Guia da B Nacional: para o River e outros
Na data de hoje, 03 de fevereiro, terá reinício a temporada da B Nacional. O Instituto de Córdoba é o atual líder e tem no seu retrovisor dois concorrente ao acesso direto, River e Rosário Central. Boca Unidos, Quilmes, Almirante Brown e Atlético Tucumán formam um grupo que coloca pressão a todos que estão à sua frente. No meio da tabela, times equilibrados, cujos desempenhos podem pender para baixo ou para cima, casos de Gimnasia, Ferro, Patronato e Rivadávia. Lá embaixo, clubes tradicionais e debutantes lutam para manter a Categoria, entre eles, o “tetra polar” Gimnasia Jujuy, Guillermo Brown e Chacarita. Para resolver tudo isso, apenas 20 rodadas; dizer que tudo pode acontecer é “chover no molhado”; em vez disso, vale mais especular sobre como se processará esses acontecimentos. Antes contudo de analisá-los, sugerimos a leitura do que seria a primeira parte deste Guia, publicado aqui, no início do ano, e quando se iniciava a B Nacional. Mas vamos agora à especulação dos acontecimentos deste texto.
A verdade é que do primeiro ao sétimo colocados temos um grupo, do que se pode falar que os três primeiros formam um subgrupo do qual sairão os dos promovidos diretos. O Central é a aposta para o título, River e Instituto brigam pela segunda vaga direta. Por quê?
Mesmo quando atua mal, o Central deixa claro um conjunto de coisas que seus dois perseguidores não possuem na totalidade: experiência, união, comando, mescla ideal entre jovens e jogadores experientes, boa distribuição e equilíbrio entre as partes, união entre torcida e grupo de jogadores, determinação, e, entre outras coisas, as contratações cirúrgicas para o término da temporada; o duelo pela Copa Argentina mostrou por que Pizzi foi buscar o desconhecido Leonardo Monje no Unión Española. Além disso, o Central possui um aproveitamento significativo da experiência do ano passado, quando cometia os erros que hoje o River comete e razão pela qual o Canalla não subiu.
Das qualidades do Central, faltam ao Instituto mais jogadores experientes, estabilidade entre torcida, clube e elenco (trata-se de uma torcida temperamental que bota pressão sobre um elenco de jovens promessas). A vantagem é que possui todas as outras qualidades acima. E tem mais, a diretoria tem feito esforços sobre-humanos para acertar o clube, como a recente permanência do técnico Dario Franco, Paulo Dybala e demais joias do elenco. Embora tenha perdido o excelente zagueiro Erpen, mesmo a solidez defensiva deverá continuar, base da excelência do time do meio para frente.
O River pode ter mais jogadores importantes que seus dois rivais da ponta, porém tem problemas de sobra para compensar esse trunfo. Não é só a defesa que continua a ser uma piada, mas a ideia de que isso continua a ser pouco importante. Prova disso foi a preocupação em trazer dois atacantes, o que menos precisava o elenco millionario. Além disso, Trezeguet e Ponzio poderão causar certo descontentamento no elenco, já que não haverá lugar para Domínguez e Cavenaghi. Trezeguet, com 34 anos, não marca ninguém e não será um técnico pressionado que o mandará para o banco de reservas. Seria uma tragédia para o futebol argentino a permanência do River na B Nacional; mas, em Núñez, parece que a modorra e o sono sobrevivem à longa noite e fazem estrago durante o dia. Ninguém parece ver o que acontece e quando um problema aparece ele toma proporções gigantescas. Para equacioná-las, o sobrecarregado Matías Almeyda, um ex-gigante, diante do qual tudo era minúsculo, que virou um anão, diante de quem tudo agora é gigante. Sua primeira lembrança? Que jamais vá procurar pelo Passarella. Imerso em escândalos constantes, o cartola pensa somente nas artimanhas adequadas para se manter no poder: “que se exploda o River” é o seu lema secreto; “que Almeyda procure a sua turma” é o que ele fará, assim que pintar a primeira oportunidade.
Para chegar à briga pelo acesso estão Boca Unidos, Tucumán, Quilmes e Almirante Brown. Os correntinos levam sonora vantagem sobre os demais. Trata-se de um rival duríssimo de ser batido em Corrientes. Além disso, possui jogadores em ótima fase, caso de Núñez. Limpou o elenco de vários jogadores desnecessários e apostam nas promessas da base para compor o elenco, no que está correto. Boca Unidos é um exemplo de clube organizado e se não ascender neste ano não ficará por muito tempo na B Nacional. O Quilmes mantém a base do ano passado e tem um treinador inteligente e compromissado com o retorno do Cervecero ao futebol de elite. Tucumán e Almirante Brown ainda carecem de solidez. O Mirassol, no ataque; o Decano, na defesa. A compensação para o Brown está na comissão técnica; no Tucumán, está na articulação de jogadas no meio-de-campo.
No meio da tabela, temos o Huracán, que é candidato a lutar bravamente para manter a Categoria. O tradicional Globo de Parque Patrícios é hoje digno de dó. O Defensa y Justicia tem a cara típica de time de meio de tabela, o que hoje é pretensão legítima do clube de Florencio Varela. Aldosivi e Rivadávia estão no mesmo panorama. Junto deles, outros que podem ir para cima ou para baixo. Casos de Gimnasia (LP), Ferro Carril e Patronato de Paraná. Desses, o primeiro é um fanfarrão, erra mais do que acerta, porém tem camisa pesada e um elenco razoável. O Verdolaga é um ótimo time na defesa e no meio, mas horroroso no ataque. O Patrón é daqueles casos que ninguém entende: ótimo time; tem coragem, ambição e bravura dentro de campo; perdeu o goleador Diego Jara, mas trouxe Matías Quiroga e Bastianini. Os dois clubes têm algo em comum: suas diretorias trabalham pelos seus times, algo que pode ser natural no clube de Paraná, mas que chega a ser estranho no clube do Oeste de Buenos Aires.
Na parte de baixo, temos Desamparados, Guillermo Brown, Atlanta, Merlo, Gimnasia Jujuy e Chacarita. Desses, Desamparados e Chacarita são incógnitas. O primeiro, porque ainda tem se adaptado à Categoria e bastará uma mediana campanha para se salvar. O segundo, porque tem no comando um excelente técnico, De La Riva. Treinador que tem gritado feito leão em Villa Maipú. Mandou meio time embora e tem implementado um futebol coletivo que ninguém praticava no Chaca. Embora seja o último nos “promédios”, o Funebrero tem chances reais de se salvar. O mesmo poderá não ocorrer com o Merlo, muito organizado como clube, mas ainda fraco e justamente sem o técnico De La Riva, hoje no rival da parte de baixo da tabela. O mesmo (se salvar do descenso) certamente não vai ocorrer com o Atlanta. Estivesse o Bohemio hoje na B Metro estaria apenas no meio da tabela. O clube fez pouco para se adaptar à Categoria e vai perde-la, ao fim da temporada. Elenco jovem e imaturo é uma das causas; dívidas das gestões anteriores é outra.
Quem deve sair desse grupo são dois: Guillermo Brown e Gimnasia. O Brown porque finalmente parece se adaptar à Categoria. E se alguém precisava muito disso é justamente o conjunto da distante Puerto Madryn. Comando e elenco são os pontos fortes do Brown e o clube deverá terminar a temporada no meio da tabela. Parecida é a situação do Gimnasia Jujuy. Era time para brigar pelo acesso ao futebol de elite. Agora briga para se manter na B Nacional, o que deverá conseguir sem dificuldades.
Fatores que podem entrar em campo
Falaremos agora de alguns fatores que vão intermediar os 20 confrontos dos clubes. A especificidade da “segunda fase” da B Nacional; alguns confrontos decisivos; e, como anexo, as baixas e contratações dos clubes para a sequência da temporada.
Curioso notar que pouco chama a atenção certa especificidade da B Nacional: sua “segunda fase” é um outro campeonato. Isto quer dizer que mesmo quem ocupa uma das últimas posições pode chegar forte no mínimo para a “promoción”. Ao iniciar a 19ª rodada da temporada anterior, poucos imaginavam que ao final da temporada a tabela final mostraria mudanças surpreendentes e impressionantes. O Rafaela era o quinto e terminou com oito pontos à frente do Unión Santa Fe, que de quarto terminou em segundo. O Instituto era o segundo e ostentava um time quase imbatível: terminou em 10º lugar. O Atlético Tucumán, o terceiro e terminou em nono. O Almirante Brown passou de 14º a sexto. Porém, o caso mais impressionante foi o do Belgrano. À época, o Pirata ostentava a 15ª posição e parecia mergulhado numa crise sem fim; terminou em quarto e com força e confiança suficientes para declarar que a preferência à disputa da “promoción” girava em torno do River Plate.
Dentre os fatores que interferem nas mudanças, estão intertemporada, confrontos contra times efetivamente ameaçados (e que recebem o apoio ainda maior de seus torcedores), pedido de socorro à base para completar ou acertar o elenco (vale lembrar que não pode haver mais contratações), comando técnico com apoio da diretoria e da torcida, entre outros. Não podemos descartar a experiência com essa realidade da B Nacional, o que maximizou os problemas do Rosário Central no ano passado.
Quanto à Intertemporada, River, Huracán, Quilmes e Gimnasia (LP) fizeram o contrário de Central, Instituto, Almirante Brown e Boca Unidos. O trabalho desse último grupo parece o mais adequado às exigências da competição. O principal exemplo negativo é o do River, que jamais deveria se voltar para o Superclássico de Verão. Embora desfalcada, a base do Millionario é das melhores da América do Sul, porém suas promessas não podem ser protagonistas; basta ver quantos deles prometiam no início da B Nacional e quantos ainda estavam em alta no fim de 2011. O comando técnico talvez seja o grande problema do River. E para atenuá-lo, o mínimo que se espera é que o mal indicado técnico Matías Almeyda siga no comando da equipe até o fim (o que poderá não acontecer, já que a pressão é muito forte sobre o trabalho do Pelado). Cenário de confusão e instabilidade também estão no Gimnasia Jujuy, Huracán, Chacarita e principalmente Independiente Rivadávia, clube que poderia ser um dos gigantes do interior argentino, mas no qual o clima interno só encontra páreo no do River Plate. Esse problema também está no Instituto, mas só de fora para dentro, ao menos no atual momento do clube.
Confrontos decisivos
Confrontos decisivos de cada equipe vão depender do momento de cada uma no decorrer da competição. Mas, regra geral, são os seguintes para os sete primeiros da tabela:
Instituto: Atlético Tucumán, Central e Ferro Carril Oeste (mandante); e Ferro Carril, Atlético Tucumán, Patronato, Gimnasia LP, River Plate, Gimnasia Jujuy e Boca Unidos (visitante).
Rosário Central: Gimnasia Jujuy, Boca Unidos, Atlético Tucumán e River Plate (mandante); e Gimnasia La Plata, Instituto, Guillermo Brown, Quilmes e Patronato (visitante).
River Plate: todos, especialmente contra: Almirante Brown, Chacarita, Gimnasia La Plata, Atlético Tucumán, Central e Patronato (visitante) e Quilmes, Instituto, Gimnasia Jujuy e Guillermo Brwon (mandante).
Quilmes: Guillermo Brown, Boca Unidos, Ferro Carril, Central e Chacarita (mandante); e Almirante Brown, River Plate, Atlético Tucumán, Patronato, Gimnasia LP, Instituto e Guillermo Brown (visitante).
Boca Unidos: Merlo, Patronato, Instituto, Guillermo Brown e Rivadávia (mandante); e Quilmes, Ferro Carril, Central, Defensa y Justicia e River Plate (visitante).
Almirante Brown: River Plate, Quilmes, Ferro Carril, Central, Chacarita, e Boca Unidos (mandante); e Rivadávia, Atlético Tucumán, Patronato, Desamparados, Instituto, Guillermo Brown e River Plate (visitante).
Atlético Tucumán: Instituto, Guillermo Brown e River Plate (mandante); e Gimnasia Jujuy, Boca Unidos, Rivadávia, Chacarita e Defensa y Justicia (visitante).
Reforços e baixas
Instituto – reforços: Juan Sills (zagueiro, Vélez), Mario Moreno (atacante, Morelia MEX). Baixas: Facundo Erpen (Atlas), Diego Nadaya (Nacional- Paraguay), Facundo Agustinoy (Temperley), Lucas Gallardo, Javier Correa (Gral Paz), Ezequiel Lázaro (Alumni VM), Gustavo Fernández (Patronato).
River Plate – reforços: David Trezeguet (Beniyas EAU), Leonardo Ponzio (Zaragoza -ESP-); baixas: Alexis Ferrero (Huracán), Adalberto Román (Palmeiras), Facundo Affranchino (San Martín SJ), Mauro Díaz (Unión Española).
Rosário Central – Reforços: Leornardo Monje (Unión Española), Jesús Méndez (Boca). Baixas: Mario Vallejo (sem clube), Salinas e Ballini, dispensados.
Quilmes – reforços: Miguel Lopes (L.A. Galaxy). Baixas: Diego Montellano e Cristian Bustos (De. Belgrano), Fernando Brandán (Racing Olavarría), Leonardo Iglesias (Morón)
Boca Unidos – reforços: Patricio Pérez (All Boys) e Luis Lagrutta (Atlético Rafaela). Baixas: Eric Villalva (Chaco For Ever), Jonathan Souza, Lucas Galarza (Chaco For Ever) e Marcos Quiroga (Libertad Sunchales).
Almirante Brown – reforços: Diego Ceballos e Roman Diaz (Everton Chile). Baixas: Luis López (Temperley).
Atlético Tucumán – reforços: Cristian Palacios e Jairo Castillo (América de Cali). Baixas: sem baixas no elenco.
Giminasia LP – reforços: Nicolás Cabrera (Independiente), Leonel Altobelli (Rivadáveia). Baixas: Ignacio Oroná (Sarmiento).
Defensa y Justicia – reforços: Julio Ferrón e Yamil López (Rafaela). Baixas: Pedro Vergara, Diego Ianero, Jorge Medina (Unión San Felipe), Facundo Schmidt e Sebastián Bueno (Flandria), Rolando Zárate.
Ferro Carril Oeste – reforços: Osvaldo Miranda, Luis Salmerón. Baixas: Federico Lértora (Godoy Cruz), Guido Di Vanni (Sportivo Luqueño), Santiago Ballari, Franco Guibelalde, Andrés Heredia Ruiz, Santiago Fernández, Ignacio Varela.
Aldosivi – reforços: sem incorporações. Baixas: Nicolás Bertocchi e Gabriel Rodríguez.
Huracán – reforços: Alexis Ferrero (River), Javier Yacuzzi (Arsenal). Baixas: Kevin Cura, Luciano Ospina, Nicolas Vélez, Federico Ortiz López, Leonardo Villán, Gastón Monzón, Ezequiel Filippetto, Nicolás Aguirre, Nicolás Dertinopulos, Ezequiel Llesona, Fernando Pagés, Guillermo Roffes, Julian Bottaro, Emiliano Lencina e Julio Aguila.
Patronato de Paraná – reforços: Matías Quiroga (Unión) e Pablo Bastianini (Chacarita). Baixas: Diego Jara (Unión Santa Fe).
Independiente Rivadávia – reforços: Franco Quiroga (Wanderers de Chile) Javier Velázquez (Palestino). Baixas: Ezequiel Pérez, Pablo Moroso, Daniel Cabaña e Matías Guardia. Ezequiel Lázaro, Leonel Altobelli (Gimnasia LP).
Sportivo Desamparados – reforços: Gonzalo Parisi (Deportivo Maipú), Ricardo Dillon (novo treinador). Baixas: sem baixas no elenco.
Guillermo Brown – reforços: Diego Cardozo (Unión Magdalena COL), Leonardo Borzani (Las Palmas), Mario Vera (Chacarita). Baixas: Silvio Diovenale, Adrián Benito, Gastón Cozzoni, Diego Ortega, Berra e Nícolas Velázquez.
Atlanta – reforços: Braian Resch (base do Vélez), Martín Quiles (Sportivo Belgrano). Baixas: Lucas Sparapani, Martín Fabro (Brown de Adrogué) e Mauro Pajón (Chacarita).
Deportivo Merlo – reforços: Leandro Lazzaro (veio com passe livre) e Pablo De Muner (Boca Unidos). Baixas: sem baixas no elenco.
Gimnasia Jujuy – reforços: Javier “Satanás” Páez (Chacarita), Alejandro Delorte (Oriente Petrolero).
Chacarita – reforços: Mauro Pajón (Atlanta) Matías Carabajal (San Martin de SJ). Baixas: Javier “Satanás” Páez (Gimnasia Jujuy), Juan Krupoviesa, Mario Vera (Brown Madryn), Santiago Raymonda, Carlos Herrera (Cúcuta COL), Pablo Bastianini (Patronato) e Emanuel Centurión (situação indefinida).
Poxa cara que estudo legal. Muito completo e com opinião corajosa. Gostei muito do que você falou do Rosario Central e do Chacarita. Tomara que o Rosario Central volte e que o Chacarita permaneça. Parabéns pela página.
Concordo com o chapa aí em cima, texto com opinião muito corajosa, mas achei que o autor desprezou muito o Gimnasia La Plata, acho que o time vai subir com toda a certeza.
gostei do texto. tomare que nesse returno o River tenha mais facilidades. força Millo
Gostei muito deste trabalho. A importância que vocês dão à B Nacional supera a presença do River por lá, assim como a grande importância ao Ascenso como todo. Este texto tem muita pesquisa e precisão e acaba sendo mesmo um guia de primeira. Os recentes jogos da B mostram bem o quanto o texto acertou.