Blog FP: Há uma seleção!
Após anos de sofrimento, finalmente os admiradores e fãs da seleção argentina espalhados pelo mundo têm uma seleção decente para torcer. Uma seleção que não é exatamente avassaladora, mas que vence a maioria das partidas, várias delas de forma convincente, e, principalmente, permite que seus principais jogadores mostrem seu enorme talento.
Foram decepcionantes os anos que se seguiram ao Mundial de 2006. Naquela ocasião a Argentina não foi brilhante, mas teve ótimos momentos e por pouco não eliminou a Alemanha dentro de sua própria casa. Depois vieram um decadente Alfio Basile, um Diego Maradona que sequer pode ser considerado um treinador e um Sergio Batista que nunca justificou sua escolha para cargo de tamanha responsabilidade.
Alejandro Sabella foi alvo de desconfianças legítimas. A princípio porque sua muito bem sucedida passagem pelo Estudiantes era toda a sua experiência prévia como treinador. Depois por ter mandado a campo escalações duvidosas e esquemas confusos nas primeiras partidas, que culminaram em uma inédita derrota para a Venezuela.
Mas aos poucos as coisas se acertaram. O Pachorra povoou mais seu meio campo, com outros jogadores auxiliando Mascherano na proteção à defesa. Encontrou uma dupla de zaga (Garay e Fernandez) que, longe de ser brilhante, ao menos dá a segurança necessária para a equipe. Desenvolveu dois sistemas táticos distintos, utilizados em função do grau de dificuldade das partidas: contra adversários mais duros (em especial fora de casa) um 4-4-2, e em jogos contra adversários mais frágeis o 4-3-3.
Não menos importante, Sabella conseguiu fazer com que os brilhantes atacantes argentinos finalmente jogassem o que sabem pela seleção de seu país. Em parte por um motivo óbvio: mesmo os melhores craques só jogam o que podem se estiverem em uma equipe organizada, algo que finalmente a Argentina possui. Mas também porque passaram a se movimentar mais, trocando de posição e enganando as defesas inimigas.
Evidentemente a albiceleste está muito longe do ideal. A vitória sobre o Chile mostrou erros evidentes. A começar pelos fragilíssimos laterais, que são um convite aos ataques inimigos. Zabaleta não tem condição de ser titular da equipe, tanto mais que o jovem Peruzzi parece pedir passagem na posição. Pela esquerda Rojo (que não jogou ontem) ao menos tem solidez defensiva, mas muitos já pedem Sanchez Miño, grata revelação xeneize, na posição.
Essa vulnerabilidade foi muito explorada pela seleção chilena ontem, que colocou a defesa argentina em grande perigo por diversos momentos justamente apostando em ataques massivos pelos lados do campo. Formado por apenas 3 jogadores, o meio campo da albicelete pouco pôde fazer para proteger os limitados laterais, sob pena de deixar desprotegida a meia cancha. Aí residiu o grande erro de Sabella ontem: jogando fora de casa contra uma equipe que ataca forte pelos lados, o sistema com quatro meio campistas era obrigatório.
Mas no todo o quadro é o mais favorável em muito tempo. A Argentina lidera com facilidade as eliminatórias sul-americanas, venceu rivais fortes em amistosos e finalmente pôde desfrutar do melhor futebol de seu craque supremo. Lionel Messi igualou o recorde de Batistuta em 1998, ao marcar 12 gols pela seleção em um único ano, e tem média de um gol por partida desde a chegada de Sabella. E, não menos importante, finalmente a Argentina se perfila como uma equipe sólida tanto no aspecto tático como no técnico. Enfim a albiceleste pode ser vista como uma equipe capaz de enfrentar qualquer outra sem medo.