Nem nos sonhos mais profundos e otimistas, Sérgio Batista ou os torcedores no Monumental de Nuñez poderiam imaginar um placar tão elástico. Para melhorar, tampouco podiam prever uma exibição de gala de Lionel Messi contra boa parte dos companheiros que o ajudam a brilhar no Barcelona. Mas foi tudo verdade o que viram os portenhos. A Argentina goleou mesmo a Espanha campeã mundial, por 4 x 1.
E o resultado inacreditável começou a se erguer logo nos primeiros instantes da partida. Num contragolpe orquestrado por Messi, com ajuda de Tevez na tabelinha antes de encobrir Pepe Reina: 1 x 0. Alguns minutos depois, Tevez atacou de garçom outra vez. Serviu Higuaín, que driblou o goleiro antes de marcar: 2 x 0. Perto do final do primeiro tempo, El Apache decidiu fazer o próprio, aproveitando a falha grotesca de Reina: 3 x 0.
Na etapa final, a Espanha pressionou em busca da própria honra. Levou algum tempo, mas enfim conseguiram vencer Romero, graças a jogada de pivô de Fernando Llorente: 3 x 1. Só que a Albiceleste queria manter a goleada. E conseguiu após a jogada de D’Alessandro, o cruzamento de Di Maria e a finalização de Aguero, todos jogadores que entraram no segundo tempo: 4 x 1, placar final.
Aguarde a crônica do jogo
Carlitos Tevez e Gonzalo Higuaín já estão acostumados a ovações no Monumental, pelo que fizeram por Boca e River respectivamente. Já Lionel Messi pode ter recebido a melhor resposta do hincha argentino em toda sua carreira pela Albiceleste. Ambos os três fizeram por merecer, pois do talento ofensivo deles (e das falhas defensivas espanholas) saiu a origem para os três primeiros gols do jogo.
No primeiro, La Pulga correu por 75 metros da defesa até o momento em que encobriu Reina. Carregou a bola com categoria de gênio, e contou com a valiosa ajuda do Apache no caminho. Tevez também orquestrou o segundo gol, num passe em profundidade para o Pipita converter. No terceiro, ele mesmo decidiu resolver. Todos gols em contra-ataques. Algo difícil contra a Fúria da posse de bola. Ainda assim, preocupante por se tratar do único recurso efetivo da Selección.
Durante a maior parte do tempo o time de Batista decidiu jogar “como Espanha”. Prendeu a bola sempre que podia no setor de defesa durante os 60 primeiros minutos da partida. Cambiasso até ajudou o meio-campo com um toque de bola mais refinado, mas ainda assim se viu alguma dificuldade na transição defesa-ataque na equipe argentina.
Embora esta estratégia também tenha complicado a vida da Espanha, que com Xavi no banco na etapa inicial, só incomodava nas jogadas individuais de David Villa. Só durante o segundo tempo, com a entrada de Jesus Navas, Santi Cazorla, Fernando Llorente e do próprio Xavi, a Fúria começou a assustar Romero, outra das figuras da Albiceleste hoje. Foi dificil vencer o inspirado goleiro do AZ Alkmaar, mas Llorente conseguiu no final.
Mas os suplentes da Argentina também mostraram um pouco de valor. A torcida clamou pela entrada do Cabezón D’Alessandro, que só entrou após o gol espanhol. Teve pouco tempo, mas o aproveitou bem criando a jogada do quarto tento argentino. Começou com a ajuda do titular Cambiasso, terminou com a participação dos reservas Di Maria e Aguero.
Mais do que uma vitória para a Argentina e para Batista, foi uma goleada sobre os “melhores do mundo” para ambos. Se a moral do Checho com Grondona já era alta, agora está maior do que o próprio aspirante a técnico da Albiceleste poderia desejar. Seu 4-3-2-1 baseado na consistência do meio-campo e nos contragolpes já venceu irlandeses e espanhois, e caso vença os brasileiros, será difícil para qualquer outro candidato ainda buscar a vaga mais desejada para treinadores portenhos.
ARGENTINA: Romero; Zanetti, Demichelis, Gabi Milito e Heinze; Mascherano, Banega e Cambiasso; Messi (D’Alessandro), Tevez (Di María) e Higuaín (Aguero). DT: Sergio Batista
ESPANHA: Reina (Valdes); Arbeloa, Piqué, Marchena e Monreal; Busquets e Xabi Alonso (Pedro); Iniesta (Cazorla), Fabregas (Xavi) e David Silva (Jesus Navas); David Villa (Llorente). DT: Vicente del Bosque
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