Elementos em comum entre River Plate e Argentinos Jrs
As oitavas-de-final da Libertadores 2021 marcam um retorno a epopeias de 1986. Era um tempo em que River e Argentinos Jrs tinham os dois maiores times do país, algo referendado pelas semifinais da Libertadores daquele ano. Uma passagem de bastão simbólica se viu em janeiro, em um eletrizante 5-4 para os de Núñez sobre o valoroso elenco do bairro de La Paternal, que por muito pouco não fora campeão mundial sobre a Juventus um mês antes. A conquista de 1985 do Argentinos foi a primeira na Libertadores de um time considerado pequeno em seu próprio país e aumentou as pressões para um River ainda virgem no torneio e que reagiu prontamente em 1986, mas sem facilidades. Hora de relembrar o que mais os une.
Os embates pela Libertadores se resumem ainda àquelas semifinais de 1986. Como campeão de 1985, o Argentinos entrou já na fase de triangular-semifinal, enquanto o River avançou na fase de grupos tirando do caminho um Boca que tentara até promover, na esteira da apoteose maradoniana no México, a estreia de seu inábil irmão Raúl Maradona. No triangular, a dupla argentina encarou o Barcelona de Guayaquil. O primeiro jogo foi o duelo doméstico, encerrado em 0-0, no estádio do Vélez, alugado pelo Bicho. A dupla então viajou ao Equador. Enquanto o Barcelona derrotou por 1-0 o então campeão, o River massacrou mesmo como visitante: 3-0 seguido de um 4-1 no Monumental.
A vaga na decisão parecia certa ao Millo: bastava fazer o dever de casa contra o Argentinos no jogo seguinte. Mas os seguidos traumas em La Copa foram revividos por uns dias em Núñez: mesmo no Monumental, os visitantes ganharam de 2-0 – a foto que abre a matéria, mostrando disputa do barbudo Sergio Batista com Oscar Ruggeri (recém-vencedores da Copa do Mundo), é dessa partida. Ao ganharem de 1-0 do Barcelona em casa na sequência, os colorados forçaram um jogo-extra, onde o campo do Vélez, agora como estádio neutro, foi novamente utilizado. Pelo melhor saldo de gols, o River jogaria pelo empate, mas a igualdade nos 90 minutos ainda forçaria uma prorrogação.
Curiosamente, naquela ocasião o Argentinos também estreou na Libertadores a um irmão de Dieguito, Hugo Maradona (destaque no ano anterior no título sul-americano sub-17 da seleção, é verdade). Um 0-0 dos mais nervosos da história riverplatense prevaleceu ao fim de 120 minutos. Quem acompanhava o time na época não hesita em dizer que foi a parte mais complicada da conquista. Mais até do que as finais, com o América de Cali amplamente superado nos dois jogos.
Mas jogos de caráter decisivos estão longe de ser raridade entre River e Argentinos Jrs. Uma certa frequência do duelo garantir título argentino ao Millo e uma boa relação entre as diretorias até alimentou uma percepção de confronto arranjado. A primeira vez foi em 1937, quando o River garantiu a taça na antepenúltima rodada com um 6-0 no estádio do Ferro Carril Oeste, alugado pelo Bicho, já rebaixado naquela altura. Destaque para a tripleta daquele que é considerado o maior jogador argentino até a aparição de Maradona: José Manuel Moreno somou os três gols ainda com 23 minutos de partida.
Aquele era só o quarto título argentino do River na história. Muitos outros vieram depois. Mas também sobreveio um longo jejum após a conquista de 1957. Foram dezoito anos de seca, encerrada na antepenúltima rodada do Metropolitano de 1975. O detalhe é que justamente naquela ocasião histórica os jogadores profissionais foram impedidos de participar, em função de uma greve do sindicato da categoria. O líder teve que recorrer às pressas a juvenis reforçados pelo terceiro goleiro Alberto Vivalda. Mas, ainda assim e fora de casa (no campo do Vélez, alugado pelo adversário), venceu por 1-0, embora nenhum dos desconhecidos garotos viessem a ter lugar, boicotados pelos revoltados titulares.
Em meio ao jejum, o Argentinos lutou pela primeira vez pelo título em 1960. A taça ficou com o Independiente e uma reação no segundo turno permitiu que o River ultrapassasse os azarões na segunda colocação, o que mascarou que o concorrente real ao Rojo de Avellaneda foi a turma de La Paternal. Em 1979, River e um Argentinos já orquestrado por Maradona concorreram arduamente pelos dois torneios. No Torneio Metropolitano, líder e vice-líder dos dois grupos avançavam aos mata-matas e o Millo liderou o seu, em corrida esgotante demais ao Argentinos: por um ponto a menos, ele precisou disputar um jogo-extra com o Vélez e levou a pior. Adiante, River e Vélez fizeram a própria final, favorável à Banda Roja.
Em 1980, o River foi campeão com sobras, mas enfim o Argentinos Jrs maradoniano conseguiu o vice-campeonato que lhe escapara em 1960. Dieguito logo rumaria ao Boca, sob empréstimo, e ao Barcelona, em venda definitiva – em negócios que permitiram ao clube de origem da joia fomentar o timaço que tomou o país e o continente de assalto entre 1984-86, dividindo com o próprio River o esqueleto da Argentina campeã no México: se Núñez enviou Ruggeri, Nery Pumpido, Héctor Enrique e moldara Daniel Passarella (da Fiorentina), La Paternal enviou Batista, Claudio Borghi (eles próprios futuros jogadores riverplatenses, como veremos) e moldara o talismã Pedro Pasculli (já no Lecce) e, claro El Diez.
É a partir dos anos 90 que as suspeitas começam a recair no duelo. Não exatamente em 1991, quando um River arrasador foi campeão na antepenúltima rodada de um torneio em turno único mesmo perdendo-a como mandante do Argentinos. Mas é fato, primeiramente, que o Bicho mal ofereceu resistência nos outros encontros continentais das duas equipes: perdeu tanto a ida como a volta nos duelos iniciais da Supercopa 1992 e da Supercopa 1993. Depois, se encontraram na rodada final do Apertura 1993.
O uruguaio Gabriel Cedrés, então no Argentinos, teve sua contratação anunciada pelo River na antevéspera, mas jurou profissionalismo. De fato, mesmo no Monumental, o Argentinos arrancou um empate após sair perdendo. Só que a igualdade era mesmo o suficiente para o Millo ser campeão de um dos torneios mais embolados da história (só quatro pontos separaram o campeão do nono colocado). Foi mesmo no fim do Apertura 1997 que a El Gráfico estampou uma capa com a manchete “houve arranjo?”. É que novo 1-1 na rodada final bastou para o River ser tricampeão seguido, mesmo com duas derrotas nas costas – um ponto à frente de um Boca derrotado uma única vez e que soubera prevalecer no próprio Superclásico no Monumental. Foi um torneio histórico, a marcar as aposentadorias de Francescoli e de Maradona.
Em 2002, o River, concorrendo com o Gimnasia LP e o Racing, voltou a ser campeão no duelo com o Argentinos Jrs: um massacre de 5-1, com destaque aos três gols do garoto Fernando Cavenaghi. Por fim, outro duelo chamativo foi o da penúltima rodada do Torneio Final de 2013-14. O Argentinos já estava rebaixado quando recebeu um River que iniciava sua reconstrução, em busca da primeira taça desde a volta da segundona. O 2-0 dentro de La Paternal não garantiram matematicamente o título, mas permitiram uma mão já sentir a taça; o River concorria com a dupla Estudiantes e Gimnasia e manteve-se líder isolado com aquele triunfo. Terminaria mesmo campeão e de volta à Libertadores para a edição 2015. O resto é a história conhecida da Era Gallardo (iniciada logo depois: o treinador campeão argentino ainda era Ramón Díaz).
O Argentinos Jrs tem três títulos na segunda divisão em anos de conquistas do River: 1955, temporada 1996-97 (em que o Millo faturou tanto Apertura como Clausura) e temporada 2016-17 (quando o River venceu a Copa Argentina). A dupla também sorriu junta naquele 1986, aliás: enquanto o River garantia a primeira tríplice coroa do futebol argentino, ao vencer o torneio de 1985-86, sua primeira Libertadores e seu único Mundial, o Argentinos faturou em dezembro daquele ano a Copa Interamericana ainda válida pelo ano de 1985. Trata-se do tira-teima esquecido, mas oficial, que havia entre os campões da Libertadores e da Concacaf. Quem muito via valor era mesmo alguém da Concacaf: o panamenho Armando Dely Valdés marcou o único gol do embate em jogo-único em Trinidad e Tobago sobre o clube local Defense Force.
Hora de destacar os nomes mais representativos a passarem pela dupla.
QUERIDOS NOS DOIS
Juan Carlos Iribarren: esse zagueiro foi o primeiro jogador do Argentinos Jrs a chegar à seleção, em 1922. Dez anos depois, El Vasco esteve no primeiro título argentino profissional do River, seguindo na seleção. Foram 15 anos de Albiceleste, pois, já no Chacarita, esteve na vitoriosa Copa América de 1937.
Luis Vassini: outro defensor, dividiu os anos 30 entre os dois clubes. Esteve em La Paternal de 1929 a 1935, reforçando o River a partir dali até 1940 para ser titular no bicampeonato argentino de 1936-37.
Martín Pando: atacante daquele Argentinos Jrs que foi o virtual vice-campeão de 1960, Pando foi incorporado pelo River em 1962, ano em que esteve na Copa do Mundo. Calhou de vivenciar o traumático bivice argentino de 1962 e 1963, marcado por derrotas no Superclásico nas retas finais. Após parar de jogar, voltou a Núñez como técnico juvenil, ocasionalmente assumindo o principal como interino. Seu falecimento, em maio desse 2021, foi muitíssimo lamentado por diversas personalidades riverplatenses.
Delém: brasileiro mais representativo da história do River, defendeu o clube de 1961 a 1966. Mal marcado pelo pênalti perdido no Superclásico decisivo de 1962, o atacante reabilitou-se como um agudo técnico juvenil nos anos 90, polindo diversos ídolos ou vendas expressivas para Núñez. No Argentinos, foi o treinador do forte elenco de 1979.
Enrique Wolff: formado no Racing, Quique chegou ao River em 1971 e ficou até pouco depois da Copa do Mundo de 1974, na qual fora o capitão da Argentina. O lateral-direito esteve justamente nos anos finais do jejum de 1957-75, mas é ocasionalmente votado para o time dos sonhos do clube. Dali rumou à Espanha, onde participou de um tricampeonato com o Real Madrid. Conhecido por Delém desde os tempos de River, foi um reforço chamativo para aquele combativo Argentinos Jrs maradoniano de 1979. Parou de jogar inicialmente ali, retomando rapidamente a carreira no Tigre em 1981 até tornar-se um elogiadíssimo jornalista esportivo em seu país. Já lhe dedicamos este Especial.
Ángel Labruna: símbolo-mor do River. Foram vinte anos e nove títulos argentinos como jogador, entre 1939-59, além de ser o mais velho a jogar e a marcar gol pela seleção – e a defende-la em Copa do Mundo. Como treinador, teve mais de um ciclo em Núñez. O mais icônico, sem dúvidas, o de 1975-81, quando tirou seu clube do jejum para ganhar mais sete troféus argentinos nesse período. Chegou ao Argentinos Jrs em 1983 a tempo de implementar uma mentalidade vencedora sempre reconhecida pelos pupilos campeões em série a partir de 1984. Infelizmente, faleceu com o projeto ainda em andamento, em pleno exercício do cargo naquele 1983. Já lhe dedicamos este Especial.
José Luis Pavoni e Emilio Commisso: ambos coadjuvantes titulares no vencedor River de Labruna, o defensor Pavoni (1977-81 em Núñez, revelado no Newell’s) e o meia Commisso (1976-83, vindo do Racing de Córdoba) tiveram mais protagonismo histórico no Bicho, clube que defenderam respectivamente de 1983-88 e 1984-88 – participando do ciclo do bicampeonato argentino em 1984 e 1985, os primeiros do bairro de La Paternal, com o da Libertadores de 1985. Commisso, inclusive, marcou em duas das três finais necessárias para o troféu continental.
Juan Pablo Sorín: o lateral chamou atenção ainda no Argentinos Jrs, estreando pela seleção adulta em 1994 ainda como jogador colorado – mas ainda servindo a sub-20 na conquista mundial de 1995 na categoria. Juampi foi a única peça daquela seleção a vingar, embora inicialmente não triunfasse na Juventus. Chegou ao River no início de 1996 e o resto é a história mais conhecida, firmando-se como um defensor seguro que volta e meia contribuía também no ataque. Ganhou já naquele ano a Libertadores, ainda não totalmente firmado, para ser já nome intocável no tricampeonato Apertura 1996-Clausura 1997-Apertura 1997 e na Supercopa 1997. Ganhou ainda o Apertura 1999 antes de ser ainda mais ídolo no Cruzeiro.
Leonel Gancedo: volante formado no Argentinos, defendeu por meia década o quadro de La Paternal. Caiu para cima na temporada 1995-96: enquanto o clube a terminou rebaixado, El Pipa (apelido comum na Argentina a narigudos) foi incorporado pelo River recém-campeão da Libertadores. Não virou exatamente semideus histórico em Núñez, mas foi peça assídua na sucessão de títulos comemorados dali até 2000, especialmente nos caseiros – ele é o jogador com mais partidas seguidamente invictas pelo clube, chegando às 40 em 2000. Após a conquista do Clausura daquele ano, foi vendido ao futebol espanhol.
Diego Placente: o defensor celebrou por três camisas em 1997, comemorando a segunda divisão com o Argentinos Jrs, o título mundial sub-20 com a seleção e por fim o Apertura e a Supercopa com o River – ainda que fosse mais assíduo em Núñez no bicampeonato do Apertura 1999 com o Clausura 2000, ano em que rumou ao Bayer Leverkusen. Voltou a La Paternal para encerrar a carreira, embora mal jogasse na temporada 2012-13.
Cristian Ledesma: da mesma camada juvenil do Argentinos Jrs de Riquelme, Cambiasso e Placente, ele seguiu no clube e foi profissionalizado em 1997, ajudando-o a estabilizar-se de novo na elite. El Lobo chegou em 1999 para a primeira de suas diversas passagens pelo River. O volante inicialmente foi reserva no bicampeonato do Apertura 1999 (só três partida) com o Clausura 2000 (só dez), tornando-se um ídolo gradual. Já era titular no Clausura 2002, quando deixou Núñez pela primeira vez, rumo ao Hamburgo. Voltou rapidamente na temporada 2004-05 ao River e no Apertura 2006 ao Argentinos antes de faturar pelo San Lorenzo o Clausura 2007. Foi um dos veteranos que voltaram ao Millo para desatola-lo da segundona em 2011 e seguiu até o fim do redentor Torneio Final de 2014 – com direito a um golaço de fora da área no jogo do título, contra o Quilmes. Depois, fez o mesmo no Argentinos Jrs, reencontrando Riquelme para tirar o Bicho da segundona em 2017.
Leonardo Pisculichi: foram três passagens desse meia-atacante por La Paternal: 2002-05 (quando serviu a seleção sub-20, embora não fosse às Olimpíadas de Atenas), no Torneio Final de 2014 e de 2017-19. A carreira promissora priorizou pé-de-meia no Qatar e na China quando regressou como Messias em vão contra o rebaixamento em 2014. Mas caiu para cima: o River o contratou e ele teve grande destaque na conquista da Sul-Americana naquele ano (marcou o único gol nas semifinais com o Boca e deixou outro nas finais com o Atlético Nacional), encerrando 17 anos de jejum internacional do Millo. Também esteve na reconquista da Libertadores 2015, embora já sem o mesmo hype.
DESTAQUES SOBRETUDO NO RIVER
Luis Rongo: ninguém superou ele em média de gols no River. Foram 58 gols em 48 jogos. O problema é que concorria exatamente com um ídolo popular feito Bernabé Ferreyra, o outro único homem a superar um gol por jogo pelo Millo (187 em 185). Bernabé estava no time desde 1932 e Rongo começou sua história apenas em 1935. Presente no título de 1936, ele participou em parte da campanha bicampeã de 1937 – quando foi então emprestado ao Argentinos Jrs para ter mais sequência de jogos. Em treze partidas como colorado, até deixou oito gols, mas não impediu o primeiro rebaixamento do Bicho; curiosamente, foi campeão e rebaixado no mesmo campeonato. Sem lugar em Núñez, fez valer sua veia artilheira no Fluminense e até no rival do Argentinos, o Platense. Já lhe dedicamos este outro Especial.
Ubaldo Fillol: dispensa apresentações o goleiro da Argentina campeã de 1978. Fillol chegou ao River em 1974 e foi peça ativa nas glórias da Era Labruna, seu mestre desde os tempos de Racing. Em 1982, revoltado com os desmandos financeiros da cartolagem, ele saiu pelos fundos e acertou com o Argentinos Jrs de Labruna. El Pato até serviu a seleção como colorado, mas ficou muito pouco tempo em La Paternal para ser ídolo: em 1983, com a morte do mestre, acertou com o Flamengo após apenas 17 jogos como colorado. Reconciliou-se com o tempo com o River, onde foi treinador de goleiros na década passada. Já lhe dedicamos este outro Especial.
Juan José López e Carlos Morete: outros ícones no River da Era Labruna. No desjejum de 1975, Jota Jota López era um classudo volante e El Puma Morete, o homem-gol. Duramente questionado pela própria torcida nos anos anteriores, Morete aproveitou para sair em alta, acertando com o Las Palmas. Já López seguiu em Núñez até o fim de 1981. Eles dois se reencontraram com Labruna no Talleres semifinalista em 1982, chamariz para Morete acertar em seguida com o Independiente e López, com o Boca. E passaram por aquele momento vencedor do Argentinos Jrs entre 1984-85, embora como reservas. Já dedicamos este outro Especial a López, muito mais que o técnico rebaixado com o River em 2011, e este outro a Morete.
Julio Olarticoechea: formado no Racing, chegou ao River no segundo semestre de 1981, no desmanche do bom elenco racinguista do Metropolitano daquele ano. El Vasco foi campeão do Torneio Nacional e foi à sua primeira Copa do Mundo dali a um ano. Só que a péssima administração do clube a tanto irritar Fillol custou que a fase do elenco fosse mantida. Olarticoechea esteve tanto na equipe salva do rebaixamento em 1983 pelos promedios (em campo, foi vice-lanterna) como também foi o capitão do time que saltou para o razoável mas insatisfatório vice-campeonato no torneio seguinte. Acabou virando moeda de troca com o Boca, passando diretamente ao rival no início de 1985. No Argentinos Jrs, ele esteve apenas na temporada 1987-88, acertando ao fim um regresso a seu Racing. Já lhe dedicamos este outro Especial.
Walter Silvani: defendeu o River quase seguidamente de 1989 a 1995, desconsiderado um empréstimo rápido ao Argentinos Jrs para o Clausura 1994. É que El Cuqui era daqueles atacantes bancados pelo treinador (primeiramente Daniel Passarella e depois Américo Gallego) mesmo sob críticas frequentes da torcida; nunca caiu totalmente no gosto millonario, mas foi figura assídua na sequência de títulos dos mestres, especialmente no Apertura 1993. Foi melhor reconhecido na Universidad de Chile semifinalista contra o próprio River na Libertadores 1996.
Gabriel Cedrés: o uruguaio veio do seu Peñarol para defender o Argentinos Jrs no Apertura 1993, finalizado só em março de 1994. A estadia em La Paternal foi boa, mas fugaz demais para fazer dele um ídolo. E foi boa a ponto de render um negócio com o River acertado ainda antes do fim daquele torneio. Cedrés ganharia em Núñez o Apertura 1994 e a Libertadores 1996, onde era visto como uma alternativa mais ofensiva do que Sorín para os jogos em casa. O problema foi ter rumado diretamente ao Boca pouco após a conquista continental… e ainda marcar pelo rival em dois Superclásicos seguidos.
Esteban Cambiasso: ainda como juvenil não-profissionalizado pelo Argentinos Jrs, foi uma das estrelas do mundial sub-20 de 1997 e imediatamente negociado com o Real Madrid. Só que os merengues tardaram até a temporada 2002-03 para utiliza-lo, fogueando El Cuchu em empréstimos ao Independiente (entre 1997-2001) e ao River na temporada 2001-02. O volante ficou pouco em Núñez, mas foi protagonista na conquista do Clausura 2002, com direito a gol em recordado 3-0 dentro da Bombonera sobre o Boca – a última goleada do Millo em Superclásico na casa rival.
DESTAQUES SOBRETUDO NO ARGENTINOS
Héctor Pederzoli: sete anos de Argentinos Jrs (1953-59), incluindo o título da segundona de 1955 (o Bicho padecia nela desde aquele rebaixamento com Rongo em 1937) e breve passagem pela seleção o fizeram ídolo histórico em La Paternal. Mas, no River, esse volante durou pouco. Após duas temporadas fracas, seguiu a um já decadente Huracán em 1962.
Ricardo Ramaciotti, Juan Malazzo, Juan Valentino, Alberto Sáinz, Mario Ditro e José Luis Luna: em comum, todos eles integraram o celebrado Argentinos Jrs que lutou pela primeira vez pelo título, em 1960. E, em comum, o fracasso no River. Os três primeiros defenderam sem brilho o Millo nos anos 50 e reforçaram o Bicho exatamente naquele campeonato. Os três últimos, por sua vez, eram egressos da base colorada e tiveram na campanha um trampolim para Núñez – convivendo todos com aqueles tempos de jejum, qualidade própria à parte: Sáinz jogaria como riverplatense a Copa de 1962 enquanto Ditro e Luna passariam ambos também pelo Boca (Luna enfim se consagraria no Vélez campeão pela primeira vez, em 1968).
Claudio Borghi: é o único homem capaz de rivalizar em importância com Maradona no Argentinos Jrs. Só El Bichi esteve no Metropolitano 1984, no Nacional 1985, na Libertadores 1985 e no outro grande título colorado – era o treinador no Clausura 2010. A melhor fase desse meia-atacante, porém, já havia passado na época da Copa do Mundo de 1986, onde rapidamente perdeu a titularidade. O primeiro “novo Maradona” esteve no pacotão de reforços do River para a decepcionante temporada 1988-89, rumando para uma passagem ainda mais inexpressiva pelo Flamengo. Já lhe dedicamos este outro Especial.
Sergio Batista: colega de Borghi desde a base do Argentinos, o volante inclusive foi o autor do gol do título no Nacional 1985. Acompanhou Borghi também na seleção de 1986 e naquele pacotão do River na temporada 1988-89. Ao contrário do amigo, seguiu em Núñez, participando do título argentino na temporada seguinte e, como millonario, da Copa de 1990. Mas não virou exatamente um ídolo e, sem espaço com o desafeto Daniel Passarella de técnico, voltou em 1991 ao Bicho. A morte do pai, contudo, fez El Checho tirar um ano sabático e se entregar às drogas. Pendurou as chuteiras no tradicional rival colorado, o All Boys, ironicamente o time pelo qual torcida na infância. Mas reabilitou-se em La Paternal: foi o treinador que tirou o Argentinos da segundona em 2004. Já lhe dedicamos este outro Especial.
Fernando Cáceres: o zagueiro foi promovido ainda adolescente ao time adulto do Argentinos em 1985, enquanto os titulares se ocupavam com a conquista da Libertadores – algo parecido ocorreria a Fernando Redondo e Hugo Maradona. Permaneceu em La Paternal até o fim de 1991, chegando no início de 1992 ao time do coração, o River. Como millonario, ele enfim chegou à seleção, embora calhasse de não vencer nenhum dos torneios que disputou até ser vendido em 1993 ao futebol espanhol. El Negro chegou a ser mesmo o estrangeiro recordista de jogos em La Liga, consagrando-se em conquistas dos modestos Real Zaragoza e Celta de Vigo – sem deixar de vestir as camisas de Boca e Independiente. Já lhe dedicamos este outro Especial.
Juan Gómez: o volante foi figura carimbada em La Paternal entre 1991-95, quando então reforçou o River. El Negro foi o único a participar de todas as partidas da vitoriosa Libertadores de 1996, embora nem sempre como titular. Mas acabou esquecido ao logo rumar dali à Real Sociedad.
Carlos Netto: colega dos Negros Cáceres e Gómez no Argentinos Jrs na virada dos anos 80 para os 90, esse meia reforçou em 1993 o San Lorenzo para virar ídolo azulgrana. Foi peça-chave no desjejum de 21 anos do time do Papa no Clausura 1995, ano em que chegou à seleção. Em 1997, esteve na campanha semifinalista do Racing na Libertadores. Assim, era visto como reforço de peso em Núñez em 1998, mas teve uma passagem nada marcante na breve entressafra sem títulos do clube. Depois de um ano no Millo, foi reabrigado pelo San Lorenzo, sem repetir o êxito de outrora.
FAIXAS BÔNUS: de gente renomada quem passou sem glória pelos dois, vale lembrar de dois artilheiros triunfantes por outras camisas. Rubén Galletti consagrou-se em meados dos anos 70 pelo Estudiantes, mas foi reserva para Labruna tanto no River campeão dobrado em 1979 (Metropolitano e Nacional) como no Argentinos Jrs de 1983 – rumou logo ao Huracán e perdeu a fase áurea do Bicho. José Sand, por sua vez, sempre foi sinônimo exclusivo de Lanús.
Curioso que ambos venceram a Libertadores contra o América-COL… (maior amarelão de finais do torneio… disputou 4 finais e perdeu todas… 2 finais contra o River 1 contra o Argentinos e 1 contra o Peñarol)