Os torneios de Verão não costumam deixar lembranças duradouras. Ainda mais na Argentina, onde clássicos amistosos são habitualmente desconsiderados nas listagens oficiais (é por isso que o Boca é considerado freguês do San Lorenzo, embora no “total” tenha um pouco de triunfos a mais). Mas se isso é a regra, obviamente deve haver exceções.
Foi em um torneio de verão, por exemplo, que Francescoli marcou talvez seu gol mais recordado, contra a… seleção polonesa mesmo. Ainda bastante respeitada na época, a Polônia usou o torneio como preparatório à Copa 1986 e, em jogo eletrizante contra o River, vencia por 4-2 até os 38 do segundo tempo. O Millo empatou aos 45 e, nos descontos, o uruguaio decretou a virada marcando seu terceiro gol no jogo, de chilena, como os argentinos chamam a bicicleta (eles também usam a expressão bicicleta no futebol, mas com o significado que damos à pedalada).
O River, porém, já se viu em maus lençóis no torneio. Em 25 e 29 de janeiro de 2012, o time ainda estava na segundona enquanto o Boca era o detentor do título argentino. A honra riverplatense não conseguiu ser retomada nos dois Superclásicos (os auriazuis venceram por 2-0 e 1-0) e os boquenses aproveitaram para tripudiar nefastamente, simulando velórios nas arquibancadas, com direito a velas acesas e bandeiras negras de “luto”.
No torneio de 2014, marcado por descumprimentos da agenda previamente divulgada (O San Lorenzo não enfrentou o River no sábado nem o Boca ontem; o River acabou jogando com o Estudiantes), foi a vez do Racing tirar uma casquinha sobre o rebaixado arquirrival. O jogo também ocorreu depois do programado; em vez do domingo, na segunda-feira, na mesma Mar del Plata que vira a bicicleta de Francescoli.
Vale oferecer um contexto da rivalidade de Avellaneda. O Racing já caiu anteriormente, em vexame que completou 30 anos recentemente: clique aqui. Como tudo pode sempre ficar pior, o jogo seguinte ao seu rebaixamento (que se dera na penúltima rodada) foi justo o clássico: clique aqui. E um clássico que, se perdesse, daria o título argentino ao Independiente. Foi o que aconteceu. Por isso que a queda do rojo no ano passado foi tão saboreada pelos blanquicelestes, que encheram a Internet com esquetes do folclórico Fantasma de la B (clique aqui) e até o encenando em campo.
O início da temporada 2013-14 prometia para o Racing, que não é campeão desde 2001 e tinha um elenco promissor. Mas a Academia foi uma decepção no segundo semestre. O Independiente também começou muito mal, chegando a pensar em novo rebaixamento (até inspirou um vídeo com o Fantasma de la B Metro, como é chamada a terceirona argentina), mas se reabilitou e terminou o ano entre os três que estariam promovidos se a segundona já tivesse terminado.
Na reta final do semestre, o Racing recontratou o técnico campeão em 2001, Reinaldo Merlo. El Mostaza, que até estátua virou em Avellaneda pelo feito (que na ocasião livrou o time de um jejum nacional de 35 anos: clique aqui), conseguiu dar um efeito anímico e os resultados deram uma melhorada. Mas era fato que a ascendência do Independiente estava mais constante.
O último Clásico de Avellaneda, porém, só viu um time jogar. Nas arquibancadas, os blanquicelestes também preferiram usar outra cor do seu uniforme, o preto, nas fumaças dos seus sinalizadores. Antes, uma faixa com Rojo, Sos de la B apareceu nos céus puxada por um avião e em uma rede social, o Independiente retrucava que o “papai vinha chegando” – na Argentina, o termo “filho” é usado para designar o freguês. Pagou com a língua cedo: aos 48 segundos, um lançamento do goleiro Sebastián Saja chegou a Gabriel Hauche, que, após quique da bola, emendou de meia-bicicleta para abrir o placar.
Se o jogo seria um passeio sem aquele lance fantástico ou a cediça expulsão do defensor rojo Claudio Morel Rodríguez (após entrada dura no joelho de Diego Villar, que por conta da lesão perderá toda a temporada), não saberemos. Mas só deu Racing. O próprio goleiro Saja, ex-Grêmio, também deixou o seu, de pênalti após outra bela jogada para Hauche, dessa vez um lançamento de três dedos de Luciano Vietto. A molecada racinguista demonstrou bom futebol e ainda no primeiro tempo veio outro, de Valentín Viola, empurrando sobre a linha rebote da trave em cabeceio de Fernando Ortiz.
O segundo tempo poderia ter visto uma goleada histórica, mas os 3-0 pareceu estar de bom tamanho para a torcida. A trilha das tribunas da Academia variou entre marcha fúnebre e, já com 8 minutos, gritos de olé. O Independiente não contribuiu para uma mudança. Tudo o que fez no jogo praticamente se resumiu a uma conclusão na trave a 4 minutos do fim.
Racing: Sebastián Saja; José Gómez, Fernando Ortiz, Esteban Saveljich (Leonardo Migliónico), Matías Cahais; Diego Villar (Luciano Vietto), Bruno Zuculini, Gastón Campi, Rodrigo de Paul; Gabriel Hauche e Valentín Viola (Luis Ibáñez). T: Reinaldo Merlo. Independiente: Diego Rodríguez; Gabriel Vallés, Cristian Tula, Julián Velázquez, Claudio Morel Rodríguez; Martín Zapata (Leonel Miranda), Reinaldo Alderete, Federico Mancuello (Lucas Villalba); Daniel Montenegro (Adrían Fernández), Matías Pisano; Facundo Parra. T: Omar De Felippe. Árbitro: Pablo Lunati. Gols: Hauche (1/1º), Saja (34/1º) e Viola (39/1º).
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