De Quilmes, Argentina – Uma partida pela Copa Libertadores da América com dois times de qualidade sempre gera tensão e desespero por parte de quem precisa da vitória. E este foi o caso do Estudiantes na noite fria, em Quilmes, 40km do centro de Buenos Aires. Necessitando da vitória para garantir-se entre os primeiros colocados contra o Alianza Lima, do Peru, o gol saiu apenas nos acréscimos, em um rebote de Verón, após o cumprimento de uma cabala das tribunas pincharrata.
Naquele setor, abaixo das cabines de rádio e dos camarotes (onde estava Diego Armando Maradona e sua comissão técnica) é proibido cantar gol antes da hora. Duas pessoas que estavam ao meu lado a fizeram e ouviram muito dos torcedores. Era de se estranhar, pois isso vem do instinto do torcedor gritar gol quando o jogador chuta aquela bola que seria impossível não entrar.
Mas, de acordo com os torcedores mais tradicionais, mais família, essa é uma cabala que não se pode duvidar. Tanto que antes de Verón cobrar o pênalti, três pessoas se viraram e disseram: “não cante gol, não cante”. É bem verdade que não deu muito certo, já que Verón o desperdiçou – teria alguém cantado gol em outro setor – todavia, no rebote, o meio campista mandou para as redes e calou os peruanos, que já faziam a festa com a liderança obtida em solo argentino.
Antes do gol, todavia, o que se viu foi um Estudiantes cansado, correndo menos e errando muitos passes. Isso por que todos os jogadores que estiveram em campo hoje encararam o Tigre, no último sábado, no norte de Buenos Aires (em Victória). Verón estava irreconhecível dentro de campo, errando muito. Também pudera. Todas as bolas passavam por si, absolutamente todas. Não tinha um ataque Pincharrata que a pelota não tocava os pés de La Brujita.
Quem aproveitava com isso eram os peruanos. Com muita catimba desde o minuto inicial – o empate garantia a liderança – o Alianza Lima abusava das jogadas em contra-ataques, mas paravam sempre na zaga pincharrata. É bem verdade que em alguns momentos, principalmente na segunda etapa, quando o cansaço já batia, Desábato, Clemente Rodríguez, Cellay e Angeleri sentiram na pele as investidas do até então líder de seu grupo. No meio, Braña desempenhava bem a sua função de meia e Núñez e Enzo Pérez bem abaixo de sue melhor futebol.
Maradona por sua vez, esteve atento ao jogo e sempre conversava com Mancuso sobre o estilo de jogo. Como não podia deixar de ser, foi cobrado pela torcida, que pediu a convocação de Sosa e Braña ao menos entre os 30 jogadores que poderão ir ao Mundial da África do Sul. E ambos, sem dúvida mereceram. Foram guerreiros e jogaram muito. Só não deixaram a sua marca, com fez Verón. E graças o cumprimento de uma cabala que poucos sabiam existir. Por mais uma vez, ela fez valer a tradição e garantiu o Estudiantes na ponta e com vantagem na segunda fase.
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