Boca: sem lenço e sem documento
A derrota de domingo para o Newell’s Old Boys foi a oitava do Boca Juniors em 16 partidas, e deixou o gigante argentino a um revés de bater o recorde de derrotas em um mesmo torneio. E levou muita gente a refletir sobre o que se passa com o clube xeneize.
As trocas de treinador tem sido constantes. Nos últimos 2 anos passaram pela Bombonera Carlos Ischia, Alfio Basile, Abel Alves e Claudio Borghi. Argumentar que esses quatro profissionais são incompetentes está completamente fora de cogitação. Logo, o problema tem de estar em outro lugar.
Quanto aos jogadores, é evidente que há problemas. O clube não conseguiu renovar seu elenco depois do final da equipe vencedora dos primeiros anos da década. Alguns foram vendidos, e outros envelheceram. E é bastante claro que um novo plantel de qualidade não foi formado.
Como resultado, as esperanças da torcida xeneize estão cada dia mais depositadas em dois jogadores já claramente veteranos e que caminham para o fim da carreira. Dez anos depois de protagonizaram um dos capítulos mais importantes da história do clube (a vitória sobre o Real Madrid no mundial de clubes de 2000), Juan Román Riquelme e Martin Palermo continuam sendo os únicos jogadores de quem a fanática torcida ainda espera algo.
Dessa maneira, tudo aponta para a direção xeneize, comandada por Jorge Amor Ameal. A leitura que se faz nos bastidores do clube é que Ameal é um dirigente com pouca força interna, e se vê na posição de seguir o impulso de idéias que vêm de dirigentes que não o tem em boa conta.
Assim, fica evidente para todos os que observam o Boca, que o gigante xeneize possui uma diretoria sem liderança, coesão ou boas idéias. Que não consegue dar força a seus treinadores para tomar suas decisões livres das pressões internas, ou acabar com as cisões internas do grupo com a venda de algum cacique do grupo de jogadores.
E por que o círculo vicioso não se rompe? Segundo aqueles que conhecem a vida interna do clube, ninguém quer pagar o custo político de excluir alguma cabeça coroada da diretoria ou um jogador consagrado do elenco, com cartaz entre os torcedores. Nessa análise, a crise xeneize não tem data marcada para acabar.