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Boca: Falcioni continua, mas ambiente é tenso

Após um dia de muitos rumores e versões desencontradas, Julio Cesar Falcioni foi convecido pela direção xeneize a continuar no cargo de treinador do clube. A questão é: após um confronto tão explícito entre treinador e plantel, há clima para que Falcioni siga seu trabalho?

24 horas após explodir a notícia da briga Falcioni-Riquelme, ficou claro que a questão é muito mais ampla. Na verdade o treinador se desentendeu com o elenco como um todo. Tudo começou a partir do posicionamento de Cvitanich, que havia sido instruído pelo treinador a jogar pelos lados do campo, deixando o centro do ataque livre para Santiago Silva. Furioso por ver o ex-atacante do Ajax se colocando frequentemente no centro da área, Falcioni o substituiu por Mouche, e o repreendeu: “te tirei do time porque não quero que obedeça o camisa 10, mas a mim”, supondo que o atacante obedecia ordens de Riquelme ao adotar tal postura em campo.

No vestiário, Cvitanich, irritado, atirou suas chuteiras na parede, gesto que despertou a curiosidade de Riquelme. Ao inteirar-se do que havia ocorrido, o camisa 10 pediu a saída de todos os diretores do vestiário. Capitão e treinador começaram uma discussão que podia ser ouvida pelos jornalistas do lado de fora. Nesse momento, Erviti pede a palavra e diz que na verdade foi ele que pediu a Cvitanich para que jogasse mais centralizado. Falcioni pediu desculpas a Riquelme, mas o camisa 10 disse que o treinador devia desculpas a todo o grupo, e não apenas a ele. Schiavi teria dito: “. queremos ganhar sempre, mas estamos fartos de que você fale de nós pelas costas”. O apoio unânime do grupo ao camisa 10 desconcertou o treinador, até pelo fato de Erviti e Cvitanich, jogadores muito próximos a ele, terem sido pivôs da situação.

Sentindo não ter mais ambiente para trabalhar com o grupo, o treinador manifestou à presidência o desejo de sair do clube. Mas em Buenos Aires Daniel Angelici conversou com as principais lideranças do grupo (Somoza, Orón, Schiavi), ouviu que a situação era grave, mas preferiu contemporizar. Convenceu os jogadores e o treinador de que não era hora de mudar o comando técnico da equipe. O grupo treinou hoje normalmente, e a idéia é que tudo siga como antes. A questão é: há clima para que isso ocorra?

O futuro dirá se isso é mesmo possível. Por enquanto, o ambiente está muito carregado. Os jogadores parecem convencidos de que possuem um comandante que não os respalda. Falcioni acredita que Riquelme comanda um motim dos jogadores contra ele. E a presidência do clube, ao menos neste primeiro round, se absteve de posicionar-se a favor de um lado ou de outro, crendo ser possível administrar a situação. Para piorar, é corrente a idéia de que Falcioni teria exigido poder sem limites para lidar com questões disciplinares no plantel, o que deixou em polvorosa torcedores, jornalistas e atletas riquelmistas. Parece muito claro que o clima de conflagração segue vivo.

 

Tiago de Melo Gomes

Tiago de Melo Gomes é bacharel, mestre e doutor em história pela Unicamp. Professor de História Contemporânea na UFRPE. Autor de diversos trabalhos na área de história da cultura, escreve no blog 171nalata e colunista do site Futebol Coletivo.

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  • O Riquelme é craque, Falcioni também é um grande treinador mas no futebol todos sabemos como funciona: um jogador comum insatisfeito já é um grande problema, agora um ídolo da torcida como o Riquelme é ainda pior e em um cenário mais grave ainda é como estão dizendo de grupinhos no elenco querendo derrubá-lo, aí ninguém segura.

    Um abraço aos amantes do futebol argentino.

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Tiago de Melo Gomes

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