Clamor atendido. Com Martino, Tévez terá chance de reescrever história na Seleção
Carlos Alberto Tévez, 30 anos, argentino que cresceu na favela Fuerte Apache(Buenos Aires), deu seus primeiros passos nas canchas argentinas ainda no All Boys até chegar ao Boca Juniors em 1997, clube que o faria despontar para o mundo. Conhecido em campo por sua dedicação e entrega, o “Apache” obteve bons resultados e glórias por onde passou: Boca Juniors(Argentina), Corinthians(Brasil), West Ham(Inglaterra), Manchester United(Inglaterra), Manchester City(Inglaterra) e Juventus(Itália), atual clube
O nascimento de um ídolo para a Seleção Argentina.
A presença de Tévez no selecionado argentino começou a ter história na Copa América 2004, no Peru. A competição sulamericana marcou o primeiro registro de Tévez em campo pela Seleção Principal, em Argentina 6×1 Equador, quando Carlitos entrou aos 82 minutos no lugar de Saviola. Tévez conseguiu sua vaga no decorrer da competição, protagonizando grandes atuações quando entrava na segunda etapa dos jogos. Apesar da titularidade conquistada, a Argentina foi derrotada para o Brasil na final, em Lima, após decisão na cobrança de penalidades.
Depois do segundo lugar na Copa América, Tévez prosseguiria nos planos de Bielsa, chegando à primeira conquista na Seleção, como um dos grandes responsáveis pelo ouro Olímpico em Atenas 2004, no mês seguinte ao fracasso no Peru.
Os resultados não atendem o clamor popular
O Mundial 2006 parecia ser um bom momento para Tévez apagar da memória a perda da última Copa América pela Seleção Principal. Em 2005, o atacante fez memorável campeonato Brasileiro jogando pelo Corinthians no Brasil, mas no elenco de Pékerman, o titular era Javier Saviola, companheiro de ataque do centroavante Hernán Crespo. Classificada em primeiro lugar no grupo C e com passagem dramática pelas oitravas de final diante do México, a Argentina se depararia com os donos da casa nas quartas-de-final no Estádio Olímpico de Berlim. Diante dos alemães, Pékerman mudou a estratégia. Preocupado com os combates físicos em campo, o treinador retirou Saviola e escalou Carlos Tévez como titular nos minutos inciais. Desastrosa escolha. Irreconhecível em campo, Tévez pouco fez na partida, e viu a Seleção Argentina sendo eliminada nos penaltis.
O comando técnico mudou, e Pékerman daria lugar a Alfio Basile, que treinou a Seleção Argentina na Copa América 2007 e parte das Eliminatórias 2010. No elenco de Basile, o ataque da Copa América titular inicialmente foi formado por Messi e H.Crespo, que se lesionou ainda na primeira fase da competição, cedendo lugar a Carlos Tévez.
Com a vaga ganha depois da lesão de Crespo, Tévez pouco rendeu na Copa América 2007, vencida pelo Brasil sobre a Argentina pela segunda vez consecutiva. O bom futebol praticado nos clubes não se refletia na Seleção e os questionamentos tornavam-se inevitáveis. Até que Maradona foi escolhido para ser o sucessor de Basile no comando técnico da Argentina para o projeto 2010. Tévez parecia ser um dos pilares da equipe de Don Diego, com espaço cativo nas convocações, e a escolha parecia certeira, já que as atuações no Manchester United faziam jus à escolha. Nas vésperas do Mundial da África, Maradona parecia ter encontrado o equilíbrio em campo para a Seleção, ao demonstrar mudanças significativas em sua equipe na vitória pelo mínimo placar diante da Alemanha, em amistoso preparatória para o Mundial. Um 4-4-2 com duas linhas de 4 jogadores, cauteloso, com defensores experientes e fixos na defesa, um ataque rápido e contragolpista comandando por Di Maria, Messi e Higuaín, sob a atenção e maestria de Verón no meio-campo. As loucuras táticas de Maradona expostas na sofrida classificação para a Copa pareciam ter fim, e o equilíbrio finalmente encontrado. Mas o assunto Tévez voltaría à tona. Na estréia do Mundial 2010, a escalação de Maradona inicial espantou. Diante dos nigerianos, um lugar encontrado entre os 11 para Tévez. O equilíbrio encontrado foi esquecido e Tévez teria a chance de fazer o Mundial de sua vida com Messi, o que não se consolidou. Com apenas uma boa atuação, diante do México nas oitavas-de-final, onde marcou 2 gols, o Apache voltou a ver uma eliminação argentina nas quartas-de-final para a Alemanha.
Checho Batista, a Copa América e capítulos finais?
A Copa América 2011, na Argentina, a 3º de Tévez na carreira, trazia muitas expectativas ao povo argentino do fim de jejum de tíulos da Seleção diante de seus olhos. Com o então treinador Sérgio Batista, Tévez havia sido titular em apenas duas ocasiões até as vésperas da convocação para o Torneio. Batista era claro nas entrevistas, em uma das quais chegou a enfatizar que o jogador não estava em suas prioridades dentro do elenco: “Para mim Carlos é um grande jogador. Hoje possivelmente esta fora da Copa América, mas isso não quer dizer que está descartado para o que temos pela frente”. Dentro de campo, a equipe de Batista nos amistosos prévios à Copa América não agradava em todos os sentidos, mas tinha padrão muito bem definido. Um 4-3-3 com Messi atuando como “falso 9”, centralizado e apoiado pelos ponteiros Di Maria e Lavezzi, buscando seguir os moldes do então encantador esquema a lá Barcelona. O problema para Batista era a fase de Tévez no Manchester City, que inevitavelmente chamava a atenção de todos e embalava os torcedores locais argentinos, que trariam o clamor aos jogos no país sede da Copa América 2011. Semanas antes da competição, em alguns jogos do Boca Juniors, La Bombonera entoava cantos e pedidos: “Borombonbon, Borombonbon, para Carlitos, la Selección”.
Batista não suportou. O então treinador da Seleção Argentina cedeu aos inúmeros pedidos e pressão popular. Tévez, então descartado da Seleção, se transformou em titular da equipe na Copa América em questão de dias.
Batista insistiu com Tévez por 180 minutos nas duas partidas iniciais da Argentina na Copa América 2011, no empate diante da Bolívia em 1×1 e 0x0 contra a Colômbia. A história se repetiu e Tévez não correspondeu. Após amargar o banco, Carlitos retornou nas quartas-de-final, já nos instantes finais, contra os uruguaios. O retorno parecia ser o último suspiro de Tévez na Seleção. Depois de duas partidas ruins, o ídolo nacional perdeu a penalidade diante de Muslera que eliminaria a Argentina da Copa América.
Com Alejandro Sabella, chances minimizadas para o jogador. Os rumores nunca confirmados de um suposto desentendimento com o grupo ainda na Copa América se afloraram, e por motivos declarados de decisão técnica, o atacante viu a Seleção de longe por mais de três anos, inclusive no Mundial 2014. Mesmo depois de atuações apagadas e resultados pouco expressivos pela Seleção, o nome de Tévez sempre foi lembrado pela maioria dos torcedores argentinos.
Tata Martino assume a Seleção após o Mundial e ausência de Tévez tem os dias contados
Desde que chegou à Seleção, Tata Martino deixou claro que a presença de Tévez no grupo seria questão de tempo. A entrega e bons números do jogador hoje estão em Turim, na Juventus, clube onde o jogador sagrou-se artilheiro e campeão da Serie A 2013-2014. “Imagino Tévez só como número nove”, disse o treinador em uma de suas últimas coletivas, comparando a função às características de Aguero e Higuaín.
O jejum de jogos pela Albiceleste, desde 16 de julho de 2011, chegou ao fim para Tévez, que terá finalmente a chance de escrever novos capítulos pela Seleção e poder justificar em campo tanto clamor e idolatria.