Se os torcedores flamenguistas estão apreensivos com o mês de novembro, pior mês a nível futebolístico do clube em 2020, os hinchas do Racing Club passam por uma situação bem parecida. Em quatro partidas disputadas pela Copa da Liga Profissional (Copa LPF), torneio que retomou o futebol argentino durante a pandemia, foram quatro derrotas, um gol marcado e dez gols sofridos. Sem contar que uma crise institucional toma conta do clube as vésperas da partida de ida das oitavas de final da Libertadores.
No início de outubro, o clube perdeu o seu principal jogador ofensivo para o Atlético Mineiro: Matías Zaracho. O meia-atacante já não participou das últimas partidas do clube na Copa Libertadores, entre meados de setembro, por ter sido diagnosticado com o novo coronavírus. Ele também já não fazia parte do plantel do Racing na partida contra o fraco Estudiantes de Mérida, no encerramento da fase de grupos da Libertadores, após a negociação com o clube brasileiro.
Neste domingo (22/11), o secretário-técnico e ídolo do clube, Diego Milito, renunciou ao cargo. O que agravou a crise institucional. Ele havia implementado um projeto que, segundo a imprensa argentina, “realiza um trabalho poucas vezes visto no país, chegando a apresentar detalhes de jogadores que nem mesmo os melhores radares são capazes de captar”. El Príncipe, durante o anúncio, lamentou as velhas políticas dos anos 1990, quando o Racing chegou a decretar falência.
Milito foi papel importante no Racing desde que assumiu o time em dezembro de 2017. Com o seu trabalho como dirigente e com a modernização da equipe técnica, o Racing conquistou dois títulos em sua gestão, entre eles a Superliga 2018-19, que colocou o Racing na Libertadores deste ano. Pode parecer pouco, mas o último título conquistado pelo Racing foi o torneio de transição, em 2014, torneio de apenas um turno e um nível de competitividade duvidoso.
Esta crise institucional parece ter afetado o clube dentro de campo. Os resultados não são os mesmos obtidos na Copa Libertadores, quando venceu quatro das suas seis partidas. É bem verdade que existem alguns fatores que influenciam o péssimo desempenho dentro de campo neste retorno do futebol argentino.
Um deles é que o torneio atual apresentado pela Liga de Futebol Profissional (LPF), que não acrescenta em nada desportivamente ao clube. O retorno do futebol local se deu por questões políticas e o vencedor deste torneio sequer será considerado como campeão argentino.
Oras, mas para que serve esta competição? Apenas para definir uma vaga na Libertadores de 2021. Como o Racing já possui uma vaga assegurada na competição tem feito péssimos jogos no torneio local.
Ainda assim, é bom pontuar que River e Boca, que já possuem uma vaga assegurada no torneio continental do ano que vem, por mais que estejam com desempenho aquém do esperado, já obtiveram vitórias e estão na fase de classificação à próxima fase do famigerado torneio. Isto demostra que a perda de Zaracho para o Galo, os problemas internos, com uma equipe técnica que ‘mudou o futebol do clube’ e tem estado desacreditada, e as diversas lesões (como demonstrada abaixo) impactaram no futebol apresentado pelo Racing.
Com exceção da última rodada da Copa LPF, na última quinta-feira, em que Sebastian Becacece e o time titular sequer viajaram para Tucumán, o ex-auxiliar técnico de Jorge Sampoli manteve uma base utilizada nos jogos da Libertadores – onde obteve a melhor pontuação entre os segundos colocados.
Importante pontuar: a linha defensiva composta por Iván Pillud, Nery Dominguez, Leonardo Sigali e Eugenio Mena esteve presente em três das quatro partidas no torneio argentino. Foram oito gols sofridos nestes três jogos.
Nestas três partidas, o volume de jogo produzido contra os seus adversários foi maior. A posse de bola foi superior a 68%, o número de finalizações foi alto (uma média de 20 chegadas por jogo), assim como o posicionamento no campo do adversário. Contudo, o resultado foi adverso em todas elas.
Confira abaixo o gráfico de momento de ataque, analisado pelo SofaScore nas partidas citadas:
Racing 1-4 Atlético Tucumán
Unión de Santa Fé 2-0 Racing
Racing 0-2 Arsenal de Sarandí
Um dos fatores que pode pesar na queda de rendimento ofensivo são as lesões de jogadores do meio para frente. Desde o fim da paralisação do futebol argentino, em outubro passado, o Racing passa por grave sequência de lesões. Ao todo, são 15 lesões musculares, entre leves e graves.
Para a partida desta terça-feira (24/11) são cinco desfalques certos. No começo do mês, o meia Lorenzo Melgarejo teve uma lesão muscular na coxa esquerda. O jogador ainda está no período de transição e não estará a disposição de Becaccce para a partida de ida das oitavas de final da Libertadores.
Quem também está fora é o chileno Marcelo Díaz. O jogador foi operado recentemente por conta de uma lesão no menisco no joelho direito e está em fase de recuperação. Além dele, estão em recuperação, o meia Augusto Solari, em fase de transição, e o veterano atacante Dario Cvitanich, que se lesionou na partida contra o Atlético Tucumán na última quinta-feira.
O último desfalque confirmado é por Covid-19. O atacante Cristaldo (ex-Palmeiras), que também vinha de uma recuperação de uma entorse no tornozelo, foi diagnosticado com o novo coronavírus. Sem sintomas, o jogador se recupera em casa.
Com um estilo bem parecido com o de Sampoli, Beccacece é adepto ao futebol ofensivo. Mas isso não quer dizer em um time adepto as goleadas. Um dos principais problemas do time é a falta precisão em seus arremates. Por mais que o clube busque muito o ataque, tente uma média de 20 finalizações por jogo, a última vez que o clube marcou mais de dois gols em um jogo foi há exatamente um ano, no empate por 3×3 contra o Talleres de Córdoba.
Boa parte de suas jogadas são armadas pelos meios, normalmente com passes curtos. Isso faz com que o time arrisque muitos chutes de longa distância. Segundo dados do site WhoScored, o 51% dos arremates é de fora da área, sendo a maioria iniciada pelo meio campo.
Entre os seus principais pontos fracos está a bola área. Os dois defensores do Racing possuem uma estatura abaixo de 1,85m (Sigali tem 1,80m e Nery Domingues 1,84m). O jogador mais alto do clube é um ex-conhecido do Flamengo: Alejandro Donatti. Contudo, não tem sido utilizado com frequência pelo treinador argentino.
Caso o Racing saia em vantagem no placar, o que costuma acontecer, o time tende a recuar e segurar o resultado. Por conta disso, nas últimas partidas em que o time saiu com a vitória acabou cedendo o empate ou tomou pelo menos um gol. Por ser uma partida dentro de casa e com o critério do gol marcado fora, isto pode custar muito caro.
Outra dificuldade encontrada pelo time é quando enfrenta jogadores com um poder de criação forte. Caso o Flamengo consiga encontrar esses espaços e consiga desempenhar um futebol parecido com o do ano passado, o Racing terá enormes dificuldades para segurar o resultado.
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