Quando duas equipes do nível de Cruzeiro e Estudiantes se enfrentam, uma goleada de 5 a 0 é algo surpreendente. E obrigatoriamente tem de ser explicado de forma refletida, e sobretudo longe dos refrões fáceis do tipo “o Cruzeiro não deixou o adversário jogar”, “o futebol argentino está decadente”, “sem Sabella o Estudiantes morreu”, etc.
A boa partida do Cruzeiro não pode ser esquecida. A equipe esteve muito bem em campo, e praticamente não concedeu oportunidades de gol ao adversário, além de atacar com muita eficiência. A falta de ritmo de jogo e preparo físico da equipe de La Plata, que teve em Sete Lagoas apenas a segunda partida da temporada, também não deve deixar de ser levada em conta. Assim como a péssima atuação individual de quase todos os jogadores.
Até aí é difícil discordar. O tema fica espinhoso quando se tenta avaliar o possível papel de Eduardo Berizzo, o novo treinador da equipe. Por um lado, a equipe estava muito bem montada por Sabella, e é difícil imaginar que uma simples mudança de técnico causasse tamanho desastre. Até porque Toto está no comando há pouco mais de uma semana e escalou o mesmo time que venceu o Apertura 2010.
Ao mesmo tempo, um olhar mais atento pode confirmar que algumas sutis (mas importantes) mudanças apareceram no jogo de hoje na maneira de jogar do Estudiantes. A equipe jogou com suas linhas mais próximas, de modo que o 3-4-2-1 se transformou praticamente em um 3-4-3. Também marcou mais à frente: frequentemente se viu o pincha tentando roubar a bola no campo de ataque para ter a bola perto do gol adversário o tempo todo.
Essas características são típicas das equipes de Marcelo Bielsa, que costuma atuar em um 3-4-3, com linhas próximas e marcação muito avançada. Por essa razão costumam ter muita posse de bola e atacar na maior parte do tempo. Mas deixam grandes espaços na defesa, especialmente pelos lados do campo. Se o adversário conseguir ultrapassar a muralha montada no campo ofensivo das equipes de Bielsa, as avenidas se abrem para serem exploradas.
E foi assim que o Cruzeiro goleou. Teve a bola em seu campo o tempo todo, mas quando conseguiu contra-atacar pelos lados, fez todos os gols que quis. Berizzo está longe de ser o culpado único. Mas parece claro que aos poucos pretende moldar sua equipe ao estilo bielsista. E é igualmente fácil de perceber que essa mudança em um esquema vencedor teve sua parcela de culpa na humilhação de hoje.
Como em termos concretos a partida vale pouco, nada impede que o Estudiantes se recupere (vale lembrar: em 2009 o Pincha estreou tomando 3 a 0 do mesmo Cruzeiro). Mas as desconfianças sobre o treinador novato já começaram. Se Berizzo quiser mesmo modificar a postura de sua equipe em campo, melhor conseguir rápido bons resultados. Senão, a sombra do trabalho vencedor desenvolvido por Sabella poderá destruí-lo
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Tiago, tudo bem: o Estudiantes ainda pode se recuperar, mas será que consegue fazer isso tão rápido de modo a não comprometer sua classificação em um grupo tão difícil da Libertadores? Fiquei assustado de saber que o Estudiantes entrou contra o Cruzeiro para fazer apenas a sua segunda partida do ano. Será que não faltou uma preparação melhor, com alguns amistosos? Ainda mais que um time com treinador novo sempre precisa de um tempo para adaptação tática, o que exige jogos. Sem contar o ritmo dos jogadores, a condição física etc. Será que eles estarão mais inteiros para encarar o Tolima? O Cruzeiro, ao contrário do Estudiantes, realizou pelo menos dois jogos-treinos na pré-temporada e três jogos pelo Campeonato Mineiro (sendo um deles o clássico); manteve o técnico que comandou o time no vice-campeonato Brasileiro (se não fosse vice, não seria o Cuca...) e quase toda a espinha dorsal do time do ano passado (a única perda mais importante foi a do lateral direito, Jonathan). 5 x 0 é um resultado que sempre traz algo a mais, porém, considerando o despreparo do estudiantes e a solidez celeste, a vitória cruzeirense em casa seria não mais que o esperado.
Pois é, o Estudiantes fez alguns jogos-treino no que os argentinos chamam de "temporada de verão", mas eles têm um problema: o elenco é pequeno demais. Ontem entraram em campo jogadores que deveriam ter sido poupados caso tivessem substitutos, jogadores (Desábato, Ré, Perez, La Gata) que ainda não estão no ritmo ideal. Outros, como Verón, visivelmente ainda não estão no ritmo. Como o campeonato argentino começa tarde, as equipes com certa frequencia entram ainda muito sem ritmo na Libertadores. Mas dá pra compensar sim. No jogo de estreia no Clausura eles jogaram muito bem no primeiro tempo (e morreram no segundo). Como a chave nao tem mais adversarios complicados, quando o mata-mata começar a equipe deve estar mais pronta.
Mas quanto ao novo tecnico nao havia o que fazer: Sabella deixou o clube 3 dias antes da estreia o Clausura!