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Em torneios internacionais, Boca Juniors tem larga vantagem sobre o rival River Plate

FOTO: AFP

Nesta quinta-feira, às 21h45, Boca e River farão o 25º jogo entre as equipes em torneios internacionais, seja de Libertadores, Supercopa dos Campeões ou qualquer outro certame. Pela Sul-Americana, no entanto, será o primeiro confronto da história. Pelo futebol apresentado pelas equipes nos últimos meses, o River é favorito. Contudo, pelo histórico em Copas, o Boca tem a sua hegemonia.

Nos 24 jogos que antecedem os próximos dois duelos, o Boca Juniors tem uma vantagem de 10 vitórias contra apenas seis do River Plate. Além disso, soma várias classificações sobre os rivais. Para se ter uma ideia, desde 1986, quando o River conquistou sua primeira Libertadores, aquela foi a última vez que o clube conseguiu se classificar sobre o seu rival.

De lá para cá, são três competições em que o Boca comemora a classificação sobre os seus rivais. Soma-se ainda outros três torneios em que levou a melhor sobre o River, todos da década passada, contra apenas quatro do Millionario.

As mais recentes estão na memória dos torcedores de ambos os clubes, mesmo que de forma dolorosa. Em 2004, a última vez que as equipes se enfrentaram em um torneio continental, é uma das mais marcantes. Assim como em 2014, as duas partidas foram apenas com torcida local, por medida de segurança. Na Bombonera, o Boca Juniors venceu por 2×1. O que se lembra do jogo, no entanto, foi um arranhão de Marcelo Gallardo, hoje técnico do River Plate, no rosto de Abbondanzieri, ex-goleiro do Internacional.

No duelo de volta, o River Plate devolveu o 2×1, no Monumental de Núñez. O gol de Tévez, no entanto, ficou marcado pela provocação, quando imitou uma galinha ao comemorar o gol, em referência à torcida do rival. Na Argentina, no entanto, os torcedores do River se sentem ofendidos com o termo ‘gallina’, assim como os adeptos do Boca não gostam de serem chamados de bosteros. Ainda que atualmente popularizados pelos próprios alvos, os mais antigos não gostam de tais termos. Nos pênaltis, Maxi López, ex-Grêmio, perdeu um dos pênaltis e o River, em casa, foi eliminado. Leia mais clicando aqui.

Quatro anos antes, também na Libertadores, se não existisse a tecnologia de hoje, muitos diriam que se tratava de um mito. Carlos Bianchi, técnico do Boca na época, convocou nada menos que Martín Palermo para o jogo. Nada de mais, se não fosse o fato de que o atacante ainda estava se recuperando de uma cirurgia no joelho, com apenas 20% de condições de jogo, segundo relatos da época.

Quando a partida já estava 2×0 para o Boca, se classificando, o atacante entrou. Já nos acréscimos, Battaglia cruzou para Palermo, que sem condição alguma de ficar em pé, conseguiu girar com dificuldade e bater com a perna esquerda no canto esquerdo. O gol e sua comemoração lhe renderam mais seis meses de molho, mas a classificação para as semifinais.

Em 1994, há 20 anos, foi a vez de Navarro Montoya escrever seu nome nos clássicos e no Boca Juniors. Pegou um dos pênaltis de Sergio Berti na decisão, após 0x0 e 1×1 nos dois confrontos, e classificou o time para as semifinais da extinta Supercopa. Curiosamente, nos dois duelos que avançou nos pênaltis, o Boca não foi campeão. Em 1991, pela primeira fase, venceu por 4×3 na Bombonera e por 2×0 no Monumental, com dois gols do garoto Batistuta. Ex-River, Batigol ainda não havia triunfado no futebol até aquele semestre, onde enfim deslanchou a carreira.

O River Plate, por sua vez, teve seu último momento de glória em um clássico em 1986, ano em que conquistou pela primeira vez a Libertadores. Na situação, pela primeira fase, venceu o Boca Juniors (onde começava a jogar Raúl Lalo Maradona, irmão de Diego) por 1×0 no Monumental de Núñez, com gol do uruguaio Alzamendi, o mesmo que meses depois faria o gol do único título mundial do clube. Como alento aos Millonarios, hoje o River conta com outros dois uruguaios em seu plantel: Carlos Sánchez e Rodrigo Mora, jogadores que vem sendo o diferencial da equipe, juntamente com o colombiano Teo Gutierréz.

Esses duelos continentais tiveram início na Libertadores de 1966. Antigamente, a fase inicial do torneio colocava duas duplas, cada uma de um mesmo país, em nome da logística precária da época. E isso fez com que Boca e River se encontrassem várias vezes na fase de grupos. Em 1966, cada um venceu em casa e voltaram a se reencontrar também no triangular-semifinal, com o então bicampeão Independiente.

Naquela primeira semifinal entre os dois, o River foi melhor, em termos. Mesmo perdendo em casa, empatou na Bombonera e soube superar mais o Independiente, conseguindo a vaga na final. Mas não pôde terminar sorrindo: foi justamente após perdê-la por 4×2 um jogo que vencia o Peñarol por 2×0 é que o clube e torcedores passaram a ser gozados de “gallinas”.

Em 1970, a dupla voltou a se reencontrar na primeira fase e no triangular-semifinal. Na primeira fase, o Boca venceu dentro e fora de casa. Na semifinal, a supremacia foi do River, que venceu no Monumental e empatou na Bombonera. Mas nem assim terminou sorrindo: quem se classificou à decisão no triangular foi outro argentino, o Estudiantes, que acabaria (tri)campeão. Em 1977, de novo se pegaram na duríssima fase inicial, onde só o líder avançava. Vencendo em casa e empatando fora, o Boca avançou e adiante venceria pela primeira vez a Libertadores, sobre o Cruzeiro.

O triangular-semifinal foi o formato da semifinal até fins dos anos 80, e nessa fase Boca e River se cruzaram em 1978, 1982 e na já mencionada de 1986. Na primeira, que envolvia nessa fase também o Atlético Mineiro, mais festa do Boca: após empatar na Bombonera, conseguiu arrancar um 2×0 no Monumental e assim avançou à final, onde seria (bi)campeão. Foi ainda por cima com dois gols de ex-jogadores rivais, Ernesto Mastrángelo e Carlos Salinas.

As outras duas foram mais bem memoráveis ao River. Em 1982, apesar de não ter saído campeão, conseguiu avançar na fase de grupos deixando o seu rival Boca Juniors na laterna. Na situação, empatou na Bombonera, sem gols, e venceu por 1×0 no estádio Monumental de Núñez. Desta vez com gol argentino, de Enzo Bulleri. Na segunda fase, no entanto, não venceu nenhum jogo, perdendo para Peñarol-URU (futuro campeão) e Flamengo nas quatro oportunidades.

É bem verdade que a partir das 21h45 desta quinta-feira, todos os fantasmas do passado, recente ou não, será deixado de lado. O River conta um time mais pronto e bem armado contra um Boca em reformulação após inúmeros fracassos. Mas é certo que os Xeneizes tentarão impor o seu peso histórico. E o River apagar a série negativa que já dura 28 anos, ou três eliminatórias.

Boca Juniors – Agustín Orión; Leandro Marín, Juan Forlín, Daniel Díaz, Nicolás Colazo; Marcelo Meli, Cristian Erbes, Fernando Gago; Juan Manuel Martínez, Jonathan Calleri e Andrés Chávez. Técnico: Rodolfo Arruabarrena

River Plate – Marcelo Barovero; Gabriel Mercado, Jonatan Maidana, Ramiro Funes Mori, Leonel Vangioni; Carlos Sánchez, Guido Rodríguez (Leonardo Ponzio), Ariel Rojas; Leonardo Pisculichi; Rodrigo Mora e Teófilo Gutiérrez. Técnico: Marcelo Gallardo

Estádio: Bombonera
Horário: 21h45 (Sportv e Fox Sports)
Árbitro: Silvio Anibal Trucco (ARG)

Em colaboração com o caderno Torcida, do Jornal de Brasília, nossa matéria também saiu no impresso. Confira!

Thiago Henrique de Morais

Fundador do site Futebol Portenho em 2009, se formou em jornalismo em 2007, mas trabalha na área desde 2004. Cobriu pelo Futebol Portenho as Eliminatórias 2010 e 2014, a Copa América 2011 e foi o responsável pela cobertura da Copa do Mundo de 2014

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