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Há 50 anos, a seleção argentina de rúgbi virava “Los Pumas”

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“O rúgbi argentino abraçou uma façanha”, a capa da El Gráfico

#VaiTerCopa este ano. É a Copa do Mundo de Rúgbi, a terceira competição esportiva mais assistida no planeta, abaixo apenas do mundial adulto da FIFA e das Olimpíadas de Verão. A edição 2015 se desenrolará entre setembro e outubro. O Uruguai irá participar, mas é a Argentina a única potência sul-americana no alto escalão global. Ela entrou para este pelotão há exato meio século, segundo crônica dos próprios derrotados, os sul-africanos, mesmo que o adversário não tenham sido exatamente os Springboks (até hoje invictos contra os alvicelestes, embora isso por muito pouco não tenha ruído em 2012 e 2014. No máximo, perderam em 1982 para a seleção da América do Sul, que era composta só por argentinos) e sim a seleção B da África do Sul, os Junior Springboks.

O esporte da bola oval vem crescendo como nunca no Brasil, mas na Argentina já é popularizado há décadas – e grande campanha na Copa 2007 (onde a anfitriã França, que eliminou a potência-mor Nova Zelândia, foi derrotada duas vezes pelos argentinos) chegou a fazer com que o horário de nada menos que um Boca x River tenha sido alterado para não coincidir com a transmissão do confronto com a Escócia pelas quartas-de-final.

Após aquele mundial, acertou-se que os hermanos enfim disputariam um dos torneios anuais que envolvem as outras sete seleções do alto escalão: o antigo Tri Nations, com Nova Zelândia, Austrália e África do Sul, as maiores campeãs mundiais (todas bi), e o Six Nations, entre Inglaterra, Escócia, Gales, Irlanda, França e Itália. A Argentina entrou no Tri, hoje chamado Rugby Championship.

Mas, voltando há cinquenta anos, vale ressaltar que o time B da África do Sul já havia visitado a Argentina duas vezes, saindo invicto. A façanha da vitória longe de casa sobre os Junior Springboks estampou a capa da principal revista argentina de futebol, a El Gráfico. Já a mídia do país derrotado por 11-6, observando o felino no distintivo dos visitantes, foi quem aliás batizou aqueles desbravadores (a seleção argentina excursionava fora do continente pela primeira vez) de Pumas.

O apelido, mesmo equivocado (pois o animal na verdade trata-se de uma onça pintada), foi aceito pelos hermanos. O jornal Cape Times usou o termo na época para reconhecer que “os Pumas chegaram à maioridade do rúgbi mundial com essa atuação”.

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Imhoff filho, Agustín Pichot (capitão do bronze em 2007) e Handley. No quadro ao lado, González del Solar

Assim, o convite ao Rugby Championship apenas reforçou a visão da Argentina como potência, pois essa percepção já havia sido reconhecida naquele 19 de junho de 1965, no templo Ellis Park de Joanesburgo. Por sinal, dois remanescentes dos primeiros pumas, o hooker Ricardo Handley e o segundo centro Nicanor González del Solar, participaram com outros jogadores do passado e do presente de uma sensacional propaganda alusiva à entrada da seleção nesse torneio anual do quarteto forte do hemisfério sul. Foi uma épica paródia a Senhor dos Anéis, Troia, Coração Valente e outros filmes do gênero. Eis as falas:

-“Vamos deixar tudo (de nós)”, do scrum half Agustín Pichot, capitão da seleção bronze de 2007;
-“Pelo passado, presente e futuro”, do segunda-linha Eliseo Branca, presente na única não-derrota contra a Nova Zelândia, o empate em 1985, e na primeira Copa do Mundo de Rúgbi, em 1987;
-“Pela iniciação com nós mesmos”, do abertura Lisandro Arbizu, capitão nas Copas dos anos 90;
-“Pela glória”, do pilar Serafín Dengra, colega de Branca em 1985 e 1987;
-“Por tudo o que nos sacrificamos”, sem identificação;
-“Por nossa família, que sempre nos apoia”, do asa Juan Martín Fernández Lobbe, das duas últimas Copas. Seu irmão Carlos também jogou mundiais;
-“Pela responsabilidade que tem essa camiseta”, do fullback Juan Martín Hernández, da última Copa;
-“Para cumprir nosso maior sonho”, do ponta Juan Imhoff, da última Copa;
-“Esto recién empieza, vamos Pumas“, de Pichot. Essas palavras foram ditas por ele no início daquela Copa de 2007.

O tal Imhoff, aliás, é filho de outro puma original, José Imhoff. Vale acrescentar ainda que Hernández, que depois chuta a bola, é sobrinho de ex-jogador da seleção de futebol, Patricio Hernández, atleta do Estudiantes de La Plata na Copa de 1982. A propaganda foi filmada no estádio do Independiente e vale assisti-la, no vídeo mais abaixo.

Dissecamos aquela excursão histórica neste outro Especial. Para conferir nossas outras matérias sobre rúgbi (esporte para o qual se dedicaram muitos dos primeiros campeões argentinos de futebol, da comunidade britânica no país), clique aqui.

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Handley é o último na fileira mais acima. Imhoff pai é o primeiro da fileira do meio. González del Solar, o último sentado. Ao lado, propaganda do museu do rúgbi argentino, em San Isidro, com foto daquele jogo de 50 anos atrás

httpv://www.youtube.com/watch?v=qX-HFXkoMrM&spfreload=10

Caio Brandão

Advogado desde 2012, rugbier (Oré Acemira!) e colaborador do Futebol Portenho desde 2011, admirador do futebol argentino desde 2010, natural de Belém desde 1989 e torcedor do Paysandu desde antes de nascer

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