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Blog FP: Y la seguimos chupando

Há exatos dois anos, o Futebol Portenho teve a oportunidade de presenciar um dos melhores momentos da Seleção Argentina nos últimos anos. Curiosamente, foi no mesmo cenário que a crise envolvendo Diego Maradona e a imprensa explodiu gradativamente. Sim, trata-se de Uruguai – Argentina, que garantiu a Albiceleste no Mundial de 2010.

Mas, antes de abordar esse jogo, uma retrospectiva de tudo que vinha acontecendo (e que o FP acompanhou in-loco). Aquele confronto contra os irmãos do Rio da Prata era crucial para ambas as Seleções. A vitória dramática da Argentina contra o Peru, debaixo de uma chuva torrencial, dias antes, mostrava o momento da Albiceleste. Os uruguaios, por outro lado, vinham de uma vitória que recolocava o time com chances de se classificar ao Mundial. E melhor: jogava em casa, com um cartel de 33 anos sem derrotas para os argentinos.

Por isso, poucos argentinos acreditavam numa classificação. No momento do gol de Palermo, por exemplo, não houve comemoração na sala de imprensa e sim um desabafo com tom critico dos jornalista. Bem diferente do que aconteceu no gol de Higuaín, por exemplo. Diziam que uma classificação viria, mas que muita coisa deveria ser mudada para convencer no Mundial (o que foi provado meses depois).

Isso elevou o clima ruim na Seleção Argentina, que nunca se mostrou aberta a imprensa – principalmente após a vexatória derrota para o Brasil, 1-3, em Rosário. No embarque para Montevidéu, houve problemas no voo, bate-boca de Maradona e parte de jogadores com a imprensa. Tudo de ruim em um momento delicado. Até porque, derrota poderia custar até mesmo a vaga na repescagem, em caso de vitória do Equador sobre o Chile.

Pelo lado uruguaio, o que se via nas ruas e no próprio semblante dos jogadores era de confiança. Se no Brasil, muitos idolatram as torcidas argentinas e o sentimento que tal povo tem pelo futebol, é porque não conhece os uruguaios, principalmente com sua Seleção. O verdadeiro patriotismo que existe com o País é colocado também no futebol – diferente do Brasil, que só existe em período de Copa do Mundo ou em jogos contra a Argentina. Todos confiavam em uma classificação, principalmente pelo histórico de jogos contra os vizinhos do Rio da Prata em solo charrua.

Os nervos ficaram estampados dentro de campo pelo lado argentino. Os uruguaios foram superiores, anularam Lionel Messi e criavam várias oportunidades. Centralizavam o meio campo e impediam os argentinos de chegarem ao ataque. Romero nunca deve ter trabalhando tanto com os pés como naquele jogo, já que inúmeras vezes a bola era recuada para si. Contudo, o gol de Suazo para o Chile, diminuiu o ímpeto das duas equipes. Um dos times conseguiria a vaga direta. A outra a vaga na repescagem contra a Costa Rica.

Os argentinos mostravam pouca ação. Diego Maradona, como em todas as partidas da Seleção ao seu comando, nada instruía. E quando mexeu, fez errado. Pelo menos era assim que pensavam os argentinos, já que substituir o atacante Higuaín pelo volante Bolatti era a clara situação de que jogava pelo resultado. E sabe-se muito bem que no futebol, quem faz isso sempre é vitima. Mas, não naquela vez.

A expulsão de Cáceres, aos 38 minutos, após uma falta em Jonas Gutierrez, deu a chance dos argentinos finalmente chegarem ao gol. Messi, esquecido durante toda a partida, foi o responsável por cobrar a falta. O argentino tocou para traz, onde Verón chutou com força o que gerou um bate-rebate dentro da área. A bola foi parar justamente nos pés de Mario Bolatti, hoje jogador do Internacional, empurrar para as redes. O suficiente para o desabafo dos jogadores e Maradona virem a tona.

Prova disso foi o fim da partida. Ainda no campo, os jogadores puxaram um coro contra a imprensa – dizem que a idéia partiu de Carlos Tévez. Alguns deles decidiram ficar fora dessa polêmica, com o melhor do Mundo (muitos ainda o criticam por tal feito). A polêmica maior ficou para a coletiva de imprensa. Maradona era o treinador que nunca respeitou o horário, até por não gostar de jornalista. Atrasava o máximo que podia. Mas, neste dia, foi diferente.

Não só por ser após uma partida, mas por simplesmente querer falar poucas e boas para a imprensa argentina. ‘Que la chupen’, ‘Que la tenes adentro’, ‘Sigan mamando’, foram uma das mais marcantes, sempre direcionada a repórteres que eram argentinos. O restante da imprensa mundial foi preservada. Até mesmo uma emissora brasileira (ESPN Brasil, por meio do André Plihal) conseguiu arrancar uma resposta educada e com direito a sorriso de Maradona.

A vitória sobre os eternos rivais uruguaios (mais rivais do que o Brasil, diga-se de passagem) naquele dia 14 de outubro, que garantiu a Argentina no Mundial 2010 após vários problemas durante toda Eliminatórias, foi o de menos. Mario Bolatti será sempre lembrando por ter feito o gol na partida em que Maradona falou o maior número de palavrões em horário nobre na história da televisão e não pelo seu feito em si. Sem dúvida, um Argentina e Uruguai que fica para a história.

Desabafo de Maradona na coletiva de imprensa
httpv://www.youtube.com/watch?v=BZky5flA8BI
Gol de Bolatti, herói da classificação para o Mundial 2010
httpv://www.youtube.com/watch?v=2_mQ87sLdUs

Thiago Henrique de Morais

Fundador do site Futebol Portenho em 2009, se formou em jornalismo em 2007, mas trabalha na área desde 2004. Cobriu pelo Futebol Portenho as Eliminatórias 2010 e 2014, a Copa América 2011 e foi o responsável pela cobertura da Copa do Mundo de 2014

7 thoughts on “Blog FP: <em>Y la seguimos chupando</em>

  • Raulinson josé

    Mais um incompetente à frente da nossa sofrida seleção…

  • Lucas Castro de Oliveira

    Esse momento é muito bom de ser lembrado. Acho que o autor pegou bem os fatos, de maneira bem imparcial. Eu concordo com o que disse sobre a torcida do Uruguai também. Outra coisa naquele jogo eu sofri muito.

  • Ernesto

    Não entendi o porque do título da materia. Vocês ficam do lado do jornalista Pasman? É por isso?

  • Tiago Melo

    O “nós” que “seguimos chupando” são os hinchas da albiceleste, rsrs.

  • Willian Alves de Almeida

    O momento é histórico pelo desabafo do Diego, e a prova de que a sel. Uruguaya não é isso tudo, pois perder para um time com D10S no comando em casa…

  • Léo

    Sem preocupação,2014 a Argentina provocará mais um Maracanazzo,confio na Albiceleste e em Sabella,para a Argentina começar a vencer e formar um bom time e elenco,é só questão de tempo e entrosamento.

  • Michel Corbacho

    Eterno Dom Diego Maradona;

    Por mais que não tenha feito um excelente trabalho à frente da Seleção, ele é e sempre será, O MAIOR ÍDOLO DA HISTÓRIA DO FUTEBOL ARGENTINO !

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