Discussões e barra-bravas agitam assembleia do Independiente
Na noite de ontem, a diretoria do Independiente realizou uma assembleia para aprovar o balanço do ano fiscal do clube referente ao ano passado. Essa reunião foi o motivo certo para que alguns barra-bravas do Rojo fossem à sede do clube protestar contra a atual administração, liderada por Julio Comparada.
Por isso, o controle de acesso à sede social foi mais rigoroso que o habitual. A diretoria do clube somente concedeu permissão de acesso aos sócios e, junto dos seguranças privados do clube, também foram convocados alguns policiais. Tudo para garantir segurança dentro e fora das dependências do Independiente.
No entanto, uma das pessoas que mais garantiu a segurança do local foi um barra-brava. Exatamente: um torcedor organizado que vive em confronto com a própria polícia e a segurança dos estádios. Pablo “Bebote” Alvarez liderou o grupo de cerca de 200 torcedores que controlou o acesso ao piso superior do ginásio da sede, lugar onde a assembléia estava sendo realizada. Aproveitando o fato de estarem dentro do clube, os barras direcionaram seus protestos contra Comparada e sua diretoria.
O grupo opositor à administração atual, encabeçado por Noray Nakis, queria acessar o piso superior, porém lhe negaram o acesso, sob a justificativa de que nenhum dos membros da oposição participava da assembleia. A seguir, Nakis discutiu violentamente com o secretario do clube, Cristian Matera. Foi quando “Bebote” e sua turma intervieram e evitaram que a discussão tomasse proporções maiores. O líder da barra autorizou a subida de Nakis ao piso e deu ordens a alguns seguidores para que eles ficassem fazendo a “segurança” de toda a sede.
Confusões à parte, a diretoria aprovou o balanço do clube, que apresentou um passivo de mais de 144 milhões de pesos. Esse montante representa cerca de quatro vezes o passivo de 2005, quando Julio Comparada assumiu a presidência do Independiente. Os números são justificados pelo próprio mandatário, em entrevista à Rádio La Red: “Praticamente tivemos que refundar o clube. Fala-se das vendas, mas temos de ter a consciência de os clubes são deficitários. Temos déficit de dois milhões e meio de dólares por ano. É muito fácil falar e fazer política com a gestão dos outros. Eu vivo aqui com otimismo. O Independiente, a partir de 30 de junho do ano que vem, começará um trabalho para diminuir o passivo. Uma coisa é ficar endividado por causa de gestões financeiras ruins e outra é ficar endividado para a construção do estádio mais importante da América do Sul. O Independiente se endividou para crescer no meio da crise, que o deixou em desvantagem”.
Comparada ainda comentou sobre a presença de barras no ginásio: “Não eram os barras. Eram sócios que são barras e frente a essa situação não podemos vetar a entrada deles no clube para ver a assembleia. Infelizmente é uma realidade que escapa do controle dos dirigentes. Faço o que posso dentro da minha atribuição. Não somos policiais nem juízes. Para nós, seria melhor que os barras nem existissem”, finalizou.