AFA não quer Bauza. E ninguém quer a AFA
Os bastidores do futebol são cíclicos. Se em determinado momento, os jornalistas (e até mesmo os dirigentes) pregam pela manutenção de um treinador a frente de uma equipe, no dia seguinte há a possibilidade da inversão da opinião. E em se tratando de futebol argentino, isso é mais do que comum.
Três anos se passaram desde a morte de Julio Grondona. A entidade chegou a ficar sob intervenção por quase nove meses, até Claudio Tapia, desconhecido presidente do Barracas Central, assumir o posto, em 30 de março deste ano. E assumiu, logo de cara, várias bombas-relógio.
Primeiro, a punição de Lionel Messi junto à Fifa, por quatro jogos (já cumpriu um). Outra, a permanência de Edgardo Bauza na Seleção. Isso sem contar a falida categoria de base argentina, a oposição dos clubes para a criação de uma Liga independente, processos trabalhistas e muitas coisas mais.
Nesta quinta-feira, Tapia se reuniu com o treinador da seleção argentina e o ratificou no cargo. Ainda que vários dirigentes estejam em desacordo, o Bauza só permanece em seu posto porque não há qualquer nome à disposição. “Teremos outra reunião na semana que vem, mas ele (Bauza) me deixou uma boa impressão”, disse, saindo do prédio da AFA.
É bom lembrar que todos os grandes figurões, tais quais Simeone, Pochettino, Sampaoli, Bielsa e, até mesmo, Gallardo, não aceitaram substituir a Seleção em agosto passado. Hoje, o nome de Sampaoli volta a ser colocado em pauta, principalmente pelas recentes declarações do ex-comandante do Chile e atualmente no Sevilla. Mas, nada concreto. Tudo mera especulação.
E a AFA só continua jogando sujeita para debaixo do tapete.
Década perdida
Não bastasse o jejum de títulos há 25 anos, a Argentina conta com um sério problema que vemos com frequência em times com calendário cheio: a troca de treinadores. De 2010 para 2017, foram nada menos do que cinco treinadores (Diego Maradona, Sergio Batista, Alejandro Sabella, Gerardo Martino e Edgardo Bauza) para 104 partidas: uma média de 20,8 partidas por treinador. E curiosamente, dois deles com pouco tempo de trabalho (Batista e Bauza). Muito treinador para pouco tempo.