Godoy Cruz, Mendoza e a primeira vez na Libertadores

Nesta sexta-feira, o Torneio Apertura entra em sua 11ª rodada restando assim somente nove rodadas para o fim da temporada. Consequentemente termina também o prazo para as equipes argentinas somem pontos para garantir uma vaga na Copa Libertadores do ano que vem. E pela primeira vez na história uma equipe que não faz parte da Grande Buenos Aires ou da região central do País, poderá disputar um torneio Sul-Americano.

Trata-se do Godoy Cruz. O clube, que no ano que vem completa 90 anos, vem sendo uma das sensações do ano na Argentina, onde por pouco não conseguiu o título do campeonato argentino na temporada passada. Para se ter uma idéia, o time treinado por Omar Asad (campeão com o Vélez Sarsfield em 1994) começou o campeonato disputando a zona de rebaixamento e acabou na terceira colocação, um marco para a história dos clubes de Mendonza na Era Profissional.

E pensar que o clube é novo na da elite argentina. Somente em 2006, após vencer o Nueva Chicago na repescagem, o time de Mendoza chegou à primeira vez a Primeira Divisão, quebrando um jejum de 22 anos sem ver um time da cidade na elite – na época o Gimnasia y Esgrima de Mendoza disputou o extinto Torneio Nacional de 1984. No ano seguinte a equipe foi rebaixada (curiosamente no comando de Sergio Batista, interino na Seleção) e voltou em 2008, de onde não saiu mais.

E tudo isso graças a Asad. Treinador das inferiores do Vélez Sarsfield conseguiu dar uma cara ao mais novo azarão argentino. O comandante assumiu no início deste ano e conseguiu que Federico Higuaín, o irmão do famoso jogador do Real Madrid, jogasse um futebol acima da média e que David Ramírez desempenhasse uma função de meia-atacante. Hoje, sem Pipita na equipe (está no Colón), Ramírez é uma das peças chaves do elenco. Tanto que já marcou cinco gols nas dez partidas até então.

Para entrar de vez na história do futebol argentino, o Godoy Cruz precisa manter a boa sequência no campeonato. Atualmente é o segundo melhor time do ano, atrás apenas do imbatível e Estudiantes . Como o Pincha tem tudo para conquistar o Clausura deste ano (os campeões tem vaga direta no certame, além das três melhores equipes no somatório dos pontos do ano, com exceção, claro, dos campeões), o clube de Mendoza pode terminar até mesmo em quinto lugar – isso se nenhuma equipe argentina for campeã da Sul-Americana. Tal posição lhe renderia uma vaga na pré-libertadores.

Na primeira metade do torneio foram quatro vitórias, quatro empates e apenas duas derrotas. Curiosamente, as duas quedas foram justamente no estádio das Malvinas Argentinas, onde o clube não perdia há 18 meses. Tal fato deixou os torcedores preocupados. Na próxima rodada, o Tomba terá pela frente o River Plate, em seus domínios. A esperança e de ver o time repetir o rendimento contra o Independiente, quando venceu por 4×1, pela nona rodada. Seriam mais três pontos que deixariam o clube bem próximo da Libertadores 2011, a primeira vaga da região de Nuevo Cuyo, na zona oeste da Argentina.

Geografia argentina
Assim como no Brasil, a Argentina é divida em cinco regiões. Além da Grande Buenos Aires – que conta não só com a cidade de Buenos Aires, como também com várias outras cidades, como La Plata, Avellaneda, Victoria, Lanús, dentre outras – existem também a Região Central (onde fica Córdoba, Rosário, Santa Fé, por exemplo), Grande Norte Argentino (Tucumán, Salta, Jujuy), Patagônia (que dispensa comentários) e por fim Nuevo Cuyo, que conta com as províncias de San Juan, San Luis e Mendonza.

Nuevo Cuyo na elite argentina
Desde que o campeonato argentino foi dividido em Apertura e Clausura, somente duas equipes da região disputaram a elite do futebol argentino: o San Martín de San Juan (hoje na 2ª divisão) e o próprio Godoy Cruz, que obteve a melhor classificação de uma equipe da região no cenário do País. Grande parte das equipes de Nuevo Cuyo estão disputando o Argentino A ou B, equivalentes a terceira ou quarta divisão.

Confira os clubes argentinos que participaram da Libertadores, de acordo com sua região geografica

Grande Buenos Aires: River (30), Boca (22), Independiente (18), San Lorenzo (11), Estudiantes (11), Vélez (11), Racing (5), Lanús (3), Banfield (3), Quilmes (2), Ferro Carril (2), Argentinos (2), Gimansia LP (2), Arsenal (1) e Huracán (1)
Central: Rosario Central (10), Newell’s (6), Colón (2) e Talleres de Córdoba (1)
Patagonia, Norte e Cuyo: Nenhum

Entre parênteses, o número total de participações no torneio continental

Matéria publicada originalmente no dia 15 de outubro