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Esgotada em sua paciência, torcida do River pede por Ramón Díaz

Insatisfação da torcida ignora prestígio de Almeda

Os incidentes causados ontem em Liniers pelos hinchas do River ganharam tamanha repercussão que até deixou para um segundo plano a bela vitória do Vélez diante de seus torcedores. E no meio da confusão, uma voz sentenciava o possível futuro de Matías Almeyda no banco millonario: “cantemos todos para que volte Ramón”.

Um espetáculo de horror e uma prova da incompetência principalmente da polícia para lidar com o caso. Foi esse o retrato mais fiel do que ocorreu ontem na cancha fortinera. Inconformados com a derrota de sua equipe, alguns torcedores do River subiram no alambrado do estádio e por muito pouco não invadiram o gramado para agredirem a quem encontrassem pela frente. Na confusão, muitas coisas chamaram a atenção. Entre elas se destacam a ação dos policiais, a facilidade com que os torcedores podem invadir o campo de jogo do Amalfitani e, sobretudo, um certo canto, ouvido no setor ocupado pelos hinchas millonarios.

De uma hora a outra, inúmeros torcedores subiram no alambrado e simplesmente desparafusaram as telas que os separavam do campo de jogo. A facilidade com que praticaram a ação foi notável e diz muito sobre a própria condição do estádio fortinero. Para combatê-los, apareceram alguns “miseráveis” policiais com as suas torneiras ineficientes. A cena em que os oficiais molhavam os torcedores era simplesmente patética. Em nenhum momento se percebeu a presença de um número significativo de homens da lei, e tudo indicava que se os hinchas seguissem com o seu plano de invasão dificilmente seriam contidos.

Um canto bem comum era entoado e criticava a gestão Daniel Passarella à frente do Millo. Contudo, chamou a atenção um canto novo, que vem ganhado força entre os torcedores de todas as tribunas. Ele se voltava contra o comando de Matías Almeyda, que tem perdido prestígio entre os torcedores. E para que a agressão fosse ainda mais significativa, os hinchas louvaram o nome de um outro treinador: Ramón Díaz. “Cantemos todos para que volte Ramón”, era a consigna que era entoada pelo hinchas enfurecidos.

A insatisfação vem de muitas coisas soterradas dentro do peito do torcedor, do comum ao barra. Só que ela tem se materializado agora no péssimo aproveitamento do time no Torneio Inicial. Dos 21 pontos disputados, o River ganhou apenas nove. Além disso, pode parar na zona de descenso direto, caso perca na próxima rodada e haja certa combinação de resultados.

Este aproveitamento negativo é reconhecido até por Matías Almeyda. Porém, o que o Pelado não reconhece é que seu time ainda não ganhou um padrão de jogo, mesmo quando disputava e liderava a B Nacional. Essa situação se choca com a história e o gigantismo do clube, que não se configurou ao longo dos tempos para ser visto apenas como uma equipe mediana.

A ausência de bom senso contamina os dirigentes, mas também ao técnico Almeyda, que em nenhum momento sinaliza com a possibilidade de deixar o cargo.

Um forte temor entre os torcedores é o de que a birra e teimosia de Passarella voltem a prevalecer, assim como ocorreu um 2011, quando todos pediam a saída de Juan José López, bancado pelo dirigente até o descenso da equipe. A julgar pelo que foi visto na B Nacional, Passarela continua apostando no nome de Almeyda como um alívio, já que por ser um ex-ídolo millonario o treinador esconderia mais facilmente os desmandos e a incompetência do cartola na presidência do clube. A situação se agrava e não dá sinais de que as coisas fiquem tranquilas se não for exclusivamente pelos bons resultados dentro de campo.

Joza Novalis

Mestre em Teoria Literária e Lit. Comparada na USP. Formado em Educação e Letras pela USP, é jornalista por opção e divide o tempo vendo futebol em geral e estudando o esporte bretão, especialmente o da Argentina. Entende futebol como um fenômeno popular e das torcidas. Já colaborou com diversos veículos esportivos.

View Comments

  • O Passarella hesita em tirar o Almeyda e trazer o Ramón Díaz porque ele sabe que, ao fazê-lo, terá no banco do Monumental uma pessoa com carisma que pode, em sua visão distorcida de mundo, rivalizar com o dele.

    E ninguém recebe o apelido de Kaiser por acaso. Como se não bastasse ser torcedor do Boca na infância - o fato de tê-lo assumido é irrelevante para muitos -, possui uma soberba notória mesmo para os (elevados) padrões argentinos. Lembrem da Copa de 98, quando ele tinha um timaço nas mãos e o fez jogar de maneira burocrática e defensiva.

  • Coisa de doido esse clube, esses dirigentes e esse técnico só fazem mal para o River. Por que que todos eles não deixam o River em paz?

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