Enquanto se analisava o Boca Juniors nos dias de verão, era “por certo mais belo e mais ameno”, como diria William Shakespeare. Entraria na Bombonera como favorito perante a própria apaixonada torcida. Eis que veio o Godoy Cruz Antonio Tomba, frio como o inverno, para se impor como participante da Libertadores. Não só desbancou o queridinho dos críticos como o fez com goleada: 4 x 1.
Aos poucos se reparava o cenário do primeiro tempo se construíndo aos poucos desde o início. Erviti e Román conseguiam dar o toque de criatividade ao ataque que faltava ao Boca no semestre passado, auxiliados pela velocidade de Pablo Mouche. A primeira oportunidade, aliás, saiu dos pés do atacante, mas Torrico fez a primeira de suas defesas trabalhosas.
Mas a medida que os anfitriões perdiam chances no ataque, ofereciam também espaços para o revide dos visitantes. O caminho rumo ao ouro estava nas laterais, algo que o Godoy Cruz percebeu bem. Num lançamento de Diego Villar pelo lado esquerdo, Javier García falha ao tentar interceptar a bola, que sobra num presente perfeito para Ramírez. Não o David (foi para o Vélez), mas o “Tito”, ex-comandado de Falcioni no Banfield: 0 x 1, aos 13′.
García ainda se equivocaria em outro cruzamento mendocino. Para sorte Xeneize, porém, Tito Ramírez estava em posição irregular para aproveitar o novo regalo.
Sem se abalar com a falha do jovem goleiro, lá se foi o Boca tentar o empate. Mouche pelos lados, Erviti e Riquelme dentro da área, Battaglia nas sobras e nos chutes de longa distância, Palermo de cabeça… Todos eles buscaram as redes, mas Torrico, e a trave numa chance de Román, estavam constantemente no caminho.
No momento em que os comandados de Falcioni estavam no auge do quase gol, eis que o Godoy Cruz reaparece no ataque para se deleitar com os espaços nas alas. Pablo Miranda aproveitou o lado direito desta vez, e lançou na área para Ramírez marcar mais um, escorando com o pé esquerdo, sem marcação: 0 x 2, aos 37′.
Ao voltar dos vestiários, mais um duro golpe aos donos da casa, e outra vez originado do flanco direito. Carlos Sánchez aproveitou a “avenida Clemente” e serviu o volante Torres no meio da área: 0 x 3, aos 6′. Mas antes que o juiz Nestor Pittana abrisse contagem do nocaute, Clemente, Román e Erviti trocaram passes na área adversária para iniciar a possível reação no gol do estreante ex-Banfield: 1 x 3, aos 8′.
Depois do gol de Erviti, um boost de ânimo carregou o Boca Juniors a uma pressão incessante rumo ao empate. Uma vez mais, Riquelme, Battaglia, Palermo, Mouche e o autor do tento Xeneize pressionavam Torrico, que voltou a se sentir firme após ver a Jabulani balançar as redes.
Percebendo o momento turbulento, a equipe de Jorge da Silva arma uma proteção de área mais numerosa e resistente. Curiosamente, no momento em que Rivero entrou para reforçar o meio-campo (mas acabou como lateral-direito), o ímpeto ofensivo Xeneize começou a perder força.
O Tomba tinha o resultado e a liderança do Clausura nas mãos, mas preferiu fazer história. Num contragolpe que pegou a defesa do Boca totalmente vazia, Carlos Sanchez arrancou pela direita assim como no gol anterior. Desta vez, porém, resolveu finalizar para comemoral o gol próprio: 1 x 4, placar final aos 48′ do segundo tempo.
BOCA JUNIORS: García; Calvo (Rivero), Caruzzo, Insaurralde e Clemente Rodríguez; Battaglia, Somoza (Colazo); Erviti (Viatri) e Riquelme; Mouche e Palermo. DT: Júlio César Falcioni
GODOY CRUZ: Torrico; Russo, Nico Sánchez, Faccioli e Voboril (García); Carlos Sánchez; Torres, Olmedo e Villar; Miranda (Donda) e Ramírez (Navarro). DT: Jorge da Silva
Próximos confrontos: Racing x Boca Juniors; Godoy Cruz x San Lorenzo
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