local. Mas na liga uruguaia os tricolores iniciaram de modo instável. O argentino estreou em um 3-2 no Danubio pelo Competencia, mas o Peñarol, base da Celeste de 1950, parecia ter o título assegurado. Mas uma surpreendente derrota aurinegra para o Liverpool do bairro de Belvedere deixou os líderes ao alcance, caso perdessem o Superclásico que fecharia a temporada, agendado já para 28 de dezembro de 1952. “O encaramos como uma questão de vida ao morte. Creio que jogamos melhor e ganhamos bem. [Rafael] Souto fez o único gol com um peixinho inesquecível. Foi um choque eletrizante, duro, emocionante”.
O empate igualou a dupla e forçou um jogo extra já para 25 de fevereiro; havia no caminho um torneio amistoso para ambos ao longo de janeiro, a Copa Montevidéu, com a dupla da casa recebendo Colo-Colo (que levou de 4-1), Dínamo Zagreb, First Viena (ambos derrotados por 3-1) e a dupla Botafogo (derrotado por 1-0 na penúltima rodada, garantindo o título aos tricolores) e Fluminense (0-0 na rodada final). No dérbi (nunca) amistoso, em 4 de fevereiro, os argentinos Enrico e Rial marcaram os gols do triunfo do Bolso por 2-1. Três semanas depois, uma tarde sob 36 graus afetou mais os veteranos do arquirrival para a definição da liga de 1952. O Nacional venceu por 4-2, em gols de Julio Pérez, Souto e dois do argentino Enrico. Mas, segundo o jornal uruguaio El Diario, o melhor atacante tricolor foi mesmo Rial: “sua atividade foi exata e precisa, cedendo a bola com inteligência e estando sempre atento para usufruir os clarões que se produziam dentro da retaguarda rival”.
“Fomos mais time em tudo e conseguimos uma vitória ampla, definitiva. O Peñarol tinha jogadores notáveis, mas nesse momento ninguém parava o Nacional, porque havíamos logrado um entendimento e um rendimento completo. No pessoal, aquela consagração me deparou uma alegria jamais vivida: era meu primeiro título em nível superior. Ademais, me sentia intimamente satisfeito por ter retribuído ao clube, á entidade que me havia aberto as portas para poder me consolidar. Me sentia satisfeito com meus ‘padrinhos’, porque sabia como Gambetta e Tejera adoravam o Nacional”. O clássico ficou marcado pelas cenas lamentáveis protagonizadas por Ghiggia, que terminou suspenso e assim teve sua negociação com o futebol italiano acelerada; foi o último jogo pelo Peñarol que o herói de 1950 disputou.
Em paralelo, o Millonarios, ciente do fim próximo do Eldorado, buscou capitalizar enquanto era tempo. E estragou o aniversário de 50 anos do Real Madrid, em 1952, com um 4-2 que fez Real e Barcelona disputarem Di Stéfano a tapa: um fechou com o River, detentor formal do passe do centroavante, e o outro negociou diretamente com os colombianos. Os catalães recusaram a solução salomônica de ver o argentino alternar-se a cada temporada entre a dupla e a joia permaneceu exclusiva da coroa espanhola para estrear na temporada 1953-54. Detalhe: o time mais vitorioso da capital era o Atlético, tetracampeão de La Liga contra apenas duas taças dos blancos – a última, em 1933. Jejum encerrado de imediato já naquela temporada. Mas o centroavante não estava totalmente satisfeito: “quero que me tragam um jogador que, quando lhe passe a bola, saiba como me devolvê-la”, dizia.
O cartola Santiago Bernabéu também sabia que o elenco sempre podia ser aprimorado, diante do declínio visível de Luis Molowny. E o ano de 1953 terminou em baixa para o Nacional, goleado por 5-0 por um Peñarol que reconquistou a taça. Rial trocava cartas com Di Stéfano e então pediu-lhe auxílio para uma transferência europeia. Na autobiografia, Don Alfredo lembrou: “lhe respondia que estava complicado. Mas quando vai começar o campeonato, vem Don Santiago e me pergunta: ‘e Rial? Precisamos de um meia, chame-o, o que custa?’. Volto a lhe escrever e lhe digo que me mande uma oferta. Pôs 200 mil pesetas e eu me perguntava: ‘como digo isto ao clube? Me parece pouco’. Busquei uma caneta com tinta parecida e em vez de um zero pus um cinco. Já eram 250 mil pesetas. [Raimundo] Saporta, tesoureiro do Madrid, aceita”.
Não foi fácil: o Nacional fez jogo duro pela permanência do argentino; e o Atlético de Madrid também manifestou interesse. Mas a vinda pessoal do tal Saporta (a mesma raposa que cuidara diretamente de atravessar o negócio de Di Stéfano com o Barcelona) a Montevidéu para negociar com os tricolores e o ultimato do próprio Rial, que declarou seu desinteresse em seguir jogando caso fosse forçado a ficar, pesaram mais. Essa não era uma postura motivada pelo sonho de jogar na maior grife do mundo e ganhar milhões: em tempos de equilíbrio técnico-financeiro e de prestígio entre o futebol da Europa e do Cone Sul, o que atraía Rial para aqueles tempos ainda modestos do Real Madrid era uma emoção aventureira mesmo: “aqui se paga como ali. É que sou um homem que gosta bastante de viajar, conhecer novas cidades, distintos ambientes e, sobretudo, meu sonho nasceu ao ver que na Espanha nossa profissão está muito mais organizada”, declarou já na época ao Marca.
Alberto Jacinto Armando, o cartola do Boca cujo nome batiza oficialmente La Bombonera, até enviou-lhe uma proposta naquele 1954, mas Rial já havia dado sua palavra aos espanhóis e limitou-se a recomendar aos auriazuis o colega uruguaio Fausto Roselló. Ter deixado Buenos Aires cedo demais e a longa permanência no exterior privaram para sempre Rial de defender a seleção argentina, que demoraria até os anos 70 para aceitar convocar quem jogasse fora do país.
Glória instantânea no Real Madrid, azar na seleção espanhola
Rial chegou estreou já com um gol, de cabeça, ainda que em derrota de 2-1 para o Valencia, em amistoso de 10 de junho quatro dias após derrota madridista para o Barcelona na final da Copa do Rei (“do Generalíssimo”, na época). Embora não visto como tão brilhante quando Di Stéfano, foi lego reconhecido como um operário incansável que, dotado de ótimo cabeceio e grande técnica e visão para passes longos, se complementava à perfeição não só com o compatriota: aponta-se que foi com a chegada de El Nene que a confiança e o nível do jovem ponta Francisco Gento afloraram, com o reforço sabendo tirar proveito da velocidade do cântabro para triangulações.
“É fácil. Eu lhe dava a bola, saía correndo, ele a devolvia e eu chegava no lugar no tempo da bola. O mérito era de Héctor”, reconheceria El Paco. A troca de gentilezas foi mútua, com o argentino também sendo modesto: “dizem que eu fiz Gento. Não existe isso. Gento se fez por suas portentosas faculdades. Era e é – embora já não tanto – um jogador capaz de fazer o que fazia no melhor, mas com o dobro de velocidade. Eu, o que eu fiz, foi jogar para Gento. Chegou a ser tal nossa compenetração, que eu já não precisava olha-lo para enviar-lhe a bola. O ouvia… sim, estando de costas para Gento, eu ouvia como arrancava. Seus pés golpeavam o solo e a trepidação chegava até mim. O ouvia arrancar e lhe envia a bola em um passe largo, desmedidamente largo e distante para qualquer jogador que não fosse Gento. Gento era a peça-chave”.
O argentino também sintetizaria que “quando queríamos esfriar o jogo, dávamos a bola a Kopa, para que com suas especulações cadenciasse o oponente. Já quando queríamos forçar o ritmo da partida, dávamos a bola a Gento, que deixa louco o adversário”. Kopa, àquela altura, ainda estava longe de Chamartín. E, embora a história preferisse louvar um quinteto ofensivo do francês (reforço para 1957) com os dois argentinos, Gento e Puskás (reforço para 1958), Rial chegaria a declarar ao El País que era mais agradável os tempos de um ataque mais humilde no papel: Joseíto, Mateos ou Marsal, Di Stéfano, ele e Gento.
Com eles, o Real Madrid foi bicampeão espanhol seguido na temporada 1954-55. Enquanto a seleção espanhola teria que aguardar mais uns anos de residência de Di Stéfano em Madrid para naturaliza-lo, a origem familiar de Rial o fazia ser considerado espanhol nato e acelerou a obtenção da cidadania. E ele estreou pela Furia ainda em 17 de março de 1955, em Chamartín. Rial não foi o primeiro argentino a defender a Espanha, mas foi o primeiro que foi aproveitado por ela após formar-se no futebol rio-pratense (Emilio Sagi Liñán e Eduardo Arbide, seus antecessores, eram igualmente filhos de imigrantes e cresceram na terra dos pais). Foi o autor cerebral do gol da casa, lançando um passe em profundidade para Estanislao Basora entregar de bandeja a Agustín Gaínza logo aos 11 minutos. Mas os franceses, justamente, viraram com Kopa e Jean Vincent.
A notável afirmação de Gento fez com que esse estreasse pela Espanha dois meses depois, no segundo jogo de Rial pelo país, contra a pomposa Inglaterra do astro Stanley Matthews. Roy Bentley abriu o placar dentro de Chamartín, mas uma bomba do argentino, em jogada oportunista ante uma indecisão da zaga britânica, assinalou o do empate. Depois, foi a vez de Rial e Gento focarem-se na Copa Latina, quadrangular entre os campeões da Espanha, Itália, França e Portugal e então principal torneio clubístico da Europa. Em 26 de junho, o Stade de Reims em que jogava Kopa foi vencido na decisão por 2-0, dois gols de Rial; a partir da temporada seguinte, esse torneio começaria a minguar, com a edição inaugural da Liga dos Campeões.
A temporada 1955-56 viu o Athletic de Bilbao faturar tanto a liga como a copa espanholas, mas viu, sobretudo, o Real Madrid avançar pelo continente. O primeiro oponente da nova era foi o Servette, com Rial marcando nos dois jogos contra os suíços, derrotados no agregado por 7-0. O argentino, depois, quase foi vilão: perdeu um pênalti na neve de Belgrado em janeiro, propiciando um sufoco até o apito final de um jogo vencido pelo Partizan por 3-0 – em vão, porque na Espanha havia sido 4-0 para os madrilenhos. Página virada de abril para a maio, os espanhóis celebravam a vaga na final após eliminarem o Milan, onde o 4-2 no jogo de ida no Bernabéu deveu bastante aos três argentinos madridistas: Rial abriu o placar, que aos 30 do primeiro tempo já estava em 2-2. Di Stéfano então fez o terceiro e Roque Olsen, o quarto. Em 1º de maio, a vitória milanista de virada por 2-1 no San Siro não bastou.
Antes da decisão, Rial jogou pela terceira vez pela Espanha, em 3 de junho. Incrivelmente, não foi dessa vez que venceu: Portugal ganhou por 3-1 o clássico (na segunda vitória lusitana em mais de vinte duelos) no Jamor em atuação apagada do meia, que teria até perdido gol feito ao receber livre do goleiro. Dez dias depois, porém, o argentino se consagrava de vez para o continente. Em 13 de junho, Kopa (já acertado com o próprio Real Madrid desde maio) e o Reims buscaram uma revanche praticamente em casa, no Parc des Princes. E estiveram mesmo três vezes à frente do placar.
Di Stéfano igualou na primeira, Rial na segunda e o volante Marquitos, na terceira. Faltando dez minutos, então, El Nene marcou outra vez, decretando uma virada espetacular. Ratificada na sequência com a conquista da Pequena Taça do Mundo, promovida na Venezuela contra o Porto, a Roma e o Vasco em jogos de ida e volta ao longo de julho. Rial marcou nos dois embates contra os portugueses (dois 2-1), abriu o 2-1 no returno contra os italianos e marcou os dois gols espanhóis no 2-2 que decidiu o título, no duelo direto com os cariocas na rodada final.
O primeiro obstáculo sério veio na segunda rodada de La Liga de 1956-57, contra o Espanyol: Rial pisou mal e sofreu uma ruptura nos ligamentos de um joelho. Após meses de estaleiro, voltou na 28ª rodada, a antepenúltima, em 7 de abril. Retornou a tempo de celebrar um título especial, que fez o Real superar o Atlético em títulos espanhóis. E Rial foi capaz de ainda ser decisivo nas semifinais da Liga dos Campeões, marcando nas duas partidas contra o Manchester United, naquele mesmo mês, nos dias 11 e 25; segundo ele próprio, o primeiro deles, de cabeça, serviu para mostrar que não estava acabado para o futebol. Só não pareceu o bastante para ser usado pela seleção nas eliminatórias, concentradas basicamente entre março e maio. Iniciando grande fase no Barcelona, o jovem Luis Suárez espanhol foi o preferido para ocupar a meia-esquerda.
Mesmo reforçada com Di Stéfano, que se naturalizara pressionado para liberar uma vaga de estrangeiro no clube para Kopa (só se permitiam duas e, embora a cidadania espanhola de Rial não o fizesse ocupar, o também argentino Olsen era outro estrangeiro) e também com o húngaro László Kubala, a Furia não passara de um 2-2 em casa com a Suíça ainda em março e, já em 8 de maio, caiu em Glasgow para a Escócia por 4-2. O grupo era composto só pelas três nações e apenas a líder iria para a Suécia. Os escoceses tiveram troco, levando de 4-1 no em 26 de maio em Madrid. Mas, por terem vencido os suíços na Basileia, estavam com melhores prognósticos – basta vencê-los de novo em Glasgow. Sem pensar muito nisso, quatro dias depois Di Stéfano e Rial erguiam o bi na Liga dos Campeões, no 2-0 sobre a Fiorentina no próprio Bernabéu.
Ainda haveria mais: um mês depois, o clube também venceu a edição final da Copa Latina, com um 5-1 no Milan e vitória mínima sobre o Benfica. A temporada 1957-58, onde a colônia argentina foi reforçada com o goleirão Rogelio Domínguez (também filho de espanhóis e assim, sem ocupar vaga de estrangeiro) e o treinador Luis Carniglia, começou com a confirmação de que a Espanha não iria mesmo à Copa, com a vitória britânica sobre a Suíça no Hampden Park em 6 de novembro – data em que a Furia, em paralelo, jogava um amistoso contra a Turquia. Foi o jogo em que Rial e Di Stéfano puderam tardiamente atuar juntos pela Espanha, mas a estrela foi outro forasteiro, o húngaro Kubala, autor dos três gols da ocasião (no segundo, completando livre assistência do Nene).
Ainda em novembro, os espanhóis, sem Rial, enfrentaram a Suíça apenas para um melancólico cumprimento de tabela no dia 24 (mesmo em Lausanne, massacraram por 4-1, com dois de Di Stéfano e outros dois de Kubala). Também houve outra falta de sorte; em cima da hora, já em 1958, a UEFA precisou sortear uma das segundas colocadas para uma repescagem contra Israel, ainda filiado entre os asiáticos, pela vaga final, ante o boicote generalizado dos africanos para esse tira-teima. A Bélgica foi a primeira opção e, com sua recusa, premiou-se o País de Gales, embora os galeses houvessem sido justamente os segundos colocados com pior pontuação na fase de grupos.
A entressafra individual no Bernabéu
A cabeça de Rial e Di Stéfano se desinchou ao longo da última temporada em que o Real Madrid pôde até 2017 ser campeão simultaneamente de La Liga com a Liga dos Campeões. A conquista caseira teve outro caráter especial, igualando-o a Barcelona e Athletic de Bilbao como maior campeão espanhol (seis cada), além de fazer de vice um Atlético três pontos abaixo. Em meio a ela, Rial, embora não soubesse, jogou pela última vez pela Espanha, em amistoso contra Portugal em 13 de abril no Bernabéu. Di Stéfano marcou o único gol de um clássico ibérico mais marcado pela violência dos visitantes. Já a decisão europeia, em 28 de maio, não deveu muito em emoção em relação à de 1956: em Heysel, o Milan esteve duas vezes à frente, incluindo por intermédio do argentino Ernesto Grillo.
Mas Di Stéfano primeiro e Rial depois buscaram a igualdade, em um jogo de três gols nos quinze minutos finais do tempo normal. Na prorrogação, Gento anotou a virada. El Nene classificou aquela como sua final favorita: “parecia uma partida de tênis. Em cada jogada, havia perigo em uma porta. O público se despediu com uma enorme ovação”, declararia ao El País. Com a ausência da seleção espanhola na Copa, seus astros madridistas seguiram em atividade excursionando: na pré-temporada, em jogos que marcavam a estreia da lenda Puskás, visitaram os ex-clubes da dupla argentina. Rial fez o único gol do duelo contra o River e aplicou a lei do ex em um 3-1 sobre o San Lorenzo. O Nacional segurou o 0-0, enquanto Di Stéfano arrancou no finzinho um 1-1 com o Millonarios.
Já no fim de agosto, os merengues comemoram um 2-0 sobre o Sevilla na final do tradicional Torneio Ramón de Carranza. Mas a vinda de Puskás não agradou exatamente a Rial, e isso é afirmação de Di Stéfano em outro trecho de sua autobiografia. O argentino também teria desagradado o presidente Bernabéu ao se estender em visita à sogra na folga concedida naquela parada na Colômbia. Fato é que o húngaro ficou com a vaga de meia-esquerda. Na meia-direita, a concorrência ficaria com Kopa e outra estrela recém-chegada, o brasileiro Didi – competição que fez o francês ser improvisado na ponta-direita, com Di Stéfano (centroavante) e Gento (ponta-esquerda) intocáveis em seus postos. Didi inicialmente prevaleceu na meia-direita, mas sua conhecida falta de adaptação o fez perder a vaga para Rial após 16 jogos.
No tetracampeonato seguido na Liga dos Campeões, El Nene foi decisivo especialmente nas semifinais marcadas pelos principais dérbis de Madrid que a competição viu até a década passada: abriu o 2-1 no jogo de ida e o 1-0 do Atlético na volta só fez forçar um terceiro clássico, com Di Stéfano e Puskás carimbando nova final contra o Reims. Nela, o treinador argentino Carniglia optou por um time mais físico e usou Rial na meia-esquerda no lugar do húngaro para os 2-0 sobre o time liderado por Just Fontaine. Rial, contudo, logo teria no reforço Luis del Sol outro concorrente para a outra meia. Kopa já havia ido embora, mas até um improviso na ponta-direita se inviabilizou com a boa forma do brasileiro Canário. Perdendo espaço, Rial foi naturalmente esquecido em novas convocações da seleção espanhola.
Na temporada 1959-60, o Real Madrid garantiu o penta europeu seguido, mas já com Rial escanteado; ele só pôde marcar no jogo de ida contra o Nice pelas quartas-de-final, em derrota por 3-2 na França. El Nene também não esteve em campo na conquista do Ramón de Carranza sobre o Barcelona, em agosto, nem nas duas partidas do primeiro Mundial Interclubes (contra o Peñarol), em julho no Centenário e em setembro no Bernabéu. Na virada para 1961, ele já sabia que a direção madridista acertara verbalmente sua transferência para outro clube da coroa, o Espanyol. Mas antes, ele seria emprestado ao time da comunidade hispano-chilena.
Em 10 de fevereiro de 1961, após integrar somente duas partidas da campanha campeã espanhola da temporada 1960-61 (após os dois torneios anteriores terem ficado com o Barcelona, que assim abrira dois títulos de vantagem em La Liga), ele então fez seu último jogo como madridista; foi em amistoso festivo de despedida contra o Angers, surrado por 7-2 com gols do ídolo de saída – bastante aplaudido por quem compareceu sob a chuva invernal. E ele não demonstrou amargura ao diário Pueblo de 5 de abril de 1961: “a equipe agora se portou comigo de uma forma sensacional, como é norma de conduta neste clube pelo qual lutei durante tanto tempo. O Madrid se preocupou com minha cessão como se fosse coisa sua”.
O ocaso do jogador Rial
A Unión Española chegara a levar de 9-0 do Real Madrid em amistoso recente e, vinda de temporadas ruins antes do argentino chegar, não viu o astro fazer mágica. Sobra sua estreia, em amistoso contra a Universidad Católica, a revista chilena Estadio de 4 de maio de 1961 já relatava que “Rial não teve companheiros que aproveitassem suas muito boas intenções de jogo”. Mas ele procurava pôr panos quentes na edição de 18 de maio, minimizando até aqueles 9-0:
“Cara, isso de gols não conta para nada! Há uma infinidade de equipes que goleamos e nas quais teria me encantado em jogar. Além disso, a Unión Española teve má sorte em Madrid. Os reservas do Madrid sempre estão com fome de futebol. E agregue você uma fome pelo bicho… minha viagem ao Chile obedeceu um encadeamento de circunstâncias; desejos de mudar um pouco de ares, de relaxar um pouquinho da tensão permanente do futebol espanhol, que é muito séria; de estar perto dos meus familiares, de condescender com um grande amigo chileno, Raúl Matas, que foi quem mais influiu em minha decisão… Esportivamente, vir era um agrado. Economicamente, conveniente. Veja você, eu, que percorri tanto o mundo, não havia estado nunca no Chile”.
Mas o astro só marcou mesmo um gol na empreitada chilena. Em 2 de outubro de 1961, então, acertou a rescisão com o Real Madrid. Mas tampouco colheria êxito nos próximos destinos. O Espanyol já havia se salvado do rebaixamento por um ponto na temporada 1960-61, mas ao mesmo festejara ter eliminado o rival Barcelona na Copa do Rei – mesmo que não se desconfiasse que fosse a última vez que isso ocorreu até hoje. Assim, a expectativa era alta com o reforço do veterano. Mas, atrapalhado também por lesões que lhe submeteram a uma cirurgia ainda em novembro de 1961, registrou só seis partidas em La Liga pelo novo clube. E El Nene, que nunca teve na velocidade um grande atributo, teve o declínio nesse sentido bastante explorado em seu verbete no Corazón Perico, o dicionário que o clube catalão publicou em 2018.
O lado bom é que deixou o Sarrià muito antes do fim de uma temporada desastrosa, a marcar o primeiro rebaixamento dos alviazuis. O ruim é que em agosto de 1962 ele rumou ao Olympique de Marselha. O OM vinha da segundona, justamente. E logo terminou devolvido a ela ao fim daquela temporada 1962-63, com o jornal La Provence descrevendo que o argentino já não era “nem sombra de si mesmo”. Sem marcar nenhum gol mesmo sendo titular em suas 22 partidas na França, metade delas com derrota e com somente seis vitórias, ele enfim parou de jogar.
O treinador Rial
Em 1982, ele concedeu uma entrevista ao jornal Mediterraneo onde resumiu a nova carreira, com nossas observações em parênteses: “eu, que havia lutado pelos títulos, comecei o trabalho de evitar os rebaixamentos no Mallorca (1966). Depois, no Zaragoza (1969-70) conseguimos chegar às semifinais da Copa do Rei. Creio que o público aragonês é o mais exigente da Espanha. Posteriormente, Las Palmas (1970-71), a quem consegui salvar… e logo o Guadalajara do México (1974-75, no Chivas), tendo sido assessor da seleção argentina na Inglaterra em 1966. Um ano, com Puskás na seleção da Arábia (1975). O defino como uma experiência econômica-esportiva. Outro mundo total, absolutamente díspar: a água mineral caríssima, a gasolina baratíssima… minha esposa não poderia dirigir, devido às leis”.
Além dos trabalhos citados, Rial também treinou a seleção olímpica da Espanha com vistas para os Jogos de 1972 e voltou à delegação da seleção argentina como espião na tumultuada comissão técnica da Copa de 1974; ali, a Albiceleste foi comandada por três técnicos sem a mais afinada das sintonias: Vicente Rodríguez, José Varacka e Vladislao Cap, e houve quem apontasse que o próprio Rial seria na prática um quarto técnico naquela cadeia, como o lateral Jorge Carrascosa. Em 1976, ele esteve no Deportivo La Coruña, brigando pelo acesso à primeira divisão. E assim foi repatriado pelo futebol argentino, contratado em 1977 pelo Estudiantes.
Não foi feliz. Patricio Hernández, que iria à Copa de 1982, classificou-o como o pior treinador que teve, em entrevista à El Gráfico já em 2014: “vinha da Europa acostumado com o Real Madrid e nunca soube se adaptar ao CT, aos campos ruins, à idiossincrasia do Estudiantes; pedia um vinho especial para ele, quando nós estávamos acostumados com quem todos tomassem o mesmo. Nos chocava muito tudo isso”. Embora 11º de 23 clubes, o time de La Plata ficou a apenas quatro pontos da degola. Rial seguiu à seleção de El Salvador em 1978, mas não durou até o (exitoso) ciclo dela para a Copa de 1982: já em 1980, estava no Elche, onde cansou-se da interferência dos cartolas nas escalações.
Rial seguiu vivendo na Espanha e em boa forma física para a idade, praticando natação e peladas. Seu último trabalho foi em uma de suas diversas passagens pelo Pontevedra, na temporada 1989-90, quando já combatia um câncer. Em 23 de fevereiro de 1991, ele ingressou na clínica de La Zarzuela de Madrid, falecendo no dia seguinte pouco depois das 15h. Horas depois, seus ex-clubes Real Madrid e Real Zaragoza duelaram com ambos trajando braceletes negros e com um minuto de silêncio dedicado também ao falecimento do pai de Ramón Grosso; Grosso era assistente da comissão técnica madridista, encabeçada justamente pelo técnico Di Stéfano. “Antes de mais nada, me permitam que dedique essa vitória à memória do meu amigo Héctor Rial”, declarou o velho parceiro após o triunfo por 2-0.
El Nene descansa no cemitério de La Almudena, após anos vividos em Madrid como residente justamente da rua General Perón, homem a quem considerava um ser de “magnetismo” naquela entrevista ao Mediterraneo. Onde também declarou que os melhores jogadores que vira foram “Pontoni, Pedernera, Bobby Charlton, Pelé, Di Stéfano, Kopa e agora, Maradona” ao mesmo tempo em que se dizia admirador também do genocida Hernán Cortés. E que “sou as duas coisas: espanhol e argentino. Minhas raízes são dos dois lugares”.
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Muito bom, esse material, recem agora tomei conhecimento desse site. Completo, porque nomeia o nome dos pai dos jogadores, sendo que na maioria do outros (sites) isso não é mencionado. Um forte abraço.