Em 29 de novembro de 2002, o Club Atlético Independiente sagrava-se campeão argentino pela 16ª vez (a 14ª, no profissionalismo), após uma campanha iniciada com ingredientes similares ao que vive dez anos depois. Neste especial, relembraremos a trajetória do último título nacional rojo, que contou com um nome bem conhecido dos brasileiros: o volante Pablo Guiñazú.
Aquela temporada 2002-03, tal como a de uma década mais tarde, começou com o clube ameaçado seriamente de rebaixamento. Na ocasião, até mais grave: estava apenas duas posições à frente nos promedios dos dois times que enfrentariam a repescagem (a Promoción, agora extinta) contra o terceiro e quarto colocados da segundona.
Na atual, começou com sete colocações à frente do antepenúltimo, mas chafurdou-se tanto que hoje o antepenúltimo é ele, o que lhe rebaixaria pela primeira vez em sua história se a temporada terminasse agora (só ele e o Boca nunca caíram).
A temporada 2001-02, que no Apertura contara com a quebra de jejum nacional de 35 anos do arquirrival Racing, terminara com o Independiente terminando justamente em último no Clausura de 2002.
A diretoria decidiu experimentar então uma novidade: Américo Gallego, personalidade de outros clubes vermelhos, Newell’s e River, já tendo colhido neste bons resultados também como treinador. A mesma medida seria tomada dez anos depois.
Se El Tolo Gallego retornou após de um tempo tão redondo, naturalmente foi na esperança que se repetisse a campanha praticamente perfeita daquele Apertura de 2002, a começar pelo ataque arrasador que conseguiu uma média de 2,53 gols por jogo, ao marcar 48 nas 19 partidas do torneio – nenhum outro campeão argentino marcou tanto na década.
16 daqueles gols levaram a assinatura de Andrés Silvera, o artilheiro da competição, superando as críticas que tivera no início de seu ciclo em Avellaneda, um ano antes; não conseguia marcar e quase foi devolvido ao Unión, mas Gallego o bancou. El Cuqui, surgido em outro CAI (a Comisión de Actividades Infantiles, de sua Comodoro Rivadavia natal, na Patagônia), também esteve presente no último título rojo, a Copa Sul-Americana de 2010.
Outro destaque foi o jovem capitão Gabriel Milito, que recentemente se aposentou no time. Boa parte da péssima campanha no Clausura de 2002 deveu-se à ausência do Mariscal na defesa. Ele havia rompido os ligamentos do joelho no ano anterior. Outra figura com trajetória de idas e vindas foi o meia Daniel Montenegro, que já havia passado bem no clube no Clausura de 2000. Havia acabado de regressar no segundo semestre de 2002 com o status de melhor jogador do primeiro, quando esteve no Huracán, outro ambiente onde é ídolo.
Os companheiros de Rolfi Montenegro no meio também se destacariam. Federico Insúa, vice-artilheiro do elenco, com 7 gols, e o já cão-de-guarda Pablo Guiñazú receberiam chances de Marcelo Bielsa na seleção já em 31 de janeiro de 2003, na renovação pós-Copa, credenciados por aquele título que quebrou considerável jejum nacional de oito anos (atualmente, o Rojo vive dez). E Lucas Pusineri, com 6 gols, se tornaria San Lucas ao praticamente decidir o título.
O time-base campeão foi fechado com o goleiro Leonardo Díaz, os laterais Federico Domínguez e Juan José Serrizuela, o zagueiro Hernán Franco, o volante Diego Castagno Suárez e o polivalente meia Leonel Ríos. Díaz e Castagno Suárez eram ambos recém-chegados do Colón, onde eram ídolos e pelo qual haviam levado a melhor sobre o próprio Independiente em play-off da temporada 1996-97 por uma vaga na Libertadores de 1998.
A primeira das duas únicas derrotas dos campeões, um 1 a 2 para o River, só veio na 9ª rodada. Os triunfos até lá incluíram um 4 a 1 no Racing, em clássico lembrado pelas rusgas dos irmãos Milito; um 7 a 1 no Colón, com Silvera marcando três sobre seu antigo rival em Santa Fe; e um 6 a 2 no Chacarita com novo hat trick de Silvera e também de Insúa.
Já com 6 vitórias e 2 empates, os vermelhos mantiveram o ritmo, arrancando 5 vitórias seguidas depois da queda contra o River. Poderiam ser campeões antecipados na antepenúltima rodada, se vencessem o Banfield e o segundo, o Boca, perdesse para o Talleres. Só que os diablos tiveram a segunda derrota, enquanto o Boca venceu os cordobeses, deixando a diferença para 3 pontos. Líder e vice se pegariam em Avellaneda na penúltima rodada, virtualmente uma decisão.
Díaz, Serrizuela, Franco, Milito, Juan Eluchans (que substituía El Toti Ríos), Pusineri, Castagno Suárez, Guiñazú, Montenegro, Insúa e Silvera receberam os auriazuis do técnico Óscar Tabárez, formados com Abbondanzieri, Burdisso, Schiavi, Crosa, Donnet, Cascini, Battaglia, Clemente Rodríguez, Tévez, Guillermo Barros Schelotto e Delgado. Aos 38 minutos do primeiro tempo, Clemente cruzou, Franco se atrapalhou, Schelotto trocou passes com Delgado, e, cara a cara com Díaz, abriu o placar. As duas equipes ficavam igualadas momentaneamente na liderança.
O confronto foi equilibrado e cada lado teve ótimas chances de gols, mas o placar permaneceu inalterado até os 41 minutos do segundo tempo, quando Milito carregou a bola até a entrada da grande área rival e passou para Emanuel Rivas cruzar pela esquerda. Pusineri subiu e cabeceou no lado direito de Abbondanzieri, que se mexeu atrasado e ouviu a Doble Visera se incendiar com o empate e a manutenção da vantagem local de 3 pontos para a última rodada.
No seu último jogo, o Boca venceu o Rosario Central por 3 a 1 na Bombonera, mas o líder saiu-se ainda melhor: há exatos dez anos, visitou no Nuevo Gasómetro o San Lorenzo, equipe onde Serrizuela e Pusineri haviam se sagrado campeões em janeiro, pela Copa Mercosul. Os mesmos titulares contra o Boca tiveram pela frente Saja, Esquivel, Gonzalo Rodríguez, Morel Rodríguez (hoje, no Independiente), Paredes, Chatruc, Michelini, Zurita, Romagnoli, Astudillo e Acosta.
Os azulgranas seriam dias depois vencedores da primeira Copa Sul-Americana, mas, ou por causa disso, estiveram meio apáticos. Aos dez minutos do segundo tempo, a fatura já estava liquidada, com gols de Pocho Insúa, Cuqui Silvera e San Lucas Pusineri. O Independiente voltava a ser campeão nacional depois de oito anos e, de quebra, reigualava-se aos 16 títulos argentinos do Racing (na soma de amadores com profissionais) depois de um ano.
O Rojo de Avellaneda não voltou a chegar perto do título doméstico outra vez, chegando no máximo a quartos lugares e tendo normalmente campanhas abaixo do oitavo. Na próxima segunda-feira, reencontra o adversário de 29 de novembro de 2002, em um confronto de desesperados contra o descenso – o San Lorenzo está duas posições acima dos campeões nacionais de uma década atrás. Abaixo, vídeos do jogo contra ele e contra o Boca naquele Apertura 2002.
As máquinas caça-níqueis são um dos jogos de casino mais preferidos do mundo, tanto no…
Até a Recopa 2025, a ausência de qualquer duelo que não fossem dois amistosos revela…
Com agradecimentos especiais à comunidade "Coleccionistas de Vélez Sarsfield", no Facebook; e aos perfis HistoriaDeVelez…
Originalmente publicado nos 25 anos, em 01/12/2019 - e revisto, atualizado e ampliado O ícone…
"Porque isto é algo mais do que uma simples partida, bastante maior do que uma…
As apostas no futebol estão em franco crescimento no Brasil, impulsionadas pelo aumento das casas…
This website uses cookies.