Desde Buenos Aires – Sentado no conforto do seu trono, o monarca sentenciou: “A volta do público visitante será assunto na reunião de conselho a ser realizada amanhã”, palavras de Don Julio Grondona. Todas as semanas o comitê executivo da entidade, formado por dirigentes do principais clubes do país, se reúne e discute temas importantes do futebol argentino. Para o próximo encontro, Grondona fez questão de deixar claro que a decisão sobre a presença ou não de torcida visitante caberá exclusivamente ao comitê, e assegurou que não vai exercer qualquer tipo de pressão nesse debate.
Mas a realidade nem de longe se assemelha ao discurso do presidente da AFA. É notório e público o poder quase ditatorial com que Don Julio comanda a instituição, e todos sabem que apenas com seu aval (e lobby) o futebol voltará a celebrar nos estádios, todos os seus gols. “Prefiro não opinar, vou respeitar o que for decidido na reunião. Tudo está nas mãos dos clubes”, afirmou aos meios de imprensa locais.
Também reconheceu que o sistema AFA Plus, que realiza o reconhecimento dos torcedores através das impressões digitais, só deverá entrar em vigor a partir do próximo ano. A ideia foi gerada no escritório do próprio mandatário e é apontada por ele como a “possível solução para a violência no futebol”. Mas caso o conselho resolva pelo retorno dos visitantes ainda neste ano, toda padronização e investimento no programa não encontraria qualquer utilidade.
Na semana passada o senador argentino e ex-presidente do Quilmes, Aníbal Fernández, disse que deseja ver o quanto antes o AFA Plus em funcionamento e assegurou que isso só não aconteceu até agora, porque Boca e River não conseguem resolver os problemas com suas barras bravas; “Boca, River e aqueles que estão dificultando as coisas porque não sabem como resolver a situação com suas torcidas, que resolvam logo. E se os violentos não puderem entrar, então que não entrem”, disparou Fernández.
A resposta não demorou em chegar e veio do presidente do Boca, Daniel Angelici; “A segurança é responsabilidade do Estado.
Nesse clima de total discordância e repasse de responsabilidades, o futebol argentino se vê refém dos violentos nos estádios e dos incapazes engravatados nos escritórios. O tempo não detém a sua marcha e o dia 06/10, domingo de superclássico no Monumental, já aparece na folhinha…
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