Direção do Boca protege seus barra-bravas
A pressão do governo federal para que os clubes emitam uma lista de torcedores violentos que não podem entrar nos estádios gerou resistência na direção do Boca Juniors. Após muita insistência o clube entregou uma lista com 67 nomes. Mas os membros de La Doce, a maior delas, foram preservados.
A lista enviada pela direção do clube inclui todos os nomes importantes da facção comandada por Rafael Di Zeo, maior rival de Mauro Martin, atual líder da Doce (foto). Outros grupos menores também tiveram a entrada de seus líderes proibida pelo clube. Mas da própria Doce aparecem apenas os nomes que estão fora de combate por terem sido emboscados pela facção de Di Zeo no último sábado (incluindo o líder, Mauro Martín). Coincidência?
Naturalmente há um jogo político por trás disso tudo. La Doce tem vínculos com o macrismo (assim como com outras correntes políticas), e recebe o apoio de Daniel Angelici, presidente do clube. Essa era o motivo da relutância da direção xeneize para entregar uma lista com os nomes que seriam proibidos de entrar nos estádios.
No entanto, como alto expoente do macrismo, Daniel Angelici passou a ser alvejado pelos kirchneristas, acusado de conivente com a violência no futebol e protetor de criminosos. Para se salvar das críticas, o presidente xeneize elaborou a ambígua solução. Entregou uma lista relativamente extensa, mas que protege a maior das facções do clube, que seguem com liberdade de ação.
Infelizmente não se trata de um caso isolado. Como ficou demonstrado na nota publicada ontem aqui no Futebol Portenho, a maioria dos clubes adotou postura semelhante. O caso do Boca é apenas o mais visível, pelo tamanho de sua torcida, pelas ligações políticas com altos escalões da política argentina e pelos violentos confrontos entre suas barras principais.