Nos últimos dias, definiu-se a volta de dois clásicos à elite argentina: o rosarino, com o acesso do Rosario Central, que voltará a enfrentar o Newell’s Old Boys; e o platense, com o também ascendido Gimnasia y Esgrima a rever o Estudiantes. Contudo, pode ficar sem outros dois: o de Avellaneda, com o alto risco de queda do Independiente, seria o outro, pois já não haverá o de Santa Fe para 2013-14 – o Unión caiu no fim de semana passado. Seus confrontos contra o Colón têm o retrospecto mais equilibrado dos grandes dérbis do país. Amanhã, haverá mais um, a partir das 11 da manhã.
As similaridades entre eles vão além das cinco letras e da rima nos nomes e nas mesmas três cores (vermelho, preto e branco, embora o Unión vez ou outra use o azul no lugar do preto): se o rebaixado vencer amanhã, reiguala a contagem no clássico, em que tem 25 vitórias contra 26 do rival. Seria um bom consolo para o Tatengue, que se livrou de cair diante do Sabalero, risco que corria mesmo se ganhasse. A diferença também é mínima no número de gols: 95 do Colón e 96 do Unión.
Ainda sem títulos nacionais, ambos têm o mesmo número de jogadores convocados pela Argentina para Copas do Mundo: na de 1934, para a qual a Albiceleste só enviou amadores, contou com o zagueiro sabalero Ramón Astudillo (que não jogou) e, do rival, o meia Federico Wilde e o atacante Alberto Galateo, que até marcou na única partida no torneio (2-3 para a Suécia).
O Colón superou na de 2010: Maradona chamou o goleiro Diego Pozo e o zagueiro Ariel Garcé. Ainda estaria atrás se Víctor Bottaniz, pré-convocado em 1978 e maior zagueiro-artilheiro do Unión (30 gols), não fosse cortado da lista final.
Outras igualdades – ambos têm um artilheiro do campeonato argentino: Víctor Marchetti no nacional de 1976 para o Tatengue, e Esteban Fuertes (sabalero que mais jogou e mais marcou) para o rival no Clausura 2000; e ambos foram vices nacionais uma vez e para o mesmo clube (River), com o Unión em 1979 e o Colón em 1997. Estas estatísticas dão a entender que, apesar do equilíbrio, o Unión teve certa supremacia no passado, revertida nos últimos anos em favor do Colón. É exatamente o que ocorreu.
Ambos só foram admitidos nos anos 40 no campeonato argentino, então restrito geograficamente à Grande Buenos Aires e La Plata e, a partir de 1939, Rosario. Tiveram que começar na segunda divisão. Os albirrojos foram incluídos na de 1940, e os rojinegros tiveram de esperar até 1948. Mas estes chegaram antes à elite, em 1965. Reflexo do tamanho equilíbrio entre eles, o Unión conseguiu o mesmo um ano depois, em 1966. O goleiro Luis Ángel Tramonti participou de ambos os títulos e é um raro personagem de sucesso nos dois.
Do acesso em 1965, o Colón permaneceu um time constante na primeira divisão até cair, em 1981, ao passo que o rival tinha uma sequência inicialmente errática. Caiu já no ano de estreia, mas voltou outro ano depois, para cair novamente em 1970. Há quem aponte que a derrota em um dérbi influiu psicologicamente para tal desfecho: ambos lutavam no grupo que se formou entre os últimos, funcionando como repescagens contra o rebaixamento.
Naquela ocasião, o Unión não vinha mal e ainda tinha quatro jogos pela frente. Contudo, a derrota não foi uma qualquer: foi em casa e encerrou um jejum de doze jogos (e doze anos) sem perder para o rival. O Tatengue só venceu o último dos compromissos seguintes e só estaria de volta na elite em 1975. Ano, por sinal, especial para ambos: o recém-admitido técnico da seleção, César Menotti, promoveu o incomum uso de diversos jogadores do interior.
Do Unión, saíram o goleiro Hugo Gatti e o atacante Leopoldo Luque, que iria, já pelo River, à Copa de 1978, na qual Gatti (já pelo Boca) seria titular, mas acabou impedido de ir por lesão. Do Colón, foram convocados o lateral-esquerdo Edgar Fernández, o zagueiro Enzo Trossero, o atacante Hugo Coscia e o goleiro Héctor Baley – este sim, na Copa de 1978, embora ali já fosse do Huracán.
Apesar da falta de vitórias por doze anos, entre 1958-70, o período mais complicado para os torcedores colonistas ocorreu entre 1978-92, em que só venceram duas vezes em 13 dérbis disputados e viram o Tate ficar a dois pontos do campeão Quilmes no Metropolitano de 1978 e ser finalista do Nacional de 1979, além de vencer sete clássicos. Os mais importantes, em 1989: os albirrojos haviam caído na temporada 1987-88 e conseguiram o acesso já na seguinte. Os rivais se pegaram nas finais da repescagem pelo 2º lugar, e o Unión venceu ambas – 2-0 fora de casa e 1-0 dentro.
O que não se esperava era que nova vitória do Tatengue fosse demorar 13 jogos e dez anos depois: o Colón deu a volta por cima nos anos 90. Ausente da elite desde 1981, retornou em 1995 (outra amostra do equilíbrio do clássico – o Unión, que caíra em 1992, voltou em 1996) e conseguiu o vice-campeonato do Clausura 1997. E ainda classificou-se à Libertadores de 1998: como na época havia apenas duas vagas no campeonato Argentino e o River vencera os dois da temporada 1996-97, a outra foi disputada em tira-teima com os vices Independiente e Colón, que levou a melhor.
O mesmo ocorrera com o rival em 1979, ano em que o River vencera o Nacional e o Metropolitano, forçando um tira-teima de vices pela outra vaga na Libertadores de 1980. A diferença é que ali o Unión perdeu, para o Vélez Sarsfield. Na Libertadores de 1998, o Colón fez bonito e só caiu nas quartas, para o próprio River (falamos aqui). E, após perder um dérbi em 1999 depois de dez anos, respondeu no seguinte: 4-0 no Clausura 2000, a maior diferença de gols em um clásico santafesino.
Enquanto o Unión voltou a cair em 2003 para só voltar em 2011 (e cair novamente no último fim de semana), o Colón ganhou ainda mais bagagem internacional: participou também da Copa Conmebol de 1997, da Copa Sul-Americana de 2003 e da pré-Libertadores de 2010, onde acabou eliminado pela Universidad Católica. Foi do Sabalero o estádio santafesino escolhido como sede da Copa América de 2011: o Brigadier General Estanislao López, mais conhecido como Cementerio de los Elefantes por conta de vitórias colonistas nos anos 60 sobre os grandes argentinos e também Santos e Peñarol. O jogo de logo mais ocorrerá no reduto tatengue, o estádio 15 de Abril (data da fundação, em 1907).
Os últimos anos também fizeram o Colón engordar o número de jogadores seus na seleção, uma vantagem que sempre fora sua: fora os já mencionados, também Tomás Loyarte (1924), Martín Sánchez (1925), Juan Rivarola (1929, campeão titular da Copa América – depois jogaria no America-RJ), Alberto Tardivo (1968), José Luis Saldaño (1976), César Carignano (2003), Martín Romagnoli e Daniel Díaz (2005), Esteban Fuertes e Alexis Ferrero (2009), Facundo Bertoglio (2010) e Ismael Quílez (2011). Já o Unión teve apenas um outro na seleção: Oscar Trossero, em 1977. Sem parentesco com o do rival, faleceu precocemente em 1983, vítima de aneurisma nos vestiários do estádio do Rosario Central após jogar pelo River.
Apesar de viver melhor momento há quase vinte anos, o Sabalero só recentemente superou o rival em presenças na elite (34 a 28) e não conseguiu abrir grande distância no dérbi, embora parte disso se deva aos oito anos de ausência do Unión na elite entre 2003 e 2011: a vitória do Tate já em 2011, que reigualara ambos, fora a sua primeira desde aquela de 1999; já o triunfo colonista em 2012, a novamente desempatar a contagem, foi o primeiro desde 2002. Empates costumam permear bastante e, em nova amostra de equilíbrio, ambos mais se igualaram (trinta vezes) do que venceram um ao outro.
Atualização em 05-05-2015: neste dia o Colón fez 110 anos e contamos um pouco de sua história através de 11 jogadores – clique aqui.
Atualização em 26-03-2016: vale ver o vídeo abaixo para ter noção da rivalidade e para aprender xingamentos argentinos, proferidos por um garotinho torcedor do Unión inconformado com a “traição” do ídolo tatengue noventista Darío Cabrol (filho de ex-jogador alvirrubro do primeiro acesso à elite, em 1966), contratado em 2001 pelo rival.
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