AMBIENTE DO CLÁSSICO
O público que acompanhou a segunda partida da decisão não passou nem perto do que era esperado. Meia hora antes do apito inicial, a calmaria e a tranquilidade pairavam pelas famosas ruas do Caminito, normalmente agitadas e carregadas de torcedores em dia de jogo do Boca.
Os brasileiros apareciam aos poucos e principalmente em grupos formados por companhias de turismo que ofereceram pacotes para a decisão. Como era de se esperar, muitos gaúchos e de outros estados do Sul do país representavam aqueles que vestiam amarelo. Dentro do estádio completaram cerca de 80% do setor destinado à torcida visitante e se deram o luxo de gritar “olé” logo após o gol de Fred.
Dentro da Bombonera o que impressionava era o grande número de espaços vazios. Se comparada com a torcida que esteve no estádio em Resistencia, ainda que não possamos traçar um paralelo entre a capacidade dos dois estádios, podemos afirmar que esse tal Superclássico não teve toda essa adesão por parte dos portenhos, acostumados a receber jogos de maior importância.
Tanto foi assim que os principais cantos vindos das arquibancadas não tratavam exatamente de um incentivo, mas sim uma forma de marcar quem era o dono do pedaço e acentuar rivalidades locais. Do lugar onde geralmente é ocupado pela “La 12” vieram os primeiros avisos: “E já vejo, e já vejo, essa noite alentam os Bosteiros” e “Somos todos argentinos, mas não somos Gallinas” não deixava margem a qualquer discussão. Não precisou de muito mais do que isso para que os primeiros exaltados começassem a subir nos “paravalanchas” do popular setor e marcar definitivamente a presença da barrabrava Xeneize.
No segundo tempo um momento de tensão quando na arquibancada que fica de frente ao setor da 12, começaram a se manifestar um grupo conhecido como Torcidas Unidas Argentinas (Hinchadas Unidas Argentinas), liderada pela barra do Independiente. Alguns cantos carregados de ameaças partiram de ambos os lados até que o torcedor comum que estava presente e assistia a tudo de maneira incrédula, resolveu encerrar a discussão com um sonoro: Argentina! Argentina ! Argentina!
E vamos ao que interessa.
O JOGO
Obrigada a reverter o resultado depois da derrota no Serra Dourada, a Argentina foi quem mandou nos 90 minutos. Começou um pouco desorganizada e assistindo com certa passividade como os brasileiros tocavam a bola de um lado para outro sem tanta objetividade. Montillo funcionava bem como elemento de criação quando acionado, mas as principais jogadas de ataque saíram em lances de bola parada. Final do primeiro tempo e um empate sem gols foi o resultado mais justo para uma partida que teve pouquíssimas emoções nos 45 minutos iniciais.
Alguns já começavam a deixar o estádio e nem tiveram tempo de ver o que a noite reservava de mais emocionante. Aos 45 minutos da etapa final, Montillo fez grande jogada, passou para Scocco tocar no canto oposto de Cavallieri e colocar a Argentina novamente na frente; 2 a 1. A decisão do Superclássico seria nas penalidades.
A série começou com Martínez vendo sua cobrança ser defendida por Cavallieri. Montillo também errou a sua num chute que passou metros por cima do travessão. Do lado brasileiro somente Carlinhos perdeu a sua chance e coube a Neymar encerrar o jogo e correr para o abraço; Brasil 4 a 3.
O time de Sabella, formado apenas por jogadores que atuam na Argentina e no Brasil, deixou o gramado aplaudido e com merecido reconhecimento daqueles que ficaram e acreditaram que, apesar de tudo, ali se jogava um Argentina x Brasil. Que, apesar de tudo, ali estavam sete Copas do Mundo e que, apesar de tudo, é sempre promessa de alguma emoção.
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