Mais uma vez a violência entra em cena no futebol argentino e novamente chama a atenção para a postura das autoridades quanto a um problema que envergonha o próprio país mundo a fora. Após assistirem ao jogo do Newell´s, no Coloso, alguns torcedores, que residiam em Buenos Aires, e retornavam para casa, foram atacados covardemente por barrabravas do Central. Vários disparos deixaram marcas na Van. Pior que isso, alguns deles deixaram marcas fatais em dois corpos. Os assassinos seguem desaparecidos, embora certos cartolas devam conhecer os seus paradeiros.
Na manhã de hoje, o secretário de Coordenação de Eventos e Segurança Desportiva, Pablo Farías, apareceu para dizer que o evento que vitimou dois hinchas do Newell´s não foi premeditado. Foi fortuito e aconteceu do nada, no de repente das horas. Assim, as autoridades de Rosário mantêm o script: retiram de suas costas a responsabilidade – ou parte dela – pelos eventos nefastos que marcam o futebol argentino. De assombroso na declaração é também o fato de que esse tal secretário, cretino e comungado com o pior do que há na cartolagem argentina, demonstra não ter a menor sensibilidade e respeito pelas duas pessoas que perderam suas vidas na noite de ontem.
Da mesma forma, ignoram o sofrimento de algumas famílias, órfãs agora de seus entes queridos, mas também de justiça, de consolo, de respeito e consolação. Contudo, assim como a maioria dos cartolas, as autoridades argentinas não se preocupam com essas coisas, pois independente do mal que a demência pelo futebol tem causado, o que importa mesmo é o constante uso do esporte bretão para a sua promoção política. De Cristina Kirchner ao menos desconhecidos dos políticos, todos têm usufruído disso; assim tanto Grandona ao menos insignificante dos cartolas também o fazem constantes vezes.
Não se tratava de guerras de torcidas, mas de pobres diabos que deixaram a Capital Federal para verem o time do coração. Do outro lado, não se tratava de gente, mas de animais selvagens que tocaiavam alguma almas que passavam para tirar-lhes a vida. Fosse gente e estaria na companhia de seus familiares; como eram animais estavam na companhia de outros selvagens, formando um bando, já que a covardia não os deixavam agirem sozinhos. Prepararam o ataque, diferentemente do que falou o representante do governo local. O ataque foi feito a pessoas comuns, que sequer empunhava bandeiras, camisetas leprosas ou coisa do gênero: apenas cantavam o hino do clube.
Não bastou aos torcedores que sofressem com a perda do título. Ao retornarem para casa, após terem aplaudido o seu time, mesmo sem o caneco, levaram a bala do ódio e da demência no corpo. A bala da inveja também, já que o time dos bandidos – que não tem nada a ver com isso – sequer disputava as finais. E as balas foram muitas e atingiram o veículo em vários locais. E atingiram os corpos dos torcedores. Vários deles estão no hospital. Dois estão mortos. E para quê? E por quê? Vale a pena? Segundo um dos mitos do Newell´s, Lucas Bernardi, não: “a paixão por um clube, o sentimento, não tem nenhum valor maior que a vida”. E ele está certo.
Lamentável que até os jogadores sintam o problema, enquanto parece que jamais as autoridades se sentirão tocadas. E aqui não vai nenhum ataque aos verdadeiros torcedores do brilhante Rosário Central. Por certo que estes também estão sentindo e lamentando pela morte dos hinchas leprosos. Barrabravas a parte, o fato que até os torcedores se disporiam a fazer alguma coisa. Menos os cartolas. Menos os políticos. Menos todos os cretinos que ganham alguma coisa com a violência e as mortes no mundo do futebol.
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