Fiasco histórico: Argentina termina o ano sem títulos internacionais

A eliminação do Vélez nas semifinais da Copa Sul-Americana não foi apenas um duro golpe para o Fortín. Na verdade o futebol argentino chegou a algo inédito no século XXI: nenhum clube do país conquistou títulos internacionais. Na verdade, sequer chegaram a decisões continentais, algo que não acontecia desde 1993.

O futebol argentino possui um currículo admirável em termos de conquistas continentais. Seus clubes nunca deixam de trazer alegrias a seus torcedores em torneios sul-americanos. Para se ter uma idéia: desde 1988, quando o continente tem ao menos dois torneios por ano apenas em 1991, 1992, 1993 e 1998 nenhuma taça foi levantada por algum clube do país vizinho. E apenas em 1993 os clubes argentinos não conseguiram chegar a nenhuma decisão de campeonato.

Este ano as coisas deram errado. O Vélez foi o que teve o melhor desempenho, mais caiu nas semifinais tanto da Libertadores quanto da Sul-Americana. Já o Independiente perdeu a Recopa Sul-Americana para o Internacional, um vice-campeonato que optamos por não computar como “conquista”, uma vez que são apenas dois clubes envolvidos na competição.

Assim, pela primeira vez desde 1998 o futebol do país não obtém nenhuma conquista clubística continental. E pela primeira vez desde 1993 os clubes argentinos sequer conseguem chegar às decisões de torneios continentais que envolvam os dois clubes.

Confira abaixo as conquistas obtidas pelos clubes argentinos em nível sul-americano:

1988: Racing campeão da Supercopa.

1989: Boca Juniors campeão da Supercopa.

1990: Boca Juniors campeão da Recopa Sul-Americana.

1991: Sem títulos (River Plate vice-campeão da Supercopa).

1992: Sem títulos (Newell’s vice-campeão da Libertadores e Racing vice-campeão da Supercopa).

1993: sem títulos ou vices.

1994: Vélez campeão da Libertadores, Independiente campeão da Supercopa.

1995: Independiente campeão da Supercopa e da Recopa Sul-Americana, Rosário Central campeão da Conmebol.

1996: River Plate campeão da Libertadores, Vélez Sarsfield campeão da Supercopa e Lanus campeão da Conmebol.

1997: River Plate campeão da Supercopa, Vélez Sarsfield campeão da Recopa Sul-Americana.

1998: sem título (Rosário Central vice-campeão da Conmebol).

1999: Talleres campeão da Conmebol.

2000: Boca Juniors campeão da Libertadores

2001: Boca Juniors campeão da Libertadores. San Lorenzo campeão da Mercosul.

2002: San Lorenzo campeão da Sul-Americana.

2003: Boca Juniors campeão da Libertadores.

2004: Boca Juniors campeão da Sul-Americana.

2005: Boca Juniors campeão da Sul-Americana e da Recopa Sul-Americana.

2006: Boca Juniors campeão da Recopa Sul-Americana.

2007: Boca Juniors campeão da Libertadores, Arsenal campeão da Sul-Americana.

2008: Boca Juniors campeão da Recopa Sul-Americana.

2009: Estudiantes campeão da Libertadores.

2010: Independiente campeão da Sul-Americana

Agradecemos ao nosso leitor @diegoloukura que fez a observação inicial que gerou a presente matéria.

Tiago de Melo Gomes

Tiago de Melo Gomes é bacharel, mestre e doutor em história pela Unicamp. Professor de História Contemporânea na UFRPE. Autor de diversos trabalhos na área de história da cultura, escreve no blog 171nalata e colunista do site Futebol Coletivo.

View Comments

  • Eu até imaginei que não iriam enaltecer o vice da Recopa 2011 pelo Independiente como uma conquista.
    Só uma dúvida. Em 1998 o River Plate não foi vice da Recopa perdendo para o Cruzeiro ?

  • Faltou o título cuervo da Mercosul de 2001. Foi o inconsciente quemero? Haha. Não teve também um vice do Lanús para o Galo em alguma Conmebol?

    De fato, impressionante o sucesso dos clubes em todo esse tempo. Porque isso não se traduziu paralelamente na seleção é algo a se pensar...

  • 1) San Lorenzo de fato foi campeão da Mercosul em 2001, dado corrigido.
    2) Há muitos vices em todos esses anos. O levantamento só apontou os vices ocorridos nos anos em que não houve títulos.
    3) Sim, o River foi vice da Recopa Sul-Americana frente ao Cruzeiro, mas não foi mencionado pelo mesmo motivo que não contamos com o Independiente no mesmo torneio em 2011: ser vice-campeão em uma taça disputada por 2 equipes não pareceu ser digno de nota.

  • Durante muito tempo, houve quem achasse que colocar o Boca para representar o país no lugar da seleção seria mais produtivo...

  • Ah, claro, só lembrando: das últimas sete finais de Libertadores entre o "Futebol Alegre" e o "Eixo do Mal" (risos), os times argentinos ganharam seis, e cinco no Brasil: 1984 (Independiente), 1994 (Vélez); 2000, 2003 e 2007 (Boca) e 2009 (Estudiantes). Em 1992, o São Paulo do mito Telê suou sangue para bater o Newell's no Morumbi.

    E isso que a crise técnica é galopante...

  • O São Paulo do mito Telê venceu depois do Newell’s Old Boys o Barcelona que era de longe uma máquina e um time muito superior ao Newell’s. Nas últimas vezes que o São Paulo enfrentou o futebol argentino em copas continentais, o futebol argentino foi derrotado: vitórias por 2 a 0 (Morumbi) e 3 a 2 (Núñez) contra o River Plate em 2005 e vitória por 1 a 0 no Morumbi contra o Boca Juniors, assim eliminado o vigente campeão da Libertadores da Copa Sul-Americana.

    Os times argentinos não amedrontam o Tricolor Paulista. Se não for em 2012, em 2013 o SPFC estará de volta na Libertadores.

    Quanto ao futebol argentino, está em decadência. Independiente, Argentinos Juniors, e Godoy Cruz nem chegaram às oitavas-de-final da Libertadores deste ano e só o Vélez chegou nas quartas. Dos times brasileiros, todos chegaram às oitavas. É verdade que numa noite pra esquecer, quatro times do Brasil caíram, mas pelo menos o Brasil colocou todos os seus times na fase eliminatória (e venceu o torneio).

  • Não precisa ironizar o meu comentário. Elogiei o Telê por ser fã dele mesmo, um cara que, como o Bianchi, não lambia o saco do poder. E que ficou doente, dizem, de tanta bandalheira que há no futebol.

  • Quem foi irônico?

    Com a crescente economia brasileira, investimentos em clubes, e a constante competitividade do futebol brasileiro, creio que continuaremos vendo times brasileiros nas finais; desde 2004 tivemos times do Brasil na final e desde 1994, quase todo ano, excetuando-se 1996, 2001, e 2004.

    Ano que vem, com a volta do Boca Juniors, o Vasco em ascensão, e o Santos mantendo Neymar e Ganso, teremos uma Libertadores ainda melhor que a de 2011.

    Por minha parte, admito abertamente sempre torcer contra o futebol argentino, mas reconheço sua qualidade. É por isso que todos os confrontos entre nós brasileiros e argentinos são disputadíssimos. Ainda bem que este ano, o futebol brasileiro levou a melhor: o Fluminense venceu o Argentinos Juniors na Argentina; o Cruzeiro detonou o Estudiantes em Minas Gerais e em La Plata; e, o Brasil venceu o SuperClássico contra a Argentina. Que isso continue em 2012.

  • e nem os argentinos tem medo do são paulo. o Boca ganhou a recopa num desses anos, com magnificas atuações do Palacio, tanto na Bombonera quanto no Morumbi. Vencemos as duas partidas e levamos mai um titulo para a Argentina !!!!

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