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Elementos em comum entre Boca e Athletico Paranaense

O goleirão Navarro Montoya, provavelmente o nome mais conhecido da lista

O que poderia ser o duelo da próxima Recopa se dará amanhã pela fase de grupos da Libertadores, após o Boca ter perdido a Libertadores passada para o arquirrival enquanto o Athletico se mostrava melhor pontaria do que seu oponente na Sul-Americana. Hora de relembrar, em especial, quem foi xeneize e athleticano.

Os dois clubes foram campeões em torneios alusivos aos anos de 1930, 1934, 1940, 1943 (no Estadual e no campeonato argentino), 1990 (Estadual; Recopa), 1998 (Estadual; Apertura), 2000 (Estadual; Apertura, Libertadores e Mundial), 2001 (Estadual e Brasileiro; Libertadores), 2005 (Estadual; Apertura, Recopa e Sul-Americana) e 2018 (Estadual e Sul-Americana; Argentino). Houve ainda o ano de 1999, em que os xeneizes faturam o Clausura e os atleticanos celebraram a Seletiva à Libertadores.

Como se vê, o grande período em comum foi a virada do século, marcada por certas presidências a dividirem opiniões em cada um. Antes dessa terça, o único duelo entre Boca e Athletico deu-se em amistoso realizado em 29 de janeiro de 1973 em Curitiba, com vitória rubronegra de virada por 2-1. Sem mais demoras, eis os que passaram pelos dois oponentes:

Rubén Aveiro: esse paraguaio apareceu no Boca em 1936, no time B, sendo pouco aproveitado pelo principal. Foram só cinco amistosos, a partir de março de 1937. Em junho de 1938, após reunir quatro gols em dois desses amistosos, enfim teve uma chance no campeonato argentino, mas em derrota de 2-0 para o Platense, no que foi sua única exibição oficial pelos auriazuis. Seguiu carreira por Almagro e Lanús antes de voltar a seu país. Como jogador do extinto Corrales, representou o Paraguai na Copa América de 1942, com o destaque de marcar dois gols na derrota de 4-3 para a Argentina. Em 1943, então, reforçou o Athletico junto com outros paraguaios, casos de Gorgonio Ibarrola (colega naquela Copa América), ex-Libertad, e do técnico Eduardo Carbó. Grafado como “Aveiros” no Brasil, ele marcou um dos gols no 3-3 com o Coritiba que forçou uma melhor-de-três para decidir o estadual, definido só no início de 1944.

O quinteto ofensivo do Paraguai na Copa América de 1942. Aveiro, que marcou dois gols na seleção argentina, e Ibarrola foram contratados pelo Athletico no ano seguinte

Os dois primeiros Atletibas dessas finais foram então vencidos por 3-2, assegurando por antecipação a conquista, com Aveiro fornecendo assistência para um dos dois gols de Ibarrola na primeira final. Posteriormente, defenderia no Brasil também o Santos, em 1945, e foi o primeiro paraguaio em La Liga ao ser incorporado em 1947 pelo Atlético de Madrid.

Emanuele Del Vecchio: centroavante antecessor de Coutinho na parceria com Pelé, chegou à seleção e transferiu-se ao futebol italiano em tempos em que jogar fora impedia convocações, deixando de ir às Copas de 1958 e 1962. Na Serie A, chegou a marcar os cinco gols de triunfo do Verona por 5-3 sobre a Sampdoria e estava recém-chegado ao Milan quando o Boca o adquiriu, em 1963. Não foi mal: foram quatro gols em dez jogos e, retirando os amistosos, foram três em seis. Mas apesar de elogiado pela potência e bom cabeceio, não superou a concorrência com o compatriota Paulo Valentim, não sendo usado na campanha vice da Libertadores (para o próprio Santos) e voltando ao Brasil em 1964. No fim da carreira, apareceu em 1968 em um Athletico que se dedicava a incorporar antigos valores nacionais, como Djalma Santos, Bellini e Dorval. Ficou até 1970, ano do único título estadual athleticano entre 1958 e 1982.

Jorginho Paulista: mesmo sem se firmar no time principal do Palmeiras, a faceta promissora desse lateral-esquerdo foi notada pelo PSV Eindhoven, que o contratou em 1999, embora o emprestasse sucessivamente para obter experiência. Em 2000, isso ocorreu em dois clubes: no Athletico campeão estadual e estreante na Libertadores no primeiro semestre, e no Vasco vencedor da Copa Mercosul e do Brasileirão no segundo semestre. O bom momento como vascaíno no início de 2001, quando esteve a poucos minutos de levantar também o Estadual, chamaram a atenção do Boca recém-campeão da Libertadores, torneio em que os xeneizes haviam duelado contra os cariocas. Porém, não se adaptou à Argentina, sem exibir força na marcação e tampouco as projeções ofensivas e chutes de longa distância que mostrava em seus bons momentos anteriores. Em 2002 já era redirecionado pelos holandeses ao Cruzeiro, sem mais voltar a ser o mesmo.

Carlos Navarro Montoya: simplesmente um dos maiores goleiros do futebol argentino, a quem já dedicamos este Especial. Seu pai, Ricardo Navarro, foi um goleiro argentino que trotou o continente, defendendo o Independiente Medellín quando o filho nasceu, nessa cidade colombiana. Crescido na terra dos pais, despontou primeiramente no Vélez, com a campanha vice nacional de 1985 chamando a atenção da Colômbia, cuja seleção chamou-o para a reta final das eliminatórias à Copa de 1986. Em decisão prematura, El Mono aceitou o chamado da terra natal, algo do qual se arrependeria, passando anos e anos solicitando autorização para defender a da Argentina. Em 1988, apareceu no Boca e suas atuações desbancaram a lenda Hugo Gatti, que precisou pendurar as luvas. Defendeu os xeneizes quase que ininterruptamente até 1996, a ponto de seu reserva, Esteban Pogany, virar piada por não ser usado nem quanto escalavam-se times mistos ou praticamente reservas.

O trio brasileiro Del Vecchio, Jorginho Paulista e Luiz Alberto: em comum, a passagem efêmera pelo Boca

Navarro Montoya destacava-se também pelos visual simultaneamente calvo e cabeludo com uniformes lisérgicos de autoria própria, com o qual defendeu os arcos do Boca nos títulos que vieram em tempos de relativas vacas magras por ali – Supercopa 1989, Recopa 1990, Copa Master 1992, Apertura 1992 (encerrando o maior jejum do clube no campeonato argentino, onze anos) e Copa Ouro 1993. Dispensado por Carlos Bilardo em 1996, chegou a ser enfim autorizado pela FIFA para defender seu verdadeiro país, passando a ser atrapalhado então pelo péssimo momento dos modestos clubes espanhóis onde seguiu carreira – foram dois rebaixamentos. O que parecia ser o fim da linha foi uma entressafra para boas exibições na volta à Argentina pelas camisas de Chacarita, Independiente e, principalmente, a do Gimnasia LP vice de 2005, credencial que o levou ao Athletico no início de 2006. O Furacão pensou nele para suprir a venda de Diego ao Fluminense. Porém, El Mono mal jogou, voltando a Buenos Aires para defender o Nueva Chicago.

Luiz Alberto: zagueiro revelado pelo Flamengo na virada do século, participando inclusive da Copa das Confederações de 1999, não teve o reconhecimento como o do colega Juan. Após experiências europeias no Saint-Étienne e na Real Sociedad, rodou o Brasil, salvo um terrível primeiro semestre de 2010 em que apareceu no Boca. Chegara à Argentina como peça do Fluminense bivice continental na Libertadores 2008 e na Sul-Americana 2009 e durou pouco mais de de um mês: foram seis jogos atuando os 90 minutos a partir de 26 de fevereiro até ser substituído no intervalo de derrota para o futuro rebaixado Rosario Central em 4 de abril, na primeira vitória dos rosarinos em cerca de vinte anos em La Bombonera. Parecia fadado a nanicos cariocas, passando por Duque de Caxias e Boavista antes de reforçar o Athletico na segunda divisão brasileira de 2012. Foi bem: o acesso foi emendado em 2013 com uma final de Copa do Brasil e uma boa campanha no Brasileirão, no qual o Furacão classificou-se à Libertadores.

Joffre Guerrón: o equatoriano na verdade não tem estatísticas pelo time principal do Boca, mas defendeu a equipe B nos idos de 2004. Sem ser aproveitado, retornou ao clube de origem, o Aucas. Impressionou o Brasil ao liderar a única conquista de seu país na Libertadores, com a LDU Quito em 2008, chamariz que fez o Cruzeiro buscar seu empréstimo em 2009 junto ao Getafe. Já não era o mesmo e ainda assim foi a mais cara contratação do futebol paranaense quando o Athletico o buscou no ano seguinte. Não ficou até o fim do rebaixamento em 2012, atraído pelo pé de meia na emergente liga chinesa.

Lucas Olaza: lateral-esquerdo revelado no River Plate do seu Uruguai natal, que o emprestou primeiramente ao Athletico (chegando no início de 2014 para disputar a Libertadores) e depois ao time B do Celta de Vigo antes de vender-lhe ao vizinho Danubio. Após participar da campanha que recolocou o Talleres na (pré)Libertadores, Olaza foi incorporado pelo Boca no segundo semestre de 2018, sendo titular nos mata-matas derradeiros da Libertadores. O título foi perdido de modo traumático para o grande rival, mas o uruguaio cavou um novo empréstimo ao Celta, agora para figurar no elenco principal.

Abaixo, outros especiais athleticanos no Futebol Portenho:

Elementos em comum entre Vélez e Atlético Paranaense

Elementos em comum entre Atlético Paranaense e San Lorenzo

O uruguaio Olaza disputou a Libertadores pelos dois clubes: foi vice no ano passado

Caio Brandão

Advogado desde 2012, rugbier (Oré Acemira!) e colaborador do Futebol Portenho desde 2011, admirador do futebol argentino desde 2010, natural de Belém desde 1989 e torcedor do Paysandu desde antes de nascer

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