Cem anos depois, Boca e Banfield voltarão hoje a decidir diretamente um título. Resgata-se duas frentes travadas por torneios de 1920, curiosamente, ambos também finalizados somente em janeiro do ano seguinte: enquanto a azul y oro garantiu em 9 de janeiro de 1921 o segundo título argentino de sua história, os alviverdes, vice-campeões, tiveram seu troco em 30 de janeiro – quando bateram por 2-1 os xeneizes na final da Copa de Honor, um embrião da Copa Argentina. Mas o mais marcante na relação entre boquenses e banfileños foram as contínuas aquisições pelos gigantes em peças moldadas pelo Taladro, rendendo diversos nomes em comum entre 2005 e 2012. Mas há espaço para mais.
Aquele título do Banfield na Copa em 1920 foi seu mais expressivo até erguer seu único título argentino na elite até hoje, o Apertura 2009 – festejado justamente em La Bombonera, onde ocorreu a rodada final onde nem a derrota para o Boca atrapalhou (pois o concorrente era o Newell’s, também derrotado na rodada) a comemoração vista na foto que abre a matéria, a destacar o técnico Júlio César Falcioni e a caraquinha de Santiago Silva. Assim, os anos de títulos em comum se limitam a ocasiões em que os sulistas venceram as divisões inferiores. O primeiro título alviverde na segundona ocorreu em 1919, marcado pelo primeiro título boquense na primeira divisão. A conquista da Primera B de 1962, por sua vez, já era a quarta vez em que o Banfield a vencia, enquanto o Boca encerrava jejum expressivo de oito anos na elite.
O quinto título banfileño na segunda divisão ocorreu na temporada 1992-93, marcada pela conquista xeneize no Apertura 1992 (finalizando o pior jejum argentino do gigante, onze anos) e na Copa Ouro de 1993 – quadrangular oficial de vida curta onde a Conmebol opunha os vencedores de 1992 na Libertadores, na Supercopa (torneio extinto que reunia os campeões da Libertadores), na Copa Master (torneio extinto que por sua vez reunia os campeões da própria Supercopa) e da Copa Conmebol, embrião da atual Sul-Americana. O Boca havia vencido a tal Copa Master de 1992 ainda no primeiro semestre e em julho de 1993 adicionou a Copa Ouro às vitrines.
Foi a partir do sexto título do Banfield na Primera B, contudo, que o clube realmente emergiu para sua fase mais brilhante. Foi na temporada 2000-01, marcada pela fase mais brilhante da Era Bianchi, que em dezembro de 2000 saboreou a primeira tríplice coroa auriazul (somando-se no mesmo mês o Mundial e o Apertura à conquista da Libertadores de 2000, esta ainda em junho) e dali a alguns meses festejaria um bi seguido na Libertadores, na edição 2001. O Taladro, que tinha no vice-campeonato de 1951 o seu momento solitário de glórias na primeira divisão, começou a se intrometer de modo incomum nas primeiras fileiras: fechou o pódio liderado pelo campeão Boca no Apertura 2003 e foi quarto colocado no Clausura 2004, desempenho que levou os nanicos pela primeira vez à Libertadores, para a edição 2005.
A estreia na Libertadores foi honrosa, com uma queda apenas nas quartas-de-final para a camisa vizinha mais pesada do River. Especialmente ao se considerar que o Banfield, apenas nono no Apertura 2004, ainda conseguiu em paralelo aos jogos por La Copa arrancar para a medalha de prata no Clausura 2005 (onde a corrida na realidade deu-se entre o campeão Vélez dos Zárate e o Racing do veterano Simeone). No segundo semestre, os novatos, já começando a perder nomes para o Boca, ainda terminaram em quinto lugar no Apertura, vencido justamente pelos auriazuis. Mesmo já em sétimo no Clausura 2006, também vencido pelos auriazuis, os alviverdes fizeram o suficiente na temporada 2005-06 para nova classificação à Libertadores.
Após relativa entressafra de campanhas na metade inferior na tabela, o Banfield, com novos nomes que futuramente reforçariam o Boca, fechou o pódio do Apertura 2007 – em campanha ofuscada pela taça ter ficado, pela primeira vez na elite, justamente com o arquirrival Lanús. Despencando nos torneios seguintes, o Taladro já estava sob ameaça de rebaixamento quando enfim foi campeão, naquele Apertura 2009. Com o jovem James Rodríguez, deu trabalho à caminhada do título do Internacional na Libertadores de 2010, ainda conseguindo um quinto lugar em paralelo no Clausura.
O desmanche colapsou logo aquele elenco: no Apertura 2011, o Boca foi campeão invicto com muitas antigas caras banfileñas enquanto os alviverdes ficavam na lanterna. No primeiro semestre de 2012, outra vez o Banfield era lanterna (e rebaixado), no Clausura, enquanto ex-jogadores decidiam como xeneizes a Libertadores e venciam a Copa Argentina. Com um jovem Nicolás Tagliafico, o Banfield voltou à elite vencendo pela sétima e última vez a Primera B, na temporada 2013-14. E se mantém desde então na primeira. Dessa vez, com a inversão do fenômeno, seja com o regresso de antigos nomes que haviam passado ao Boca ou por pratas-da-casa do gigante vindo como refugos.
Eis os principais nomes em comum entre os finalistas da Copa Diego Armando Maradona, que poderiam ter incluído ainda o trágico craque José Luis Garrafa Sánchez, cultuado personagem do “mundo ascenso” argentino que, descartado no Boca em 1996 por fatores extracampo, brilhou naquele Banfield de 2001-05. Ele e muito dos nomes abaixo compuseram o time banfileño dos sonhos que elegemos para os 120 anos dos alviverdes, em janeiro de 2016. Conseguirão comemorar em alto estilo os 125?
Gustavo Albella: chegou ao Boca em 1945 após se destacar enfrentando-o em amistoso pelo Talleres, que na época era restrito oficialmente ao futebol cordobês. Capacidade não foi seu problema na Casa Amarilla e sim a concorrência com o ídolo local Jaime Sarlanga, segundo maior artilheiro que a era profissional xeneize teve no século XX. O novato só conseguiu jogar por quatro vezes na liga argentina, ainda que conseguisse computar dois gols. No Banfield, a história foi outra: El Atómico reforçou-o em 1946 para ser campeão da segunda divisão e gradualmente estabelecer-se como maior artilheiro do clube, vital para o quase-título de 1951 (a equipe terminou empatada com o Racing e perdeu o jogo-extra, ficando muito perto de furar o oligopólio estabelecido de 1930 a 1967 em que só os “cinco grandes” argentinos venciam o campeonato).
O título de 1946 contou ainda com outro refugo do Boca, o zagueiro Luis Laidlaw, que já havia sido emprestado em 1944 ao Botafogo. Já a campanha de 1951 foi o trampolim para o centroavante vir ao São Paulo para ser ídolo também no Brasil, acumulando mais de meio gol por jogo como tricolor e protagonizando a conquista estadual de 1953.
Juan José Pizzuti: eternizou-se como o técnico do Racing campeão da Libertadores e do Mundial de 1967, o que ofusca o notável meia-atacante que ele fora no time de Avellaneda (é o segundo maior no profissionalismo). E para chegar até lá, Pizzuti começou sobressaindo-se no Banfield de 1949. O Taladro foi apenas o décimo, mas ele foi o artilheiro do torneio e, mantendo a fase em 1950, terminou adquirido inicialmente pelo River em 1951 – tornando ainda mais notável que o ex-clube, mesmo sem ele, quase fosse campeão. Sem ter como vencer a concorrência com a lenda Ángel Labruna, Pizzuti rodou entre os grandes, começando em 1952 um primeiro ciclo no Racing (ironias da vida: torcia pelo Independiente, onde nunca esteve). No Boca, foram dois: em 1955 e como um veterano consagrado para ser reserva confiável no título de 1962.
Eliseo Mouriño: foi um volante técnico com voz de mando que protegia a defesa daquele Banfield vice em 1951. Estreou pela Argentina já em 1952 e tem um registro admirável: capitão em 20 dos 26 jogos que fez pela Albiceleste. O Boca exerceu nada menos que sete tentativas de contrata-lo até El Gallego enfim virar xeneize naquele mesmo ano. O gigante estava órfão para a posição desde a aposentadoria do ídolo Ernesto Lazzatti e engatava um jejum desde 1944, solucionado dez anos depois (então a pior seca que o time já teve), em 1954. Um novo jejum viria até 1962, o que não impediu que Mouriño fosse reconhecido pela torcida pela garra, sem piedade dos tornozelos adversários quando preciso, como pela liderança, dando ordens até quando estava no chão, em contraste com a personalidade respeitosa e calada que era fora dos gramados.
Mouriño não era um caudilho de pura imposição, e sim por serenidade de quem entendia de cinema e Nietzsche. Assim, mesmo em meio a nova estiagem do Boca ele virou figurinha carimbada na seleção nos anos 50: jogou as Copas América de 1955, 1956 e foi um raro participante das duas realizadas em 1959, ganhando duas vezes o torneio. Esteve na Copa do Mundo de 1958, embora sem atuar. Com a ascensão de Antonio Rattín, foi gradualmente perdendo espaço e fez seu último jogo pelo Boca em julho de 1960, recebendo passe livre. Seguiu carreira no Chile, pela equipe que já havia abrigado antigas figuras do Banfield de 1951, o Green Cross (como Albella). E acabou vítima da tragédia área que matou todo o elenco desse clube em 1961.
Juan Taverna: ex-reserva do Estudiantes tri da Libertadores em 1970, chegou ao Florencio Sola em 1972 para converter-se bem mais do que personagem de um jogo só. É que o saudoso Taverna ainda detém o recorde de gols em uma só partida da elite argentina, jogo que este que também registra até hoje a maior goleada que o torneio já viu: o 13-1 do Taladro sobre o Puerto Comercial de Bahía Blanca, pelo Torneio Nacional de 1974. Ao todo, foram ótimos 43 gols em 67 jogos pelos alviverdes considerando-se apenas a primeira divisão, o que lhe valeu uma transferência ao Boca já em 1976. Foi um ano xeneize dos mais históricos, com a massa festejando o bi seguido entre Metropolitano e Nacional – este, na única final com o River até 2018. Taverna até foi titular, mas seu desempenho foi no máximo razoável e já em 1977 voltava a La Plata para defender o Gimnasia.
Héctor Veira: El Bambino é figura tão carismática que é querido mesmo sendo um contumaz vira-casaca. Como jogador, defendeu Huracán e San Lorenzo, clube que já o elegeu como ídolo máximo na ocasião do centenário. E passou pelo Banfield em 1974, sendo uma liderança no time que ficou em terceiro no grupo A do Torneio Nacional, cavando uma transferência ao Sevilla. Esteve no Taladro também como treinador, na boa segunda divisão de 1982 (o time caiu nas semifinais). Na nova carreira, causou furor ao coordenar o River na primeira Libertadores e no único Mundial da equipe de Núñez, em 1986. Em 1997, após um consagrador retorno ao San Lorenzo como técnico que encerrou o pior jejum do time, foi então anunciado no Boca.
O Boca de Veira teve seu grande momento no Apertura, onde os auriazuis conseguiram a melhor campanha de um vice na era dos torneios curtos, obtendo pontuação inferior a de apenas seis campeões. Embora tendo uma única derrota, o elenco, abalado pela repentina aposentadoria de Maradona no meio da caminhada, empatou demais e ficou a um ponto do campeão River. O time ficou à deriva no início de 1998 e desde então o ex-meia não conseguiu mais trabalhos tão satisfatórios. Ah, sim: como jogador, ele passou por Palmeiras e Corinthians. E, como técnico, esteve em 2000 no rival banfileño, o Lanús…
Antonio Barijho: descoberto pelo Huracán nas favelas de Buenos Aires, El Chipi era aquele atacante carismático, raçudo e de razoável eficiência que assim conseguia ser xodó apesar da habilidade rudimentar. Chegou ao Boca em 1998 para viver as duas primeiras Eras Bianchi quase por completas, exceto pela temporada 2002-03, onde esteve no futebol suíço. Teve espaço sobretudo na Libertadores 2000, diante das lesões que limitaram as participações de Martín Palermo e Guillermo Barros Schelotto. E aproveitou, sendo o artilheiro do elenco na reconquista continental. Reforçou o Banfield no primeiro semestre de 2005 para oferecer toda sua experiência na Libertadores, sendo o artilheiro daquela honrosa campanha, com quatro gols – um deles, dando calor no River na eliminação.
Ricardo La Volpe: mais famoso hoje como um técnico cult, El Bigotón foi daqueles goleiros que se sobressaíam em um time adverso. Defendeu o Banfield de 1971 a 1975, onde as campanhas ruins era rotineiras, sem impedir que ele chegasse à seleção – foi um dos reservas de Ubaldo Fillol na Copa de 1978. Ainda como jogador, construiu sua larga trajetória no futebol do México, rodando aquele país como treinador até chegar à seleção local. Treinou La Tri de 2002 a 2006, tornando-a uma contínua pedra no sapato do Brasil e dando muito trabalho aos próprios argentinos na Copa de 2006. Foi sua credencial para deixar a Alemanha contratado pelo Boca, que perderia Alfio Basile para a seleção argentina.
Sob Basile, um Boca em entressafra na Libertadores havia ganho quase todo o restante ao alcance entre 2005 e 2006: duas Recopas, duas Sul-Americanas e um bicampeonato argentino do Apertura 2005 com o Clausura 2006. A meta para o segundo semestre de 2006 era um tricampeonato ainda inédito ao clube. E o Boca de La Volpe parecia ter as duas mãos na taça ao fim da antepenúltima rodada: bastava um empate para o tri, mas o time então perdeu as duas, foi igualado pelo Estudiantes e derrotado – de virada – no jogo-extra. Depois de uma das maiores reviravoltas que o futebol argentino já viu, o ex-goleiro não conseguiu mais bons trabalhos (a Libertadores 2007 seria vencida já sob o sucessor Miguel Ángel Russo, outra vez técnico boquense no contexto atual). O que incluiu um retorno terrível naquele Banfield de 2011.
Daniel Bilos, Rodrigo Palacio, Jesús Dátolo e Gabriel Paletta: o trio ofensivo compunha aquele ascendente Banfield que começou no Apertura 2003 e durou até a Libertadores de 2005. Após a queda continental, o volante Bilos e o atacante Palacio chegaram juntos para aquele dominante Boca de Alfio Basile. E logo se firmaram, chegando à seleção ainda em 2005, com Palacio cavando seu lugar na Copa de 2006 – para a qual Bilos recebeu ofertas de defender a Croácia, de onde vinha seu sobrenome. O volante, que ironicamente chegou a enfrentar os próprios croatas em amistoso pela Argentina, acabou esquecido para o Mundial, mas cavou transferência à Europa. Uma lesão séria atrofiou uma carreira promissora: já estava de volta ao Banfield em 2009, mas sequer pôde jogar pelo time campeão.
Dátolo chegou ao Boca em 2006 e ele e Palacio seguiram juntos até 2009, quando então começaram suas carreiras europeias com a credencial do título da Libertadores de 2007. Dátolo ainda voltou ao Banfield em 2017, depois de uma carreira de altos e baixos que rodou também o Brasil. O zagueiro Paletta, por sua vez, apareceu por último, profissionalizado pelo Banfield exatamente naquele recordado primeiro semestre de 2005, ano em que também venceu o Mundial sub-20 com a Argentina. Ele inicialmente rumou ao Liverpool na temporada europeia de 2006-07 para então chegar ao Boca para uma estadia de dois anos e meio para aproveitar apenas migalhas – a Recopa e o Apertura em 2008, que antecederam vacas magras. Acabou repassado a um decadente Parma e até se deu bem, cavando um lugar na seleção italiana para a Copa de 2014.
Nicolás Bertolo: prata-da-casa do Boca, foi colega de Dátolo e Palacio na conquista da Libertadores de 2007, mas como um obscuro reserva. Foi no Banfield da temporada 2008-09 que ele começou a achar seu lugar. Calhou de sair para o futebol europeu logo antes do vitorioso Apertura 2009, mas pôde em 2011 até estrear pela seleção argentina (pelo Real Zaragoza). Um primeiro retorno ao Banfield veio na campanha vencedora da segundona de 2013-14, o que o colocou no radar do River: reforçou o Millo a partir das semifinais da reconquista da Libertadores, em 2015, se tornando ao lado de Jonathan Maidana (outro reserva do Boca de 2007) o primeiro a vencer o torneio como jogador da dupla argentina principal. Embora titular nas instâncias decisivas do título, Bertolo acabou ficando como um foguete molhado também em Núñez e segue de volta ao Banfield desde 2016.
Julio César Falcioni: ex-goleiro do América de Cali trivice na Libertadores nos anos 80, a carreira de treinador associou-se mais ao Banfield. Pudera: foi sob Falcioni que o clube viveu aquela fase áurea de 2003-05, em seu primeiro ciclo no estádio Florencio Sola. Se os pupilos acima terminaram incorporados de imediato pelo Boca, o técnico rumou inicialmente ao Independiente após a queda na Libertadores de 2005. Sem engatar, voltou ao Taladro em 2009 para eternizar-se como o comandante do solitário título banfileño na elite. Permaneceu por lá no decorrer de 2010, quando então foi requisitado por um Boca em crise.
Os resultados, Falcioni resolveu. O Boca foi simplesmente campeão invicto no Apertura 2011 (na última vez que o futebol argentino viu time algum conseguir o feito), com um título antecipado se garantindo justamente em um reencontro com o ex-clube. E voltou a uma final de Libertadores em seguida, além de vencer em 2012 a Copa Argentina. Ainda assim, seu futebol pragmático e pouco vistoso também atraiu críticas. Ainda teria mais dois ciclos no Banfield (2016-18, 2019-20), sem o mesmo êxito dos anteriores.
Darío Cvitanich: formou-se no Banfield e o defendeu inicialmente de 2003 a 2008, atravessando as boas fases do período, que para ele culminaram na artilharia do Clausura 2008. Cavou transferência ao Ajax e, tal como Bilos, foi sondado pela seleção croata também. Diferentemente do ex-colega, ele até se dispôs a vestir a camisa xadrez, mas a FIFA bloqueou a naturalização pela ancestralidade distante demais (seus antepassados eslavos mais próximos eram seus bisavós). Ainda pertencia ao Ajax quando chegou ao Boca, emprestado para o time de Falcioni na temporada de 2011-12. Nunca se firmou e ficou mais lembrado pelo gol perdido no lance final da primeira decisão contra o Corinthians na Libertadores. Voltou já veterano ao Banfield em 2017, e o bom desempenho lhe cavou uma vitoriosa transferência ao Racing para ser um dos líderes do time campeão argentino em 2019.
Walter Erviti e Santiago Silva: dois por um, por serem ambos pilares do Banfield campeão de 2009. Polido no vitorioso San Lorenzo de 2001, o lateral-volante Erviti chegou ao Sul em 2008, vindo do futebol mexicano. Silva, por sua vez, rodara o Cone Sul e chegou em 2009 mesmo, emprestado pelo Vélez – que logo exigiu a devolução de quem enfim deslanchava para o futebol como homem-gol da surpreendente conquista banfileña. Erviti, por sua vez, permaneceu no Banfield ao longo de 2010 (estreando pela seleção naquele ano ainda como alviverde) até rumar ao Boca juntamente com o técnico Falcioni. Silva os acompanhou no início de 2012, vindo de uma estadia mal-sucedida na Fiorentina após desempenhos consagradores no Vélez.
Erviti e Silva padeceram da mesma impressão de Falcioni e Cvitanich, sobretudo o uruguaio: os bons resultados do Boca não camuflavam por completo o futebol feio de assistir e não tiveram vida longa. O atacante até cometeria a heresia de defender (e bem) o rival Lanús vencedor da Sul-Americana de 2013 antes de voltar sem vergonhas ao Taladro para um bom segundo ciclo em 2016. Àquela altura, Erviti também estava de volta ao Florencio Sola, em uma segunda passagem estendida de 2014 a 2017, cavando negócio com outro gigante – o Independiente.
Lucas Viatri, Pablo Mouche e Pablo Osvaldo: atacantes que simbolizam a inversão do fluxo dos anos mais recentes. Os dois primeiros são atacantes pratas-da-casa do Boca que, embora até chegassem à seleção argentina caseira (para aqueles primeiros Superclássicos das Américas onde só se permitiam convocações das ligas locais) em meio aos resultados eficientes do elenco de Falcioni, nunca vingaram plenamente para a torcida. Eles é que terminaram rumando da Casa Amarilla ao Banfield e não o contrário, na esteira das “repatrições” de Erviti e Silva. Viatri chegou sob empréstimo do futebol chinês em 2015 e Mouche, também sob empréstimo (do Palmeiras), apareceu na temporada 2017-18. Juntos, somaram sete gols como alviverdes. Osvaldo, por sua vez, chegou bem ao Boca de 2015, emprestado pelo Southampton, mas seu alto hype durou apenas até a eliminação na Libertadores. O retorno em 2016 foi nulo. O ex-jogador da seleção italiana desfez em 2020 no Banfield uma aposentadoria de quatro anos, sem ainda dizer a que veio.
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