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Desmitificando Muñoz, Moreno, Pedernera, Labruna e Loustau, o mais famoso ataque argentino

Não houve ataque mais célebre na Argentina, embora ofuscado pela falta de Copas do Mundo nos anos de Segunda Guerra, do que o escalado com Juan Carlos Muñoz na ponta-direita, José Manuel Moreno na meia-direita, Adolfo Pedernera de centroavante, Ángel Labruna na meia-esquerda (único que jogaria uma Copa, em 1958) e Félix Loustau na ponta-esquerda. Compunham a linha ofensiva de La Máquina, o timaço que o River teve no início dos anos 40. Nesse dia 28 de junho, completam-se 75 anos da primeira vez em que esse quinteto foi empregado oficialmente, em um 1-0 no Platense em 1942. Um bom gatilho para desfazer alguns mitos. Ou para realçar outras lendas.

Primeiramente, eles já havia atuado todos juntos antes da data oficial. Foi em 26 de fevereiro de 1942, em amistoso contra um combinado de Bahía Blanca. Foi também a primeira vez de Loustau no time principal do River. As estatísticas argentinas, porém, não costumam levar em consideração jogos amistosos. Para elas, vale mesmo o 28 de junho de 1942, que por sua vez marca a estreia “oficial” de Loustau. Outro mito: mesmo sem ele, aquele River já era La Máquina. A linha Muñoz-Moreno-Pedernera-Labruna-Loustau não era, assim, a própria La Máquina. Era apenas seu ataque mais famoso. Que nem se dava tão bem como a fama indica. “Moreno queria que lhe passassem sempre todas as bolas e às vezes jogava para a arquibancada”, reclamaria Muñoz…

O apelido La Máquina foi usado justamente duas semanas antes da estreia “oficial” do quinteto. Foi em 14 de junho de 1942, conforme lembramos aqui. No lugar de Loustau, jogava Aristóbulo Deambrossi. Essa primeira versão de La Máquina vinha fazendo sucesso desde o ano anterior, e teria nascido quando Pedernera foi deslocado para a posição de centroavante para ser um falso 9 da época: armava para os colegas em vez de ser fominha. O centroavante titular era antes Roberto D’Alessandro, logo repassado ao Racing. O historiador Pablo Ramírez defende que para ser considerado jogo de La Máquina, o único requisito era a escalação de Pedernera como centroavante no River, por mais que os colegas de ataque se alterassem. O que foi uma constante entre 1941 e 1946, quando o River venceu 116 de 180 jogos, perdendo 23, com 471 gols a favor e 226 contra. Mas a linha ofensiva mais famosa foi mais exceção do que regra, na realidade.

De fato, o River usou os cinco na mesma partida só dezoito vezes pelo campeonato argentino, e em alguns amistosos. Em parte, porque Moreno, desentendido com dirigentes em função da boemia, exilou-se no futebol mexicano entre meados de 1944 e meados de 1946. O substituto provisório de Moreno foi Alberto Gallo. Carlos Peucelle, quem tivera a ideia de centralizar Pedernera, ainda atuou algumas partidas no campeonato de 1941, concorrendo com Muñoz. Por sua vez, Deambrossi, ambidestro nas pontas, foi uma opção regular e importante na sombra de Muñoz (principalmente) e Loustau, marcando por exemplo dois gols na maior goleada do River sobre o Boca, o 5-1 de 1941. Quando Deambrossi e sobretudo Pedernera rumaram ao Atlanta em 1947 (para serem rebaixados!), La Máquina acabou. Alfredo Di Stéfano, ex-reserva de Pedernera (Di Stéfano o considerava o melhor jogador que vira), irrompeu, mas o estilo de jogo virou mais cerebral do que artístico.

Entrada do museu do River, no interior do Monumental de Núñez, reproduz em muro “destruído” por uma locomotiva de verdade a imagem que abre a matéria

Outra surpresa? Na maior parte do tempo em que o River contou com aqueles cinco, não terminou campeão. Em 1943 (cinco jogos no campeonato) e 1944 (seis), foi bivice para o Boca – aliás, o quinteto jamais foi usado junto no Superclásico. Em 1946 (outros seis), com Moreno de volta do México, os millonarios ficaram em terceiro. O campeão foi o San Lorenzo, de outro ataque celebrado na época, El Terceto de Oro composto por Armando Farro, René Pontoni e Rinaldo Martino. Para a alegria do Papa Francisco, que tinha dez anos e teve em Pontoni seu maior ídolo (algo registrado em carta oficial no Vaticano), os azulgranas somaram 90 gols na campanha, mais do que qualquer campeonato de La Máquina. Pontoni e Martino, não por acaso, foram concorrentes de Pedernera e Labruna na seleção. La Máquina, na verdade, não era só o ataque, seja composto pelos cinco juntos ou não. A defesa era igualmente brilhante, e talvez até mais regular.

A retaguarda do River foi a melhor nos campeonatos de 1941, com onze gols a menos que a segunda melhor; 1942 (levou 37 e o vice San Lorenzo, 50), 1943 (quatorze a menos que a segunda melhor), 1945 e 1946. Julio Barros e depois José Soriano eram os goleiros (Amadeo Carrizo só se firmaria depois de 1947) protegidos pelos beques Ricardo Vaghi e Luis Ferreyra/Eduardo Rodríguez, reforçados pela linha média formada por Norberto Yácono, Bruno Rodolfi (a partir de 1945, Néstor Rossi) e José Ramos. Se o time já era La Máquina em 1941, não teve o melhor ataque e sim o Newell’s. Também não teve em 1943, 1944 e nem mesmo no título de 1945, em que cinco times somaram mais gols. Entre 1941 e 1946, o ataque millonario só somou mais gols em 1942, outra ironia: foi justo na edição com menor aparição dos cinco famosos – apenas aquela de 75 anos atrás.

Olhando-se a listagem de jogos dos cinco, vê-se que eles perderam só quatro vezes em 26 aparições. Mas a maioria das vitórias não chegou a ser elástica. Das goleadas, o mais azarado foi o Racing, que levou duas vezes de cinco. Mesmo nos amistosos, as aparições conjuntas do quinteto foi diluída: dois entre os dezesseis jogados em 1942; três de onze em 1943; um de 23 em 1944 e um de treze em 1946. Em pelo menos dois amistosos, algum membro do quinteto só entrou no decorrer da partida: Loustau começou no banco de Deambrossi na derrota de 4-2 para o Newell’s em 1943. No 2-1 contra o Corinthians em 1946, os cinco jogaram, mas não ao mesmo tempo: Labruna e Pedernera começaram reservas, substituindo respectivamente Roberto Coll e Muñoz. Di Stéfano, centroavante titular, logo inverteu de posição com Pedernera, indo Di Stéfano à ponta deixada por Muñoz.

Esse jogo contra o Corinthians, curiosamente, foi o único no exterior a contar com os cinco, assim como o último de Pedernera como atleta do River – também é histórico para os corintianos, que atuaram pela primeira vez com números nas camisas. Já como aposentado, Pedernera ainda jogaria em 1957 em uma 26ª reunião do quinteto famoso. Foi pelo “jogo do jubileu”, a partida que celebrou os 25 anos de ingresso de Labruna nos juvenis millonarios. Mesmo rompido com o ex-colega, Pedernera atuou o jogo inteiro de uma partida que teve direito ao goleiro do título de 1908 na segunda divisão, Carlos Isola, jogar os primeiros 8 minutos para dar lugar a Amadeo Carrizo. Muñoz, já aposentado, e Moreno, quase (estava no Independiente Medellín), ficaram até os 13 do segundo tempo; deram lugar respectivamente a Miguel Rodríguez, autor do gol, e Eliseo Prado. E Loustau, em seu último ano de River e já reserva por lá, saiu para a entrada de Roberto Zárate.

River 2-1 Corinthians em 1946: último jogo dos cinco famosos juntos antes da partida festiva de 1957 e único fora do país. Loustau, Pedernera e Labruna seguram a bandeira paulista

Além dos citados Coll, D’Alessandro, Deambrossi, Di Stéfano, Gallo e Peucelle, o River contou ainda para as posições ofensivas entre 1941-46 com Roberto Aballay, o peruano Jorge Alcade (campeão da Copa América 1939), Antonio Báez, Rafael Franco, Alberto Gennari, Hugo Giorgi, Joaquín Martínez (avô de Juan Manuel Martínez, ex-Corinthians, Boca e Vélez), Román Quevedo, Hugo Reyes, o uruguaio Ismael Rivero e Carmelo Yorlano. Teve quem, longe de Núñez, se destacou: Aballay somou incríveis 40 gols em 25 jogos no Asturias, onde foi artilheiro da liga mexicana de 1945; Reyes, que sobrepujou Muñoz a partir de 1947, e Báez foram do Ballet Azul do Millonarios estrelado por Pedernera e Di Stéfano (e Néstor Rossi) no Eldorado Colombiano, que viu Coll ser artilheiro no Deportivo Cali. Mas só Peucelle, veterano da Copa 1930, e Di Stéfano também jogaram na seleção.

O objetivo da nota não é desqualificar o quinteto mais famoso dentre os clubes argentinos – sobre, por exemplo, o jogo contra o Corinthians, o jornal Mundo Esportivo assinalou que “o River Plate mostrou ser um poderoso quadro. Uma equipe que funciona com rara perfeição, onde todos os pontos se conhecem, perfeitamente bem. O quadro trabalha com movimentos compassados, e harmoniosos”; já o Globo Sportivo publicou que “víamos nas exibições dos companheiros de Soriano um football clássico, de elementos capazes individualmente, mas que se movem no gramado em perfeita coordenação conjuntiva”, enquanto o Timão “iniciou a prática do jogo violento, tendo Domingos [da Guia] atingido propositadamente Loustau, enquanto Ruy tinha igual atitude, logo depois, contra Ongaro”.

A respeito, pausa para anedota de Di Stéfano (recém devolvido pelo Huracán, pôde se alternar com os cinco), presente no livro oficial do centenário riverplatense: “sempre me lembro do dia que joguei contra Domingos da Guia. Era um cavalheiraço. Mas naquele jogo deu uma patadona fenomenal em Loustau e se criou um tumulto bárbaro. Todos nos amontoamos e El Negro tirou o que tinha guardado adentro há vários anos: ‘nunca vou perdoar esse senhor Loustau que humilhou Domingos…’. Ficamos olhando-o e nesse momento me veio à memória um jogo de 1945, quando Félix reluziu todo o seu repertório e fez coisas de cinema. Eu estava na arquibancada e saltava de felicidade. Em Domingos, para ser sincero, deu um baile incrível… essas eram questões de honra que todos respeitávamos muitíssimo nesses tempos”. Em 1945, Loustau e Domingos se enfrentaram na Copa América.

O objetivo da nota é, sim, enaltecer a geração de ouro que o país vivia nos anos 40. Para muitos, a mais brilhante de todas. Siga lendo mais abaixo…

DATA CONTEXTO PLACAR/ADVERSÁRIO GOLS DO RIVER
26-02-1942 Amistoso em Bahía Blanca 3-1 Combinado Bahiense Pedernera (3)
28-06-1942 11ª rodada do campeonato (local) 1-0 Platense Moreno
12-07-1942 Amistoso em Córdoba 1-2 Gimnasia LP Fernando Sánchez
27-03-1943 Amistoso em Rosario 2-4 Newell’s Pedernera e Moreno
11-04-1943 Amistoso de inauguração do estádio do Vélez 2-2 Vélez Pedernera (2 de pênalti)
09-05-1943 4ª rodada do campeonato (visitante) 1-3 Atlanta Pedernera
25-05-1943 Amistoso no Monumental 4-3 Peñarol Muñoz (2) e Labruna (2)
13-06-1943 9ª rodada do campeonato (local) 3-1 Ferro Carril Oeste Pedernera (2) e Labruna
31-10-1943 25ª rodada do campeonato (local) 5-0 Racing Moreno, Labruna (3) e Pedernera
07-11-1943 26ª rodada do campeonato (visitante) 1-1 Rosario Central Labruna
14-11-1943 27ª rodada do campeonato (local) 3-0 Chacarita Loustau (2) e Labruna
21-11-1943 28ª rodada do campeonato (visitante) 1-1 San Lorenzo Muñoz
16-03-1944 1ª rodada do campeonato (visitante) 2-2 Independiente Loustau e Moreno
04-06-1944 8ª rodada do campeonato (local) 5-1 Racing Labruna (4) e Moreno
11-06-1944 9ª rodada do campeonato (visitante) 1-1 Ferro Carril Oeste Miguel Garavano (contra)
18-06-1944 10ª rodada do campeonato (local) 1-0 Chacarita Moreno
25-06-1944 11ª rodada do campeonato (visitante) 2-1 Vélez Loustau e Moreno
02-07-1944 12ª rodada do campeonato (local) 2-1 San Lorenzo Labruna e Pedernera
15-08-1944 Amistoso beneficente em San Juan pelo terremoto local 1-1 San Lorenzo Labruna (pênalti)
11-08-1946 14ª rodada do campeonato (local) 2-1 Chacarita Loustau e Pedernera
08-09-1946 18ª rodada do campeonato (visitante) 1-0 Estudiantes Loustau
29-09-1946 21ª rodada do campeonato (local) 4-1 Ferro Carril Oeste Moreno (2), Labruna e Pedernera
10-11-1946 26ª rodada do campeonato (local) 1-2 Lanús Moreno
17-11-1946 27ª rodada do campeonato (visitante) 2-2 Huracán Labruna (2)
23-12-1946 Amistoso no Pacaembu 2-1 Corinthians Roberto Coll e Labruna
19-09-1957 Amistoso festivo dos 25 anos de Labruna no River 1-0 Peñarol Miguel Rodríguez

A seguir, uma tabela com todos os jogos da seleção argentina no período em que ela contou com pelo menos dois jogadores juntos do ataque mais famoso, entre 1940 e 1952; Moreno estreara ainda em 1936 (jogaria até 1950) e Labruna, que estreou em 1942, esticaria até 1958. Nesse intervalo, Pedernera jogou de 1940 a 1946; Muñoz, de 1942 a 1945, sendo o único deles invicto pela Argentina; e Loustau, de 1945 a 1952, sendo o único titularíssimo em todo o tri seguido da Copa América mesmo em edições de anos seguidos, entre 1945-46-47, uma amostra de como aquela geração dourada poderia fornecer até três seleções de alto nível. Que poderia incluir até gente rebaixada.

Por exemplo, Juan Carlos Heredia, que caíra com o Rosario Central em 1941, jogou a Copa América 1942; Armando Farro, antes de ir ao Terceto de Oro do San Lorenzo, jogou a Copa América 1945 ainda como atleta do Banfield lanterna de 1944. Assim, o máximo que a Argentina reuniu do ataque mais famoso do país foi três membros, sobretudo na vitoriosa Copa América 1946, que contou com Pedernera, Labruna e Loustau (destaque para o 7-1 na Bolívia). Por outro lado, a seleção não jogou em 1944; em 1945, Moreno não poderia ser usado por estar no México (só em 1972 passou-se a convocar quem estivesse no exterior), de onde só voltou após os jogos dos hermanos em 1946.

Vale dizer que a Albiceleste não passou de dois jogos seguidos no período sem ter ao menos um integrante do quinteto, mas só em 1953 que a Argentina empregou cinco atacantes de um mesmo clube, os do Independiente que naquele mesmo ano impuseram um 6-0 sobre o Real Madrid em Madrid (no que por nove anos foi a última derrota de Di Stéfano e colegas em casa para clubes estrangeiros): Rodolfo Micheli, Carlos Cecconato, Carlos Lacasia, Ernesto Grillo e Osvaldo Cruz.

Outra prova da força dessa geração é que houve ocasiões de dois jogos no mesmo dia, com times totalmente diferentes – como nos dois primeiros jogos de Pedernera, que enfrentou o Paraguai na Argentina enquanto seu colega Peucelle estava em São Paulo para enfrentar o Brasil pela velha Copa Roca. Pedernera conseguiu o feito de ser escalado em quase todas as posições ofensivas na seleção. Foi ponta-esquerda sobretudo em 1940; ponta-direita sobretudo em 1941; meia-direita sobretudo em 1942, na maioria dos jogos da Copa América; e centroavante na Copa Roca de 1945 e no início da Copa América de 1946. Não que apreciasse: “posso afirmar certamente que cada lugar tem um segredo que é indispensável conhecer. Por isso, sou um firme defensor dos especialistas. Ou Maradona pode jogar como marcador central?”, indagou o maestro.

À direita, os cinco na reunião de 1957. À esquerda, três na seleção: o técnico Stábile, De la Mata, Méndez, Pedernera, Labruna e Loustau; Salomón, Sobrero, Fonda, Strembel, Vacca e Pescia

Mas a polivalência de Pedernera não bastou para que ele deixasse de estar em dezoito jogos seguidos da seleção, outro demonstrativo da força daquela geração. Moreno, com quem ele rivaliza como maior craque da época, foi outro ambidestro na seleção, atuando nas duas meias. Mas, como meia-direita, começou a concorrer com o maior artilheiro da história Copa América, Norberto Méndez. Para que ambos jogassem, Moreno voltou a ser meia-esquerda (no lugar de Labruna…) e nessa posição foi eleito o melhor jogador da Copa América de 1947. Sua partida em 1950 foi já como jogador do Boca, ironicamente o clube do coração de El Charro. Entrou para substituir justamente Labruna e se tornou o primeiro desde os anos 10 a ser aproveitado pela Argentina vindo da dupla principal do país.

Muñoz, por sua vez, calhou de concorrer com Mario Boyé, do Boca. Conhecido pelas bombas, El Atómico Boyé foi primeiro ponta a ser artilheiro do campeonato argentino (em 1946) e um dos raros cinco convocados para todo aquele tri na Copa América. Como centroavante, Pedernera concorria com Pontoni, outro desses cinco e que depois colocaria Di Stéfano na reserva. Como meia-esquerda, Labruna concorria com Martino e depois com o próprio improvisado colega Moreno. Somente Loustau conseguiu ser regularmente titular em todo o seu ciclo na seleção, mesmo tendo como concorrente Manuel Pellegrina, que embora ponta conseguiu ser o maior artilheiro da história do Estudiantes.

Outros concorrentes pesados ocasionais foram Antonio Sastre e Vicente de la Mata, ambos do Independiente e improvisados em diversas funções para que pudessem jogar; De la Mata, ainda adolescente, havia sido herói da Copa América de 1937 ao marcar os dois gols do título na prorrogação contra o Brasil, o que não impediu que seu jogo seguinte viesse somente em 1943. Emilio Baldonedo, do Huracán, ainda é quem mais fez gols na seleção brasileira (sete) considerando todas as seleções, mas esse meia-esquerda do Huracán foi vedado na seleção por pressão dos próprios cartolas.

Vale ainda mencionar aqueles que jogaram no Brasil: Sastre, Martino e Juan José Negri apareceram no São Paulo; Pontoni, na Portuguesa; Rubén Bravo, no Botafogo; Rafael Sanz e Ricardo Alarcón, no Flamengo; e Bernardo Gandulla, no Vasco. Exceto Gandulla, todos vieram já veteranos – somente Negri e (sobretudo) Sastre conseguiram sucesso. Por fim, ressalte-se que a Argentina não realizou jogos em 1948, ano da longa e famosa greve que originou o êxodo de muitos ao Eldorado Colombiano, e em 1949, ano de Copa América realizada no Brasil. AFA e CBD estiveram rompidas entre 1946-56 pelo quebra-quebra na final da Copa América 1946 após a fratura do capitão José Salomón, umas das razões para que os hermanos sequer jogassem as eliminatórias para a Copa do Mundo de 1950.

DATA CONTEXTO/LOCAL PLACAR/

ADVERSÁRIO

ATAQUE ARGENTINO GOLS ARGENTINOS
18-02-1940 Copa Roca 1939 (São Paulo) 2-2 Brasil Peucelle, Sastre, Arrieta (Cassán), Baldonedo e García Cassán e Baldonedo
18-02-1940 Copa Chevallier Boutell (Avellaneda) 3-1 Paraguai Maril, Leguizamón, Laferrara, Ballesteros e Pedernera Leguizamón, Pedernera e Ballesteros
25-02-1940 Copa Roca 1939 (São Paulo) 3-0 Brasil Peucelle (Zorrilla), Sastre, Cassán, Baldonedo (Fidel) e García Baldonedo, Fidel e Sastre
25-02-1940 Copa Chevallier Boutell (Assunção) 4-0 Paraguai Maril, Masantonio, Laferrara, Ballesteros e Pedernera Masantonio (2) e Laferrara (2)
02-03-1940 Copa Presidente de Chile (Buenos Aires) 4-1 Chile Maril, Sabio, Laferrara, Ballesteros e Pedernera Laferrara (3) e Pedernera
05-03-1940 Copa Roca 1940 (Buenos Aires) 6-1 Brasil Peucelle, Sastre, Masantonio, Baldonedo e García Masantonio (2), Peucelle (3) e Baldonedo
09-03-1940 Copa Presidente de Chile (Buenos Aires) 3-2 Chile Maril, Sabio (Prado), Laferrara (Arrieta), Ballesteros e Pedernera Arrieta (3)
10-03-1940 Copa Roca 1940 (Buenos Aires) 2-3 Brasil Peucelle, Moreno, Masantonio (Cassán), Baldonedo e García Baldonedo (2)
17-03-1940 Copa Roca 1940 (Avellaneda) 5-1 Brasil Peucelle, Sastre, Masantonio (Cassán), Baldonedo e García Baldonedo (2) Masantonio, Peucelle e Cassán
18-07-1940 Copa Héctor Gómez (Montevidéu) 0-3 Uruguai Heredia, Sastre, Masantonio, Baldonedo e García  
15-08-1940 Copa Mignaburu (Buenos Aires) 5-0 Uruguai Belén, Moreno, Sarlanga (Marvezi), Gandulla e Arregui Esperón, Marvezi (2), Moreno e Sarlanga
05-01-1941 Copa Presidente de Argentina (Santiago) 2-1 Chile Gayol, Moreno, Marvezi (Arrieta), Sanz (Sastre) e Arregui Sastre e Arrieta
09-01-1941 Copa Presidente de Argentina (Santiago) 5-2 Chile Belén, Moreno, Arrieta, Sastre e Arregui Sastre (2), Arregui e Arrieta (2)
19-01-1941 Copa Roque Sáenz Peña (Lima) 1-1 Peru Belén, Moreno, Arrieta, Sastre (Sanz) e Arregui Belén
26-01-1941 Copa Roque Sáenz Peña (Lima) 1-1 Peru Belén, Moreno, Arrieta (Marvezi), Sastre e Arregui Belén
29-01-1941 Copa Roque Sáenz Peña (Lima) 3-0 Peru Belén, Moreno, Arrieta (Marvezi), Alarcón (Sastre) e Arregui Moreno, Sastre e Marvezi
12-02-1941 Copa América (Santiago) 2-1 Peru Belén, Moreno, Marvezi, Sastre e Arregui Moreno (2)
16-02-1941 Copa América (Santiago) 6-1 Equador Pedernera, Moreno, Marvezi, Sastre e García Marvezi (5) e Moreno
23-02-1941 Copa América (Santiago) 1-0 Uruguai Pedernera, Moreno, Marvezi, Sastre e García Sastre
04-03-1941 Copa América (Santiago) 1-0 Chile Pedernera, Moreno, Arrieta, Sastre e García García
11-01-1942 Copa América (Montevidéu) 4-3 Paraguai Tossoni, Sandoval, Masantonio, Moreno e García Sandoval, Masantonio (2) e Perucca
17-01-1942 Copa América (Montevidéu) 2-1 Brasil Tossoni (Heredia), Pedernera, Masantonio, Moreno e García García e Masantonio
22-01-1942 Copa América (Montevidéu) 12-0 Equador Heredia, Pedernera, Masantonio, Moreno e García García, Moreno (6), Masantonio (4) e Perucca
25-01-1942 Copa América (Montevidéu) 3-1 Peru Heredia (Tossoni), Pedernera, Masantonio (Laferrara), Moreno e García Heredia e Moreno (2)
31-01-1942 Copa América (Montevidéu) 0-0 Chile Heredia, Pedernera, Laferrara, Moreno e García  
07-02-1942 Copa América (Montevidéu) 0-1 Uruguai Heredia (Pedernera), Sandoval, Masantonio, Moreno e García (Ferreyra)  
25-05-1942 Copa Newton (Buenos Aires) 4-1 Uruguai Muñoz, Moreno, Pontoni, Martino e García Martino (2), Pontoni e Alberti
25-08-1942 Copa Lipton (Montevidéu) 1-1 Uruguai Muñoz, Moreno, Pairoux, Martino e Pellegrina Muñoz
28-03-1943 Copa Mignaburu (Buenos Aires) 3-3 Uruguai Muñoz, Negri (Sarlanga), Pontoni, Martino e García Martino e Pontoni (2)
04-04-1943 Copa Héctor Gómez (Montevidéu) 1-0 Uruguai Muñoz, Canteli, Pontoni, Morosano e Ferreyra Canteli
10-07-1943 Copa Chevallier Boutell (Assunção) 5-2 Paraguai Belén, Borgnia (De la Mata) Sarlanga (Lijé), Martino e Pellegrina Martino, Sarlanga (2), Pellegrina e De la Mata
11-07-1943 Copa Chevallier Boutell (Assunção) 1-2 Paraguai Belén, Borgnia (De la Mata), Sarlanga, Martino e Pellegrina Sarlanga
06-01-1945 Copa Chevallier Boutell (Buenos Aires) 5-2 Paraguai Muñoz, De la Mata, Pontoni, Martino e Loustau Martino, Pontoni (2), Loustau e Muñoz
09-01-1945 Copa Chevallier Boutell (Buenos Aires) 5-3 Paraguai Muñoz, Méndez, Pontoni, Martino e Loustau Martino e Pontoni (4)
18-01-1945 Copa América (Santiago) 4-0 Bolívia Muñoz, De la Mata (Farro), Pontoni (Ferraro), Martino e Loustau Pontoni, Martino, Loustau e De la Mata
31-01-1945 Copa América (Santiago) 4-2 Equador Boyé, De la Mata (Méndez), Pontoni, Martino e Pellegrina Pontoni, De la Mata, Martino e Pellegrina
07-02-1945 Copa América (Santiago) 9-1 Colômbia Boyé, Méndez, Pontoni (Ferraro), Martino (Farro) e Loustau Pontoni (2), Méndez (2), Martino, Boyé, Loustau e Ferraro (2)
11-02-1945 Copa América (Santiago) 1-1 Chile Boyé (Muñoz), Méndez, Pontoni, Martino e Loustau Méndez
15-02-1945 Copa América (Santiago) 3-1 Brasil Muñoz, Méndez (De la Mata), Pontoni, Martino (Farro) e Loustau Méndez (3)
25-02-1945 Copa América (Santiago) 1-0 Uruguai Muñoz (Boyé), Méndez, Ferraro, Martino e Loustau Martino
07-07-1945 Copa Chevallier Boutell (Assunção) 1-5 Paraguai Salvini, Méndez (De la Mata), Pontoni (Ferraro), Martino (Labruna) e Loustau Pontoni
09-07-1945 Copa Chevallier Boutell (Assunção) 3-1 Paraguai Muñoz (Salvini), Méndez, Ferraro, Martino e Sued Sued e Martino (2)
18-07-1945 Copa Lipton (Montevidéu) 2-2 Uruguai Salvini, Méndez, Ferraro, Martino (Labruna) e Sued Salvini e Martino
15-08-1945 Copa Newton (Buenos Aires) 6-2 Uruguai Salvini, Méndez, Ferraro, Martino e Loustau (Pedernera) Ferraro, Loustau, Martino (2), Méndez e Pedernera
16-12-1945 Copa Roca (São Paulo) 4-3 Brasil Boyé, Méndez (Salvini), Pedernera, Labruna e Sued Pedernera, Boyé, Sued e Labruna
20-12-1945 Copa Roca (Rio de Janeiro) 2-6 Brasil Boyé, Pedernera, Pontoni, Martino (Labruna) e Sued Pedernera e Martino
23-12-1945 Copa Roca (Rio de Janeiro) 1-3 Brasil Salvini, Martino, Pedernera (Pontoni), Labruna e Sued Martino
12-01-1946 Copa América (Buenos Aires) 2-0 Paraguai Boyé, De la Mata (Méndez), Pontoni, Martino e Loustau De la Mata e Martino
19-01-1946 Copa América (Buenos Aires) 7-1 Bolívia Salvini, Méndez, Pedernera, Labruna e Loustau Labruna (2), Méndez (2), Salvini (2) e Loustau
26-01-1946 Copa América (Buenos Aires) 3-1 Chile Salvini (Pontoni), Pedernera, Méndez, Labruna e Loustau Labruna (2) e Pedernera
02-02-1946 Copa América (Buenos Aires) 3-1 Uruguai De la Mata, Pedernera, Méndez, Labruna e Loustau Pedernera, Labruna e Méndez
10-02-1946 Copa América (Buenos Aires) 2-0 Brasil De la Mata, Pedernera, Méndez, Labruna e Loustau Méndez (2)
02-12-1947 Copa América (Guayaquil) 6-0 Paraguai Boyé, Méndez, Pontoni, Moreno e Loustau Moreno, Loustau, Pontoni (3) e Méndez
04-12-1947 Copa América (Guayaquil) 7-0 Bolívia Boyé, Méndez, Pontoni (Di Stéfano), Moreno e Loustau Méndez (2), Pontoni, Loustau, Boyé (2) e Di Stéfano
11-12-1947 Copa América (Guayaquil) 3-2 Peru Boyé, Méndez, Di Stéfano, Moreno e Loustau Moreno, Di Stéfano e Boyé
16-12-1947 Copa América (Guayaquil) 1-1 Chile Boyé, Méndez, Di Stéfano, Moreno (Fernández) e Loustau Di Stéfano
18-12-1947 Copa América (Guayaquil) 6-0 Colômbia Boyé (Cerviño), Méndez, Di Stéfano, Fernández (Campana) e Loustau Fernández, Di Stéfano (3), Boyé e Loustau
25-12-1947 Copa América (Guayaquil) 2-0 Equador Boyé, Méndez, Di Stéfano (Pontoni), Moreno e Loustau Moreno e Méndez
28-12-1947 Copa América (Guayaquil) 3-1 Uruguai Boyé, Méndez (Fernández), Pontoni (Di Stéfano), Moreno e Loustau (Sued) Méndez (2) e Loustau
25-03-1950 Copa Chevallier Boutell (Buenos Aires) 2-2 Paraguai Vernazza, Méndez, Bravo (Uñate), Labruna e Loustau Vernazza e Bravo
29-03-1950 Copa Chevallier Boutell (Buenos Aires) 4-0 Paraguai Vernazza, Méndez, Bravo (Uñate), Labruna (Moreno) e Loustau Labruna (2) e Uñate (2)
09-05-1951 Amistoso (Londres) 1-2 Inglaterra Boyé, Méndez, Bravo, Labruna e Loustau Boyé
13-05-1951 Amistoso (Dublin) 1-0 Irlanda Boyé, Méndez, Benavídez, Labruna e Loustau Labruna
07-12-1952 Amistoso (Madrid) 1-0 Espanha Boyé, Méndez, Infante, Labruna (Grillo) e Loustau Infante
14-12-1952 Amistoso (Lisboa) 3-1 Portugal Boyé, Méndez (Grillo), Infante, Labruna e Loustau Loustau e Labruna (2)

Para saber mais:

20 anos sem Pedernera, o Maestro de La Máquina do River

100 anos de Moreno, maior jogador argentino da 1ª metade do século XX

Labruna, o maior símbolo do River

Félix Loustau, o Chaplin do futebol

Juan Carlos Muñoz, o cruzador de La Máquina do River

Deambrossi, o eficiente estepe de La Máquina, o timaço do River nos anos 40

Há 70 anos, o jovem Papa acompanhava o San Lorenzo campeão argentino

René Pontoni, ídolo do Papa

Rinaldo Martino, “mais muito” que o 3º maior artilheiro do San Lorenzo

Maior carrasco do Brasil, Baldonedo faria cem anos

15 anos sem o maior artilheiro da Copa América

Pedernera (à direita, já no Atlanta), maior ídolo de Di Stéfano, com René Pontoni, maior ídolo do Papa Francisco: eram concorrentes na seleção em uma geração dourada. Pontoni fez 19 gols em 19 jogos pela Argentina e colocaria o próprio Di Stéfano na reserva nela. Jogou na Portuguesa e sua pizzaria, “La Guitarrita”, ainda funciona em Buenos Aires: saiba mais dela!

Caio Brandão

Advogado desde 2012, rugbier (Oré Acemira!) e colaborador do Futebol Portenho desde 2011, admirador do futebol argentino desde 2010, natural de Belém desde 1989 e torcedor do Paysandu desde antes de nascer

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