Copa Argentina: Ramón Santamarina terá confronto dos sonhos contra Boca Juniors

Pela sequência da Copa Argentina de Futebol, o humilde time do Ramón Santamarina, de Tandil, terá pela frente um confronto histórico: vai desafiar na quinta-feira, 02 de fevereiro, o temido Boca Juniors por uma vaga nas oitavas de final do torneio. Porém, em meio à empolgação, convém que o Boca tome cuidado com o time de Tandil. Poucas vezes a equipe da Ribera foi tão estudada como agora. Enquanto os comandados de Falcioni “se divertiam sadicamente” ao vencer o River Plate por duas vezes, a comissão técnica do Santamarina estudava cada detalhe de como atua o conjunto xeneize. Resta saber se preparo e empolgação serão suficientes para enfrentar um Boca Junios que se apresentará em Salta com a sua melhor formação.

Há mais de um mês que inúmeros ônibus foram fretados para levar os hinchas do Ramón Santamarina, de Tandil ao estádio Padre Martearena, em Salta. Muitas dessas pessoas jamais foram a uma das mais distantes e desconhecidas províncias argentinas. Sabem que é longe, mas muitos não fazem nem a mínima ideia. Isso, porém, não diminui em nada a empolgação da gente de Tandil, que veste a camisa do humilde clube que conta com 98 anos de história. Para aqueles que não poderão empreender a viagem basta que se desloquem à sede do clube ou ao centro de treinamento, onde telões gigantescos transmitirão as emoções do duelo histórico para o Aurinegro tandilense. Tudo indica que o Boca vença fácil e todas as apostas já estão feitas. No entanto, convém que se tome certo cuidado com o Aurinegro das Serras do Sul: tanto a comissão técnica quanto os jogadores não pensam em outra coisa que não seja uma vitória sobre o seu grande rival da Copa Argentina até aqui.

Não bastasse a suspensão da partida no fim do ano, por iniciativa de Falcioni (muito mal digerida em Tandil), o Ramón Santamarina vive um de seus melhores momentos. É o quarto colocado no Torneio Argentino A, com apenas três pontos do líder, Douglas Haig; além de conciliar muito bem o desempenho na Copa Argentina e preparação físico-mental com uma gana profunda de ganhar do rival e fazer história. Parte dessa motivação advém da mal explicada suspensão do duelo no final do ano. Em Tandil, o que mais incomodou a todos não foi a suspensão propriamente dita, mas a postura arrogante dos dirigentes e comissão técnica xeneize em não dar a mínima satisfação ao humilde clube de Tandil. Pegou mal a história; e mesmo com a repercussão, na qual se via um clube ofendido, ainda assim não chegou sequer um telefonema da Ribera à sede do Aurinegro tandilense. A partir daí (já no final do ano) foi como se a admiração e respeito ao Boca se transformassem numa vontade, também histórica, de vencê-lo.

No clube e na torcida, ninguém se ilude sobre a superioridade do rival. Mas em nenhum momento este fato parece causar algo que seja diferente do prestígio entusiasmado ao grupo de jogadores. Para “piorar” as coisas para o Boca, o treinador Rubén Darío Forestello avisa que não irá com o esquema defensivo que todos imaginam: “jogaremos de igual para igual”, lembrou Forestello. Após estudar o rival, deverá levar a campo uma formação com 3-4-1-2. O que sugere que Cristian Zárate seja o enganche para abastecer os atacantes Martín Michel e o goleador Leonardo Abálsamo. No banco, deverá estar um outro enganche, Matías García. Caso tenha condição de jogo, García deverá ocupar o lugar de Zárate na função, o que poderá fazer com que Zárate atue como falso atacante no lugar de Michel. Em geral, o Santamarina atua dessa forma quando faz as vezes de anfitrião ou em algumas partidas fora de casa, mas diante de adversários irregulares e com baixo aproveitamento ofensivo. Nessas situações, o time gira bem a bola, demonstrando velocidade e equilíbrio entre as partes, além de acionar com relativo sucesso os atacantes à frente. Abálsamo é o goleador, mas melhor seria prestar mais atenção a Martín Michel, que é ágil, inteligente e o assistente de parte dos gols de Abálsamo.

Com o que os tandilenses não contavam, porém, é com a atitude de Falcioni de levar a campo a melhor formação possível para o duelo. No elenco xeneize, até Riquelme e Clemente Rodríguez farão parte dos onze titulares que ou darão ao Ramón Santamarina uma honrosa eliminação do torneio ou sofrerão, dos bravos tandilenses, uma vexatória eliminação. O que seria o melhor capítulo da história futebolesca do Aurinegro de las Sierras del Sur.