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Palermo e seu último Superclássico

Eis que chegou o último clássico, tão inevitável quanto emocionalmente marcante. Aos Xeneizes, o pior sentimento possível. Vão ficar orfãos de um dos maiores herois deste duelo (por vezes) sangrento. Para os millonários, a quem El Loco aprendeu a chamar de Gallinas, sensação de alívio. Um incômodo a menos na hora de encarar os inimigos “bosteros”. Um misto antitético de alegria e tristeza rodeia o último Boca x River de Martín Palermo, sediado com justiça na Bombonera neste domingo (15/5).

A relação entre o Titán e seu jogo favorito começou, naturalmente, de forma intensa. Há quase 14 anos, no Apertura 97. Um clássico já iluminado por ser o último de Maradona como jogador. Igualmente por ser a estreia de Juan Román Riquelme, de quem se tornaria inimigo jurado mais tarde. Mas Palermo não se deixaria ofuscar por tantos atrativos extras e puxou para si os holofotes da caixa de bombons. E o mundo auriazul se reverenciou ao gol daquele jovem loiro de 23 anos, o da vitória por 2 a 1. De cabeça, como se tornaria bem característico dele.

Houve também gols curiosos, típicos de um legítimo “otimista do gol”, um dos vários apelidos atribuídos a Palermo. Em amistosos de verão eles eram mais frequentes. Num deles roubou a bola de um zagueiro e chutou para o gol que Burgos deixou vazio. Outro inconfundível foi o “gol morcego”, em Mar del Plata, por não ter cerimônia alguma ao se pendurar no travessão para cabecear e marcar. Até de pênalti também não negou fogo. Da marca da cal, fez o primeiro contra o River após voltar da Europa diante de German Lux.

Entretanto, nenhum deles se tornou tão celebre quanto o mais inesquecível dos gols do Loco em Supers. Semifinal da Copa Libertadores 2000. Palermo não tinha condições físicas de entrar em campo. Sentou no banco de perna enfaixada pós cirurgia no joelho, a pedido de Carlos Bianchi. O jogo contra o River na Bombonera já estava decidido pois o placar de 2 x 0 servia para chegar à final. Ainda assim, o Virrey confiou no atacante, que pouco antes do fim, mostrou o porquê.

Román começou o lance, Battaglia conduziu a bola até a grande área onde serviu o Titán. Ele superou a dificuldade e marcou “o gol de muletas”. O choro da comemoração confundia alegria e agonia pela dor na perna.

Ao todo, 17 gols de Palermo com a camisa Xeneize sobre o River Plate. Em jogos oficiais, foram oito até este domingo. Dois a menos que a maior figura goleadora do Superclássico: Paulo Valentim, brasileiro de dez tentos em duelos tanto pelo Nacional como pela Libertadores.

Números que asseguram a grandeza de Martín Palermo no clássico mais vibrante da Argentina. Um mito que se apresenta diante de fãs e rivais numa derradeira oportunidade. Talvez até mais emblemática que o compromisso final, diante do Gimnasia no mês que vem, quando enfrentará o eterno amigo Schelotto. Qualquer preço de ingresso ou pay-per-view será pouco diante deste espetáculo, para dar adeus a um ídolo da partida que mais lhe consagrou e alegrou durante a carreira no futebol.

Confira trechos da entrevista de Palermo nesta quinta (12/5).

ULTIMO CLÁSSICO – “Por ser meu último clássico quero viver ele como vivi cada um, que é especial, que se vive de uma maneira diferente desde o princípio da semana por tudo que ele gera. As pessoas sabem que quando chega o domingo, no gramado é um espectáculo a parte que se vive tanto dentro fora do campo. E na Bombonera é mais que especial”.

POSSIBILIDADE DE MARCAR GOL NO RIVER – “Seria uma anedota a mais. Já fiz um gol no primeiro Super e tomara que tambem marque no último. Não sei dar tanta importancia a um jogo mais que ao todo que passou, mas o desejo por dentro é de ganhar. Depois, que venham as alegrias extras. Fazer gols vai mais alem. O desejo é de vencer”.

RIVER NA PROMOCIÓN – “Deixar o River na Promoción para mim não significa nada. Talvez sim para o hincha, porque vai se deleitar, aparecerão as fotos, as zoações… Mas antes de dizer algo prefiro me calar. Porque não gostaría que o Boca possa estar numa situação assim e que os jogadores do River gerem um momento constrangedor por dizer algo sem pensar.”

Rodrigo Vasconcelos

Rodrigo Vasconcelos entrou para o site Futebol Portenho no início de julho 2009. Nascido em Buenos Aires e torcedor do Boca Juniors, acompanha o futebol argentino desde o fim da década passada, e escreve regularmente sobre o Apertura, o Clausura e a seleção albiceleste

View Comments

  • saudades ja do GRANDE MARTIN PALERMO muchas gracias por su goles!!!DALE

    verdade quem sera o substituto dele?

    AGUANTE EL LOCO!!!

  • Esse jogo entre Gimnasia x Boca, caso seja transmitido pela EI, certamente irá me fazer chorar, Ver Guillermo e Palermo, dois dos meus maiores heróis, exemplos de vida, deixando o futebol no mesmo jogo será demais pra mim.

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