Jogo foi animado na cancha de La Crema. Desde o começo. E o corre-corre teve lá seus vários momentos de bom futebol. De um lado, um anfitrião disposto a tudo para vencer o Boca pela primeira vez na história. De outro, uma equipe com problemas, com maus resultados e com um comandante técnico já questionado no clube. Prevaleceu o maior ânimo e melhor futebol de La Crema. O que deixa o Boca com apenas 1 ponto em nove disputados.
Desde o começo o que se viu foi uma tremenda correria. Nada absurdo quando se pensa o que é um jogo na cancha de La Crema. Estádio pequeno, com dimensões mínimas do gramado e a torcida fazendo aquela festa. Difícil não influenciar dentro de campo. Além disso, contava o fato de que o Rafaela não vencia o Boca desde o dia em que nasceu como clube de futebol. E nada melhor do que fazê-lo agora, momento em que o conjunto de Bianchi parece mais perdido que bêbado na escuridão. Junta tudo isso e responda sobre quem era o dono da bola no encontro? Claro, o Rafaela.
E La Crema se fazia superior, pois conseguia fazer justamente aquilo que o Boca Juniors não faz: se defender e atacar bem pelos lados do campo, explorando ao máximo o potencial dos dois homens da primeira linha de quatro. Isto era eficiente em La Crema. E era, como adiantamos, um grave defeito na equipe da Ribera. Hernán Grana e Insúa foram mal. Pareciam assustados com a repentina responsabilidade de assumirem a camisa titular e receberem nas costas parte do fracasso atual dos xeneizes.
Outra diferença estava no meio-campo. No Boca, ninguém se aproximava do ataque para compor um setor que tem sido motivo de piada. Antes, não se fazia gols com a camisa 9 do Boca. Agora, ninguém também faz com a 7, a 11 etc. E a culpa era do Tanque. Então mandaram o Tanque para o Granate e depositaram todas as fichas no imberbe Nico Blandi, o insosso. O menino refugou e foi parar no San Lorenzo. Então chegou Gigliotti. Pouco fez. Riaño contundido era a peça que parecia finalmente sem defeitos. O ex-Talleres melhorou de saúde e mostrou que também ele sente a camisa pesada de Palermo.
De modo que o primeiro tempo ficou no zero. Bianchi é contido e até por isso é chamado de “Virrey”. Mas se pudesse e quisesse falar, seu desespero materializava um pedido a Deus para que seu time fosse para o intervalo sem tomar gols. Foi o que aconteceu.
Nos primeiros minutos do segundo tempo parecia que ia. O quê? Pra onde? Quem sabe? E se o Boca pouco sabia o que fazer, La Crema parecia por em campo um belo trabalho de pré-temporada. Ataque para lá, ataque para cá e Orión quis mostrar que sua estupenda participação do primeiro tempo não seria páreo para sua exibição de gala do segundo. Ataque pra lá, ataque pra cá e parecia que o Rafaela não entendia bem o que se passava. Atacava aos montes e via sua criatividade redundar numa performance digna de aplausos do porteiro visitante. Lucas Albertengo era o cara. Fazia de tudo, mas parava em Orión.
E foi justamente quando o Boca ensaiava uma pressão (“pressaozinha”, ora vejam!) que o Rafaela fez o gol. Após cobrança de córner, Erramuspe subiu sozinho para colocar a pelota no arco de Orión: 1×0 aos cinco minutos da etapa final. Então, o jogo ficou mais aberto e animado. Quem presenciava jurava que mais alguns gols sairiam. Não saíram, mas foi por um muito pouco.
Após fazer o gol o Rafaela ganhou um campo maior para jogar, já que o Boca se perdia na marcação. No banco, Bianchi deu uma forcinha e mandou Gigliotti para o jogo no lugar de Erbes. Porém, de uma hora para a outra parecia que nada daria certo. Qualquer esquema parecia fadado ao fracasso. Dois homens a mais no campo de ataque e pareceu que uma maldição girava sobre a cabela de qualquer jogador xeneize.
O problema é profundo, mas nossa desconfiança é de que ele não será resolvido se a calma não aparecer na Ribera. Forlín e Gigliotti estiveram perto de marcar, mas perderam boas chances pois também sentem a pressão do momento. E dentro de campo o que se via era justamente isto. Um tremendo nervosismo na hora de concluir as jogadas. Já o Rafaela se dava ao luxo de atacar até mesmo pelo povoado setor central da grande área. Não fosse por Cata Díaz e a coisa também pioraria. Por pouco La Crema não fez mais um, mais dois, mas três. Só não fez por causa de Orión.
Com o apito final do árbitro o Rafaela finalmente conseguiu vencer o Boca Juniors pela primeira vez na história. Merecido. Com o resultado, La Crema chega aos 7 pontos e fica apenas a dois do líder pincharrata.
Já o Boca vai precisar de muita calma ao menos até o fim de semana. Em momentos bem mais simples que o atual, Falcioni foi mandado embora do clube. Hoje, gritam seu nome e especulam sua importância como um técnico de futebol. Se a cartolagem do Boca repetir o erro, as coisas podem caminhar para algum precipício. Algo muito maior do que se vê no momento atual
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