Libertadores

Cerro Porteño: a legião argentina no Paraguai

A semifinal da Libertadores começa amanhã, com o confronto entre Santos e Cerro Porteño. Nenhuma equipe argentina estará em campo, mas o país estará presente através dos inúmeros representantes que possui na equipe paraguaia. Conheça um pouco melhor o momento que vive o Cerro Porteño.

O “Ciclon de Barrio Obrero” é a equipe mais popular do país, mas não se encontra em seu melhor momento. Em 2010 foi vice-campeão das duas competições anuais de seu país, perdendo o Apertura para o Guarani e o Clausura para o Libertad. Em 2011, a equipe trouxe o treinador Leonardo Astrada, que passou por equipes como River Plate (onde foi campeão nacional em 2004) e Estudiantes.

Mas o ano do Ciclón não tem sido brilhante no âmbito doméstico. A equipe ocupa um modestíssimo sétimo lugar no Apertura paraguaio, com 23 pontos, 20 a menos que o líder Nacional. No entanto, vale lembrar que a equipe priorizou a Libertadores, e tem jogado seguidamente com reservas. Assim foi no último fim de semana, quando o Cerro ficou no 1 a 1 contra o Sol de América, completando quatro partidas sem vitória pelo Apertura (venceu pela última vez contra o Olímpia, no superclássico do país, quando também atuou com reservas).

Mas na Libertadores a equipe tampouco tem mostrado um bom desempenho nas últimas partidas. Após uma heróica vitória contra o Colo-Colo em Santiago, a equipe passou sem brilho por um combalido Estudiantes, após 180 minutos sem gols, e obteve um empate e uma suada vitória contra o Jaguares, sem mostrar um futebol convincente. De toda forma, o que importa para a fanática torcida do Barrio Obrero é que o Cerro chegou novamente às semifinais da Libertadores, após 12 anos. E a contribuição dos jogadores argentinos não foi pequena.

Leonardo Astrada ainda não confirmou a equipe para amanhã, mas alguns sites dão como mais provável a seguinte formação: Barreto, Piris, Pedro Benitez, Uglessich e Cesar Benitez; Cáceres, Nuñez, Villarreal e Torres; Fabbro e Nanni. Nessa possível escalação, há quatro jogadores argentinos no time titular.

Na defesa, Uglessich não teve maior destaque em seu pais natal, a despeito de passagens por Vélez Sarsfield e Arsenal. Bem diferente é o caso do volante Javier Villarreal, que com sua grande capacidade de marcação participou da fase de ouro do Boca Juniors, onde conquistou as Libertadores de 2001 e 2003. Também possui títulos paraguaios pelo Libertad e pelo próprio Cerro.

No ataque desponta Roberto Nanni, que marcou muitos gols no início da presente edição da Libertadores, mas empacou nos cinco gols desde a primeira fase. Revelado pelo Vélez, Nanni jogou vários anos em clubes menores europeus, antes de retornar ao clube que o revelou, onde foi campeão do Clausura 2009, ainda que sem se destacar em seu país natal.

Vindo de trás para auxiliar Nanni deverá estar Jonathan Fabbro. Revelado pelo Argentinos Jrs. o experiente jogador esteve por pouco tempo em seu país, e jogou em muitos clubes espalhados pela América Latina, incluindo uma frustrada passagem pelo Atlético-MG. Para muitos, não poderia ser o titular de uma equipe que tem no mesmo setor outros argentinos mais conhecidos.

Afinal, um dos reservas do ataque do Cerro é ninguém menos que Iturbe, que para desespero de muitos tem sido pouquíssimo aproveitado por Astrada, que não o vê ainda como pronto para assumir a titularidade. Mais utilizado que o “Messi Paraguaio” é Lucero, argentino nacionalizado chileno, que construiu praticamente toda a sua carreira do outro lado dos Andes, exceto por uma rápida passagem pelo Colón.

Completando o pelotão argentino na equipe paraguaia há o zagueiro Lautaro Formica, ex-Newell’s, San Lorenzo e Huracán, de onde foi para o Cerro no começo de 2011.

Se não definiu oficialmente a equipe titular, Leonardo Astrada tem procurado deixar claro que não pretende só se defender no Pacaembu. Em entrevista coletiva que deu ontem à imprensa paraguaia, reconheceu a força do rival: “Esperamos fazer uma boa partida. Vai ser um jogo duro contra o Santos, mas não impossível. O jogador brasileiro é superior, teremos de ter muita organização e concentração durante 90 minutos, os jogadores têm de fazer as coisas certas. Mas estamos bem no jogo coletivo, e creio que com isso poderemos igualar as coisas”.

Para El Negro, o caminho para a vitória é não apenas tentar evitar os gols santistas, mas aproveitar as falhas defensivas da equipe: “Temos de ser agressivos ofensivamente, pois eles tem dificuldades na defesa. Sofrem muito quando perdem a bola, temos de ter uma equipe compacta, para não lhes dar espaços. Quanto mais tivermos a bola, mais vão sofrer na fedesa, onde têm problemas”

Tiago de Melo Gomes

Tiago de Melo Gomes é bacharel, mestre e doutor em história pela Unicamp. Professor de História Contemporânea na UFRPE. Autor de diversos trabalhos na área de história da cultura, escreve no blog 171nalata e colunista do site Futebol Coletivo.

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