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Estudiantes – Gimnasia: Três histórias de vitória do Lobo albiazul

Em um preconceito bastante comum, o grande público do futebol argentino – principalmente aquele do exterior – tende a achar que o Clásico Platense é uma barbada para o Estudiantes em cima do Gimnasia y Esgrima La Plata. Algo próximo, em termos de Brasil, de uma visão preconceituosa do Clássico Santista (Santos x Portuguesa Santista) ou mesmo do embate dos italianos paulistanos, Palmeiras x Juventus.

Isso contradiz a própria história do confronto, bastante equilibrada. Relembrando: no histórico profissional, foram 147 Clássicos de La Plata: 51 vitórias do Estudiantes, 51 empates e 45 vitórias do Gimnasia.

Abaixo, serão apresentadas três histórias de vitória, dentro e fora da cancha, que o Gimnasia impôs aos pinchas.

1) Francisco Varallo

Poucos sabem, mas o ídolo goleador do Boca Juniors, superado apenas por Martín Palermo, foi uma vitória do Gimnasia em cima do Estudiantes de La Plata.

Conhecido como Cañoncito, Francisco Varallo começou a carreira no Gimnasia y Esgrima La Plata em 1928, mesmo tendo feito um belo teste no Estudiantes de La Plata. Isso aconteceu porque os dirigentes de seu clube juvenil, o 12 de Octobre, eram torcedores do El Lobo e não queriam que o seu melhor jogador se tornasse um pincha.

Por sua boa atuação no Albiazul, Varallo (campeão argentino em 1929 com o clube, no penúltimo torneio pré-profissionalismo e ainda hoje o único título tripero na primeira divisão) foi para a Copa do Mundo de 1930 e neste mesmo ano seria contratado pelo Boca Juniors, que havia sido o vice de 1929. Varallo, último sobrevivente do mundial de 1930, faleceu no último dia 30, aos cem anos.

2) A maior goleada do Lobo e o quase rebaixamento do Pincha

A maior goleada em um Clásico Platense que o Gimnasia aplicou foi um 5 a 2 em 25 de agosto de 1963. Esse jogo foi válido pela 15ª rodada da Primeira Divisão daquele ano.

No entanto, o campeonato de 1963 poderia ter dado mais uma alegria para os torcedores do Gimnasia. Se o rebaixamento não tivesse sido cancelado, o Estudiantes era a equipe que cairia para a segunda divisão com uma média de aproveitamento de pontos de 0,785. Tudo isso graças à bi-vice-lanterna que a equipe conseguiu em 1961 e 1962.

Aliás, 1962 foi um dos anos que o Gimnasia ficou muito próximo do título, na terceira colocação. Com 38 pontos, ficou a 2 do vice River Plate e a 5 do campeão Boca.

3) A Invencibilidade Albiazul

De 1986 a 1991, o Gimnasia jogou 10 Clásicos Platenses sem perder para o Estudiantes de La Plata. Foram três vitórias e sete empates. Essa marca nunca foi nem igualada pelo Pincha.

Em 1986, pela Primeira Divisão 1985/86, o Gimnasia venceu por 1 a 0 em 23 de fevereiro. Em 31 de agosto, agora pela temporada 1986/87, o Gimnasia venceu por 2 a 1.

Em 1987, ainda pela 1986/87, as equipes empataram sem gols em 7 de fevereiro. Em 4 de outubro, foi a vez de empatar em 1 a 1 pela Primeira Divisão 1987/88.

Em 1988, pela 1987/88, o empate foi de 2 a 2 em 28 de fevereiro. Já em 6 de dezembro, o Gimnasia venceu por 2 a 0 pela temporada 1988/89.

Em 1989, pela 1988/89, as equipes empataram em 1 a 1 em 7 de maio. No entanto, nesse campeonato, tinha uma regra de que, em caso de empate, teria disputa de pênaltis. Neste jogo, vitória apertada nos penais para o Gimnasia, 2 a 0. Ainda em 1989, mas pela Primeira Divisão 1989/90, o jogo foi um empate sem gols (e sem desempate por pênaltis) em 29 deoutubro.

Em 1990, pela 1989/90, as equipes empataram em 1 a 1 em 25 de abril. Em 22 de dezembro, pelo campeonato 1990/91, o empate foi sem gols. Essa foi a última partida do Gimnasia que perderia, nesse campeonato, por 2 a 0 em 30 de junho de 1991.

São histórias como essas que fazem o jogo entre as duas equipes de La Plata ser considerado um clássico. Além disso, elas provam que o Gimnasia pode ser um Lobo Feroz para os pincharratas.

Rafael Duarte Oliveira Venancio

Em 2010, na primeira versão desse texto, Rafael Duarte Oliveira Venancio escrevia para o Futebol Portenho, era professor do Senac e doutorando na USP. Em 2014, era professor doutor da Universidade Federal de Uberlândia e mantinha o blog Lupa Esportiva no Correio de Uberlândia. Agora, em 2020, é pós-doutor pela ECA-USP, além de escritor e dramaturgo com peças encenadas em 3 países e em 3 línguas. Nestes 10 anos, sempre tem alguém comentando este texto com ele, seja rindo, seja injuriado...

View Comments

  • A história do classico é lindíssima. Torcerei muito para o Lobo, porém acho que infelizmente esse jogo ficará com os Pinchas. Pelo o que ando vendo o Cocca já perdeu o time e a torcida protestará muito contra ele durante o jogo. Espero estar errado, e se quiserem derrubar o DT que façam isso depois do classico, porque a mais apaixonada de La Plata não merece mais uma derrota para o arqui-inimigo.

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