Publicado originalmente em 6 de janeiro de 2021, pelas semifinais da Libertadores 2020
Com duas finais de Libertadores, com o Santos sorrindo em 1963 e o Boca vingando-se quarenta anos depois (curiosamente, com os campeões vencendo tanto fora como dentro de casa), os jogos de hoje resgatam duelos bastante requisitados na Era Pelé: exceto os encontros anteriores na Libertadores, os tira-teimas entre praianos e xeneizes se deram em oito amistosos travados entre 1956 e 1971. E uma camisa 10 do Rei é inclusive ostentada no museu que o time azul y oro mantém na Bombonera.
Em 18 de março de 1956, meses antes de Pelé estrear no time adulto santista (em 7 de setembro, contra o Corinthians de Santo André), um primeiro encontro já pôde ser elétrico. Foi por um torneio internacional promovido pela Federação Paulista, levando curiosamente o nome de Roberto Gomes Pedrosa e reunindo também o quarteto paulistano Corinthians, Palmeiras, São Paulo e Portuguesa e também o Nacional uruguaio e o Newell’s. Na Vila, Carlos Etcheverry e Amadeo Colángelo abriram um 2-0 com 33 minutos. Mas os anfitriões conseguiram grande virada, com Pepe, Vasconcelos e Pagão anotando todos no segundo tempo o 3-2.
Meia década depois, o Santos visitou o Boca em 25 de março de 1961 e dessa vez foram os brasileiros, mesmo já em outro patamar, quem sofreram a virada: Coutinho achou um gol logo aos três minutos, mas o artilheiro brasuca daquele Boca, Paulinho Valentim, converteu um pênalti aos 13 do segundo tempo e finalizou o 2-1 aos 25. Sucederam-se então as conhecidas finais da Libertadores de 1963, que dispensam comentários. Menos lembrado é que em 5 de maio de 1964 já houve oferecimento de revanche. Pena o esquecimento: a Bombonera viu um jogo ainda mais cardíaco.
Com 28 minutos, Peixinho, Zito e Pelé já haviam aberto um inapelável 3-0. No segundo tempo, porém, o Boca achou dois gols antes dos 19 minutos, com Juan José Rodríguez e o brasileiro Valentim. Peixinho ampliou a vantagem aos 25, mas Valentim encostou para 4-3 ao converter um pênalti aos 34. E já no minuto seguinte ele teve a chance de um empate épico, em outro pênalti, mas desperdiçou. Em 10 de agosto de 1965, o encontro foi no estádio do River mesmo. E mais uma vez os brasileiros abriram 3-0 antes de meia hora, com dois de Pelé e outro de Lima.
Escaldados, os alvinegros seguraram qualquer reação sólida boquense, resumida somente ao gol de Norberto Menéndez já aos 31 do segundo tempo. Aos 44, um minuto após Alfredo Rojas ser expulso, Coutinho ainda conseguiu usar a cabeça para dar ares de goleada: 4-1. O Boca, então, enfim desentalou um pouco em 1968: em 23 de maio, mesmo visitando a Vila, arrancou a vitória pelo placar mínimo, em gol justamente de Rojas aos 29 do segundo tempo. Em 25 de agosto, o Santos retribuiu a visita e Toninho Guerreiro abriu o marcador com três minutos.
O outro Rojas do Boca, Ángel, o ídolo Rojitas (espécie de Riquelme dos anos 60), empatou aos 29 com um lindo toque sutil desferido de fora da área e que acertou o ângulo. Mas o que prometia bom espetáculo ficou marcado pela sucessão de expulsões: Rildo e Antonio Cabrera saíram juntos aos 40 minutos. Já o segundo tempo viu Alfredo Rojas (aos 18) e Negreiros (35) deixarem cada time com nove em campo. Em 16 de janeiro de 1970, foi a vez de Mar del Plata receber um duelo também movimentado.
Futuro reforço palmeirense, Norberto Madurga vinha de recente consagração em dezembro de 1969 ao, apesar de ser volante, marcar mesmo no Monumental os dois gols do Superclásico histórico que valeu o título nacional a um Boca treinado, curiosamente, por Di Stéfano (pena, o velho craque do Real Madrid não reencontrou Pelé dali a umas semanas, já substituído por José María Silvero). Contra o Santos, El Muñeco fez outros dois em um 2-2, abrindo e fechando um placar que chegou a ser virado por Coutinho e Pelé.
Em 25 de agosto de 1971, a capital venezuelana recebeu o último embate daqueles tempos. E o Santos recuperou o pleno domínio do tira-teima, com um sonoro 3-0 assinado por Nenê, Pelé (que no decorrer do jogo deu lugar a Manoel Maria, ídolo que ali reestreava no futebol após o sério acidente automobilístico de dez meses antes que afetaria para sempre sua carreira – a incluir uma malfadada passagem pelo Racing em 1973) e Lairton. Desde então, só as finais da Libertadores de 2003 haviam voltado a opor a dupla. Já dedicamos este Especial ao pentacampeonato logrado pelos argentinos, que viram naquela competição o prodígio Carlitos Tévez explodir para o futebol e ser o único remanescente no reencontro de 2020(21).
Os times foram campeões em 1935 (o Boca encerrou um ciclo dourado de quatro títulos no campeonato argentino entre 1930 e aquele ano, ao passo que o Santos venceu seu primeiro e único Estadual até 1955), 1962 (Argentino; Estadual, Brasileiro, Libertadores e Mundial), 1964 (Argentino; Estadual, Rio-São Paulo e Brasileiro), 1965 (Argentino; Estadual e Brasileiro), 1969 (Copa Argentina e Torneio Nacional; Estadual), 1978 (Libertadores; Estadual), 2004 (Sul-Americana; Brasileiro), 2006 (Clausura e Recopa; Estadual), 2007 (Libertadores; Estadual), 2011 (Apertura; Estadual e Libertadores), 2012 (Copa Argentina; Estadual) e em 2015 (Argentino e Copa Argentina; Estadual).
Vamos a quem esteve nos dois clubes – o que, infelizmente, não foi o caso de Maradona, que manteve conversas sérias com os alvinegros em 1995, mas pareceu usa-las como trampolim para acertar seu retorno ao Boca:
Mario Evaristo, Enrique Vernieres e Américo Menutti: Evaristo na realidade se chamava Marino, mas ficou mais conhecido pela grafia equivocada. Foi um dos maiores ponta-esquerdas do Boca, defendendo-o seguidamente de 1926 e 1931 e logrando no período três títulos argentinos, incluindo a última volta olímpica amadora (1930), emendada com a do primeiro torneio oficialmente profissional, em 1931; embalo que o fez ser titular da Argentina vice da Copa do Mundo de 1930. Deixou os xeneizes em 1932, voltando anos mais tarde para ser técnico dos juvenis.
Vernieres veio do Argentinos Jrs em 1934 para ser um decente lateral-direito até 1937, sendo titular no bicampeonato de 1934 e 1935 e chegando brevemente à seleção em 1936. Menutti, por sua vez, foi um prata-da-casa nunca aproveitado no Boca, sendo profissionalizado já no Platense em 1934. E por que o trio está junto? É porque os três vieram juntos mesmo ao Santos, sendo testados em um 2-2 amistoso em visita do Flamengo à Vila em 3 de novembro de 1938. Evaristo precisou sair mais cedo por uma distensão, mas o trio teria agradado o treinador Fernando Giudicelli, que propôs um contrato inicial de três meses.
Tudo parecia certo para seguirem na Baixada, mas a notícia de que Evaristo e Vernieres vieram a solicitar posteriores ajustes desagradou Fernando, que interpretou a atitude como descumprimento de palavra (algo mais sério naqueles tempos) e baixou o polegar à permanência da dupla. Foi o que esclareceu o Jornal dos Sports publicado nove dias depois daquela partida – que terminou sendo a única desses dois pelos alvinegros. Não que Menutti durasse muito além: nem chegou a cinco jogos em seus únicos três jogos, e embora esse atacante até marcasse dois gols (incluindo um no Corinthians, em derrota por 3-2 em amistoso), terminou acertando com o Vasco ainda antes do Estadual.
Heleno de Freitas: embora o filme com Rodrigo Santoro narre que problemas disciplinares do temperamental ídolo botafoguense fizesse a diretoria de General Severiano vendê-lo ao Boca, trata-se de uma liberdade poética, com a negociação com os argentinos partindo do próprio astro segundo jornais da época. É o que detalhamos neste Especial voltado justamente sobre os dias xeneizes de Heleno de Freitas. Ele estreou com tudo, mas perdeu gás muito por conta de fatores extracampo alheios a ele, como a famosa greve deflagrada naquele ano, fazendo com que o brasileiro acabasse rodeado por juvenis para cumprir tabela. Se no Botafogo ele já não conseguia ser um salvador da pátria, tampouco pôde em Buenos Aires e aproveitou as férias concedidas pela diretoria no início de 1949 para forçar uma repatriação pelo Vasco.
Como cruzmaltino, ele enfim pôde levantar o Estadual que tanto perseguia pelo Botafogo e que viu o ex-clube enfim levantar justamente quando Heleno partira ao futebol argentino. Mas não chegou a se firmar na Colina. Ainda conseguiu brilhar no Junior de Barranquilla, mas seu declínio já era visível na volta ao Brasil, em 1951: no Santos, sequer estreou, restrito a treinamentos – e polêmicas, claro, como a recusa a deixar um treino após ser expulso por Aymoré Moreira ou o escândalo em uma casa de câmbio que recusava as economias colombianas do atacante. Ainda regressou ao Rio em aposta do America, mas foi expulso em plena estreia pelos rubros… e não voltou a jogar, com o cérebro derrotado pela sífilis.
Juan José Negri: ídolo mesmo, esse meia-direita foi no Estudiantes, pelo qual chegou a ser testado na seleção em 1943. Chegou com algum cartaz ao Boca em 1948, meses antes de Heleno. Mas os dois gols em quatro amistosos de pré-temporada se mostraram ilusórios: colega de Heleno no campeonato de 1948, marcou um mísero gol (1-1 com o San Lorenzo) em 14 partidas, mas ainda tinha renome para ser aceito no arquirrival River em 1949. Curiosamente, também virou a casaca em São Paulo: já havia defendido Portuguesa e o Juventus quando foi incorporado primeiramente pelo São Paulo. Marcou inclusive no próprio Santos um dos gols nos 3-1 que garantiram o título estadual de 1953 ao Tricolor.
Negri virou praiano no decorrer de 1954 e até foi pé-quente, integrando na temporada segguinte o elenco do primeiro título estadual santista desde 1935, e o último pré-Era Pelé (o Rei já compunha o plantel, mas só roubaria a cena a partir de 1957, e mídias argentinas juram que o garoto teria aprendido algo com o argentino). Contando amistosos, foram 17 jogos e quatro gols. Só um desses gols foi na campanha do título, no 4-2 sobre a Ponte Preta, mas o hermano ainda pôde ser titular na partida que garantiu a taça, contra o Taubaté. Ele deixaria de modo conturbado a Vila pouco depois, partindo ao futebol chileno antes de penduras as chuteiras regressando o Estudiantes. Tudo detalhado nesse outro Especial dedicado a Negri.
Del Vecchio: se os argentinos aduzem que Negri teria tempo para ensinar algo a Pelé, Emanuele Del Vecchio foi quem ainda retardou um pouco a explosão do Rei: fez excelentes 105 gols em 180 jogos como alvinegro. Era a estrela da casa que, vendido ao Verona em 1957, abriu de vez espaço para o adolescente se sobressair no time adulto. Prata-da-casa profissionalizado em 1953, foi bi estadual seguido com o Santos em 1955 (onde foi também o artilheiro do torneio que marcou o segundo título estadual do Peixe, também encerrando jejum de 20 anos) e em 1956, ano em que chegou à seleção – e onde também marcou os dois últimos gols nos 4-2 no clássico com o São Paulo, o jogo que valeu o bicampeonato. Contudo, em amistoso contra o Benfica em 1957 para o qual sequer estava relacionado, foi punido disciplinarmente após invadir a cabine de imprensa da Vila para buscar satisfações com um locutor que o criticara.
A celeuma e a origem italiana propiciaram sua venda ao futebol italiano naquele mesmo ano. Del Vecchio ainda teve tempo de enfrentou os argentinos na Copa Roca de 1957, que marcou justamente a estreia de Pelé com a canarinho, mas a transferência ao exterior privou-o de um lugar no Mundial da Suécia, por não se convocar quem atuasse fora do país. Estava recém-chegado ao Milan quando o Boca o adquiriu, em 1963. Não foi mal: foram quatro gols em dez jogos e, retirando os amistosos, foram três em seis. Mas, apesar de elogiado pela potência e bom cabeceio, não superou a concorrência com o compatriota Paulinho Valentim, não sendo usado na campanha vice da Libertadores (para o próprio Santos). Acabou voltando ao Brasil em 1964, repatriado pelo São Paulo. E, como técnico, teria uma nova passagem pelo Santos como técnico, em 1984, embora já não estivesse no comando na ocasião do título estadual.
Almir Pernambuquinho: ele defendeu primeiramente o Boca, vindo em 1961 de uma passagem de altos e baixos no Corinthians. Teve talento reconhecido a ponto de emplacar também a vinda do irmão Ayres para os juvenis xeneizes, mas o desequilíbrio emocional que tanto o caracterizou pesou ainda mais. Ambiente familiar até havia: o Boca fechou um pacote de brasileiros para a temporada, importando o lateral-direito Maurinho, ex-São Paulo e Fluminense e da Copa de 1954; e três campeões mundiais em 1958: Dino Sani, Orlando Peçanha e o técnico Vicente Feola. Almir somou bons 11 gols em apenas 20 partidas e o site Historia de Boca o avalia como “muito dotado tecnicamente”, mas seu temperamento fez esses números se resumirem basicamente a amistosos – pois, no campeonato argentino, registrou um único gol em seis partidas, sobre o Independiente.
Na vitoriosa temporada de 1962, atuou somente na 5ª rodada e quando o título foi garantido, o brasileiro já estava no Genoa após trilhar uma passagem-relâmpago pela Fiorentina. E foi contra italianos que ele se eternizou no Santos, seu destino seguinte: o “Pelé Branco” assumidamente dopou-se para substituir à altura o desfalque do Rei para o Mundial Interclubes de 1963, cavando o pênalti do título contra o Milan. Ficou por mais um ano antes do velho ídolo vascaíno colecionar elogios e polêmicas também no Flamengo. No Santos, a reserva lhe limitou a apenas três gols em 40 jogos, mas foi bastante pé-quente na estadia de 1963-65: dois títulos estaduais (1964-65) e do Rio-São Paulo (1963-64), três brasileiros (1963-64-65) e aquelas conquistas internacionais de 1963.
Orlando: ex-colega de Almir no Vasco, o zagueiro Orlando Peçanha de Carvalho consagrou-se em 1958 na Copa do Mundo e, depois, com o último título estadual dos cruzmaltinos até 1960, no famoso “supersupercampeonato”. Assim, cartaz não faltava a ele naquele pacote de importações xeneize de 1961. E dali apenas Orlando realmente vingou; o outro brasileiro a firmar-se naqueles anos, Paulinho Valentim, já se encontrava na Casa Amarilla desde o ano anterior. Em 1962, foi inclusive o capitão auriazul no fim em alto estilo de um jejum de oito anos, em uma concorrência direta com o River resolvida em um Superclásico histórico na penúltima rodada, cheia de protagonismo brasuca. Os argentinos reconhecem nele um defensor “de perfeito sentido de antecipação, com tranquilidade para sair jogando e rápido para os cruzamentos”, um “jogador-chave, cobrindo as subidas de [Silvio] Marzolini, simplificando cada jogada e estando sempre bem posicionado”. Em 2015, nos 110 anos do Boca, o Futebol Portenho elegeu o brasileiro para a zaga do time azul y oro dos sonhos.
Por outro lado, a estadia no exterior privou Orlando de um lugar no Mundial do Chile. Vice da Libertadores de 1963 (foi ele o beque driblado por Pelé no gol da virada brasileira na Bombonera) e novamente campeão argentino em 1964, teve problemas com o técnico Néstor Rossi em 1965, onde só foi usado na estreia da campanha campeã argentina. E, com o Santos à procura de um defensor renomado para suprir a lacuna deixada pelo ídolo Calvet (que voltara a sua Bagé), a transferência se acertou a tempo de Orlando vencer naquele ano o Estadual e a Taça Brasil. No início de 1966, ainda veio o Rio-São Paulo antes do zagueirão não apenas cavar sua volta à seleção como também ser o capitão no bagunçado elenco canarinho na Copa de 1966. Orlando seguiu na Vila até 1969, acertando então um regresso ao Vasco. Já tinha levantado mais dois Estaduais, em 1967-68, o Rio-São Paulo de 1966 e a não tão lembrada Recopa dos vencedores da Libertadores em 1968.
César Menotti: antes de imortalizar-se como o treinador da Argentina campeã de 1978, era aquele clássico camisa 10 refinado, embora parecesse lento, chegando a defender a seleção também como jogador. Isso se deu pelo desempenho no Rosario Central, em 1963, e nisso cavou uma transferência primeiramente ao Racing de 1964 – em curioso elenco cheio de ex ou futuros santistas (os ídolos Cejas e Dorval e os obscuros Benedito Batista e Luís Cláudio). Embora ausente do pódio, La Academia teve o melhor ataque e Menotti foi o artilheiro do elenco, o que lhe valeu uma primeira ida ao Boca, em 1965. Ficou dois anos e até conseguiu ao todo meio gol por jogo – 20 em 40, incluindo amistosos – mas lesões minaram que triunfasse: em 1968, ele já estava escondido no New York Generals quando vazou o Santos em uma enorme zebra, a vitória ianque por 5-3 na despedida do ídolo alvinegro Geraldino.
O feito o fez ser convidado pelos praianos, mas, já em fim de carreira, o argentino só atuou em um obscuro amistoso (ou mero jogo-treino, em outras versões) no Paraná contra o Cianorte e seguiu ao Juventus. Curiosamente, a retenção pelo clube da Mooca do passe do veterano, que voltou a seu país com a intenção de seguir jogando, acelerou o início de sua carreira de técnico. Para a aprovação santista, Menotti é um dos argentinos que veem Pelé superior a Maradona e Messi. Já a torcia do Boca lembra com carinho de El Flaco mais por conta de suas duas passagens como técnico (primeiro semestre de 1987 e entre o segundo de 1993 e o fim de 1994): mesmo sem títulos, foi reconhecido pelo bom futebol e por reenergizar o time de duas fases decadentes para fazê-lo voltar a brigar por taças.
Baiano: revelado pelo Santos a partir de 1996 após anos difíceis como retirante nordestino e órfão que se sustentava como camelô na Baixada, Demival Almeida de Lima esteve nos únicos títulos celebrados na Vila entre o Estadual de 1984 e o Brasileirão de 2002 – o Torneio Rio-São Paulo de 1997 (ano em que foi mais vezes titular) e a Copa Conmebol de 1998. Mas o coringa volante/lateral-direito projetou-se mais no empréstimo ao Vitória semifinalista do Brasileirão de 1999, chegando à seleção; e no Palmeiras campeão da segunda divisão em 2003, mantendo o bom momento no ano seguinte. O Boca estava à procura de um substituto do ídolo Hugo Ibarra e no início de 2005 importou El Café, como ele foi apelidado na Argentina.
Era o ano do centenário xeneize e Baiano teve um início interessante que, segundo ele, não se manteve por reação contra si dos argentinos após o escândalo racial entre Grafite e Leandro Desábato naquela época; os hermanos, por sua vez, contestavam-lhe o excesso de ímpeto ofensivo que ao mesmo tempo desguarnecia a retaguarda. O site Historia de Boca considera-o um “medíocre defensor”. Fato é que ele não deu certo também nos seus times seguintes, o que incluiu uma volta ao Santos no segundo semestre de 2007 (de onde saiu para defender o Fortaleza no início de 2008).
Mariano Trípodi: atacante prata-da-casa do Boca, foi usado duas míseras vezes, em 2005 (contra o Almagro no Clausura, como um presente a seu aniversário de 18 anos, e em amistoso contra o Olimpia hondurenho). Seguiu para o time B do Colônia e voltou da Alemanha emprestado ao San Martín de San Juan para a temporada de estreia dos verdinegros na elite argentina, em 2007. Mesmo nulo nesse clube, o Santos apostou nele no início de 2008. Já no segundo semestre, começaria a rodar por outros clubes brasileiros, emprestado ao Vitória e, em 2009, ao Atlético Mineiro, até ser vendido em 2010 aos catarinenses do Metropolitano – e seguir carreira por times brasileiros distantes dos holofotes.
Luiz Alberto: zagueiro revelado pelo Flamengo na virada do século, participando inclusive da Copa das Confederações de 1999, não teve na Gávea o reconhecimento como o do colega Juan. Após experiências europeias no Saint-Étienne e na Real Sociedad, rodou o Brasil emprestado pelos bascos, que por fim o venderam ao Santos em 2005. Ele teve a honra de marcar o gol 11 mil da história santista (sobre o Fluminense) em ano onde os alvinegros chegaram a liderar o Brasileirão, seguindo na briga até perderem pontos com anulações de jogos apitados por Edilson Pereira de Carvalho. O Peixe não se recuperou do baque psicológico, mas o zagueiro participou em 2006 do desjejum de 22 anos no Estadual.
Em 2007, Luiz Alberto seguiu no Fluminense para integrar um ciclo histórico, com a Copa do Brasil daquele ano seguida de dois vices continentais para a asa-negra LDU, na Libertadores de 2008 (tirando o Boca nas semifinais) e na Sul-Americana de 2009. Assim, chegou em fevereiro de 2010 a Buenos Aires avalizado, mas calhando de pegar uma fase terrível dos xeneizes. Só durou cerca de um mês e meio, deixando a péssima campanha no Clausura após uma derrota na Bombonera para o Rosario Central, que brigava contra o rebaixamento (que ocorreria mesmo) e não vencia o duelo auriazul na casa adversária havia cerca de vinte anos.
Cristian Ledesma: como Menutti, também não defendeu o time adulto do Boca – seu máximo foi a equipe B. Mas formou-se na Casa Amarilla dos 15 aos 19 anos. Ainda era juvenil quando recebeu proposta do Lecce em 2001, ano de severa crise argentina e de faltas de perspectivas por um lugar no meio-campo sólido do time xeneize adulto. A história construída no clube da Apúlia e depois na Lazio, bem como o casamento com uma cidadã italiana, o fizeram ser naturalizado pela Azzurra em um amistoso em 2010 (já após o Mundial da África do Sul). Afinal, na Argentina o Cristian Ledesma mais visto era o xará querido por Argentinos Jrs, River e San Lorenzo, e usado pela própria Albiceleste entre 2007 e 2008.
Após nove anos no lado celeste de Roma, o Ledesma italiano chegou renomado ao Santos em agosto de 2015. Mas só estreou em outubro, e, entendendo-se subutilizado (Dorival Júnior só o usou em quatro jogos), acertou a rescisão contratual em janeiro de 2016 para estender na Europa uma carreira que durou até 2018.
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