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Elementos em comum entre Grêmio e Independiente

É simplesmente a terceira vez que Grêmio e Independiente decidem o continente. Em 1984, Jorge Burruchaga calou o Olímpico, que ao fim aplaudiu o Rojo em reconhecimento ao jogo perfeito empregado pelos argentinos no jogo de ida da decisão da Libertadores, tamanho que o 1-0 foi barato. Em 1996, o mesmo Burruchaga (é ele nas duas imagens acima, contra Hugo de León, no lance do gol, e Luís Carlos Goiano) voltou a deixar o seu, mas, veterano, foi incapaz de impedir uma goleada de 4-1 sofrida no Japão pela Recopa Sul-Americana. O reencontro na Recopa, em 2017, não deixa de ser um bom tira-teima para desempatar em finais.

Também pelo continente, os clubes se enfrentaram nas quartas-de-final da Supercopa 1994, com os argentinos avançando após dominarem as duas partidas (1-1 no Olímpico, com o tricolor empatando no finzinho, e 2-0 na Argentina); e na fase de grupos da Copa Mercosul 1999, com os brasileiros vencendo em casa por 2-0 mas terminando eliminados em confronto direto pela vaga na rodada final, em Avellaneda – os mandantes venceram no fim por 1-0.

No retrospecto geral, porém, é o Grêmio quem leva a melhor. A vitória roja na Libertadores (seguida de 0-0 no jogo na Argentina) foi justamente o primeiro triunfo dos argentinos, que já haviam duelado cinco vezes com os gaúchos e perdido quatro: 2-1 em 1940 na Baixada, 3-0 no Olímpico em 1976, 2-0 em Caracas em 1977, 4-0 em Rosario em 1979 e 0-0 em Avellaneda em 1981, sempre em amistosos.

Além dos títulos continentais de cada um no ano passado, ambos foram campeões de campeonatos alusivos aos seguintes anos: 1922 (Argentino; Estadual), 1926 (idem), 1960 (idem), 1963 (idem), 1964 (Libertadores; Estadual), 1965 (idem), 1967 (Argentino; Estadual), 1977 (idem), 1983 (Argentino; Libertadores e Mundial) 1989 (Argentino; Estadual e Copa do Brasil), 1994 (Argentino e Supercopa; Copa do Brasil), 1995 (Supercopa; Libertadores, o que levou àquele confronto na Recopa em 1996, e Estadual) e 2010 (Sul-Americana; Estadual).

O brasileiro Cardoso e Ortiz, campeão da Copa do Mundo de 1978

Fora o recorde nacional que ambos têm de títulos na Libertadores (compartilhado, no caso gremista) e pela consequente fama copeira, ambos se deram ao gosto de vencer nacionalmente enquanto os respectivos rivais eram, pela primeira vez, rebaixados. O Grêmio saboreou isso em 2016, quando venceu a Copa do Brasil. Para o time de Avellaneda, houve um generoso adicional, com o título de 1983 se garantindo exatamente em vitória no clássico contra o já rebaixado Racing.

Como se não bastasse, tais títulos foram emendados no ano seguinte com títulos na Libertadores enquanto os “inimigos” padeciam na segundona. Além dessas similaridades, os dois times já tiveram uma dezena de jogadores em comum. Mas nenhum a ponto de ser destaque em ambos, no máximo em um. Vamos aos nomes, a incluir três brasileiros, cada vez mais escassos no futebol vizinho:

Moisés Beresi: esteve no Independiente em meados dos anos 30, sem maior brilho. Também defendeu o Almagro. Curiosamente, vestiria as mesmas cores no Rio Grande (vindo já do futebol carioca, onde defendera Bonsucesso e Canto do Rio), sendo o único argentino a jogar na dupla Grenal, colhendo boas estatísticas: no tricolor, esteve no título estadual de 1946, a encerrar uma sequência então recordista de seis títulos do elenco rival, apelidado de “Rolo Compressor”. Virou a casaca depois e em 1948 esteve no lado vitorioso no 7-0, a maior goleada colorada no clássico.

Joãozinho: simplesmente um dos dez maiores artilheiros do Grêmio, no Independiente esse ponta não passou de uma única partida, em 1961, contra o Argentinos Jrs. Ainda não era a estrela que se tornaria após voltar ao Olímpico, participando de todo o então recordista heptacampeonato estadual levantado entre 1962 e 1968. Na Argentina, é referido pelo sobrenome Severiano.

Kiese e Amato: ambas contratações das mais caras no Grêmio, não renderam nem ali e nem no Rojo

João Cardoso: ponta revelado no Grêmio no fim dos anos 50, com direito a gol no Real Madrid, acabou a contragosto transferido ao futebol argentino. Defendeu inicialmente o Newell’s, a partir de 1961. Em 1966, apareceu no Independiente, marcando duas vezes na campanha encerrada nas semifinais da Libertadores. Uma lesão impediu que acumulasse mais de 14 jogos. Por outro lado, propiciou uma transferência sem maiores alardes ao vizinho Racing, ainda que em tempos de rivalidade mais sadia. Ali, se notabilizaria como titular do elenco que no ano seguinte venceu a Libertadores (Cardoso abriu o placar na finalíssima) e o Mundial, o primeiro do futebol argentino. Já pudemos entrevista-lo.

Oscar Ortiz: daquele tipo de ponta ciscador e reconhecido pelos dribles e cruzamentos, El Negro chegou ao Grêmio em 1976, vindo de passagem consagradora no San Lorenzo. Seu desempenho foi ambíguo: há quem reconheça o esforço e habilidade de Ortiz e há quem considere que ele não se adaptou a um estilo mais aguerrido possível em um time que sofria com a possibilidade de um octacampeonato do Internacional, que acabaria se confirmando. Ortiz rumou ao River, recuperando a boa fase a ponto de virar titular da seleção campeã da Copa de 1978. Deixou Núñez em 1981 para uma estadia no Huracán. Não foi espetacular no rival sanlorencista, mas cavou uma ida ao Independiente. Esteve na campanha campeã de 1983, mas na reserva, logo pendurando as chuteiras.

Carlos Kiese: consagrado em 1979 com os títulos da Libertadores e do Mundial no Olimpia e da Copa América pela seleção do seu Paraguai, esse meia chegou ao Grêmio com pompa no ano seguinte, sendo a maior transação do futebol brasileiro na época. Mas não demonstrou a mesma forma como tricolor e sequer passou de um semestre. Em 1985, o paraguaio também não emplacou no Rojo.

Gabriel Amato: no máximo esforçado, o ponta não emplacou em um Boca que sofria seu pior jejum doméstico, os onze anos entre 1981 e 1992. Amato saiu exatamente antes do torneio onde a seca acabaria, o Apertura em 1992, transferido ao Independiente. Lá, não rendeu mesmo, atrapalhado por uma lesão muscular. Recuperou-se com uma breve mas boa passagem no Huracán em 1993, de onde foi contratado pelo River, sendo um 12º jogador na boa fase a culminar na Libertadores de 1996. Estava no Rangers escocês quando, em 2000, foi levado ao Grêmio pela ISL. Outro a não se adaptar no Tricolor, perdendo o título estadual para o solitário troféu do Caxias, do técnico Tite.

Os uruguaios Órteman e Cebolla Rodríguez, de maior a pior nos dois

Sérgio Manoel: revelado pelo Santos, passou por diversos clubes, associando-se melhor ao Botafogo. Campeão brasileiro com os alvinegros em 1995, chegou à seleção. O Grêmio do ciclo pós-Felipão apostou nesse currículo em 1997. Como com Ortiz, houve quem reconhecesse a categoria, mas o camisa 10 não vingou e voltou ao Botafogo. Já veterano, aparecia bem em outra camisa alvinegra, a do Figueirense, em 2004. Foi então contratado pelo Independiente a pedido do mítico José Omar Pastoriza. Mas Pastoriza logo faleceu e Sérgio Manoel, que teria agradado na pré-temporada, não foi aprovado pelo treinador interino Daniel Bertoni, jogando só quatro vezes. Há quem afirme que ele sequer conheceria Ricardo Bochini, o que também não teria ajudado.

Sergio Órteman: meia uruguaio do Olimpia campeão da Libertadores em 2002, virou um andarilho quando deixou o time paraguaio, em 2004. O Independiente foi a primeira parada, em uma negociação questionada pelo ex-clube, com direito até a interferência da Interpol. Em Avellaneda, Órteman não se entendeu com o técnico Julio César Falcioni e, após voltar de empréstimo ao Atlas mexicano, também não manteve o melhor entendimento com o treinador Américo Gallego. Ainda assim, esteve no Boca campeão da Libertadores em 2007. Não que houvesse brilhado; dali até chegar ao Grêmio em meados de 2008, já havia defendido outras duas equipes. No Rio Grande, não passou de dez partidas.

Diego Gavilán: ex-Internacional, o paraguaio não virou ídolo tricolor, mas teve bom desempenho no Grêmio vice da Libertadores em 2007. Apareceu no Independiente em 2009, vindo da Portuguesa. Jogou pouquíssimo e terminou o ano  de volta ao Paraguai.

Cristian Rodríguez: El Cebolla até jogou um Grenal, mas sequer somou 90 minutos no Grêmio, a quem o uruguaio, atrapalhado por lesões, foi emprestado no início de 2015 pelo Atlético de Madrid. Mesmo assim, foi à Copa América de 2015 e comprado pelo Independiente, onde a condição de bichado não mudou muito, tendo o contrato rescindido após um ano e meio.

Abaixo, outros especiais pertinentes:

Elementos em comum entre Grêmio e Newell’s 

Elementos em comum entre Grêmio e San Lorenzo 

Elementos em comum entre Grêmio e Rosario Central 

Todos os Especiais do Grêmio no Futebol Portenho

Beresi, Joãozinho, Sérgio Manoel e Gavilán: em comum, sobretudo, estadia obscura no Independiente

Caio Brandão

Advogado desde 2012, rugbier (Oré Acemira!) e colaborador do Futebol Portenho desde 2011, admirador do futebol argentino desde 2010, natural de Belém desde 1989 e torcedor do Paysandu desde antes de nascer

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