“Brasileiros adoram se fazer de vítima, mas também são preconceituosos. Uma vez, Roberto Carlos me disse: ‘viu, seu índio, metemos 2 a 0 em vocês’. Tive de me conter para não bater nele. Então, não reclamem quando mostram bananas ao Neymar”.
A declaração acima foi dada pelo sempre polêmico José Luis Chilavert à rádio ESPN de Buenos Aires ontem à tarde. A declaração do ex-goleiro do Vélez Sarsfield possui a lamentável premissa de que um erro possa justificar outro. Mas levanta uma questão que merece ser discutida: a questão é que, fora a lógica do “olho por olho, dente por dente”, Chilavert (cujo encontro com Roberto Carlos é lembrado aqui apenas pelo revide em forma de cuspe no lateral) está inteiramente correto.
O zagueiro Leandro Desábato passou uma noite na polícia por conta de uma acusação do então são-paulino Grafite, e até hoje esse episódio é lembrado todas as vezes em que se menciona seu nome em terras brasileiras. Bem diferente foi o tratamento dado a Antônio Carlos Zago, que dirigiu insultos racistas ao então gremista Jeovânio frente a muitas testemunhas. O episódio é lembrado, mas o jogador não foi preso, seguiu normalmente sua carreira e ocupou cargos em grandes equipes brasileiras.
Brasileiros se aborrecem bastante quando nossos jogadores são vítimas de insultos racistas no estrangeiro. Mas não se importam quando ouvem torcedores brasileiros xingando jogadores de macacos e coisas do gênero nos estádios brasileiros, algo que acontece todo santo dia.
Estamos tão prontos a acreditar que estrangeiros são racistas, que grande parte da nossa imprensa acreditou quando o ex-palmeirense Baiano declarou que seu fracasso em sua passagem no Boca Juniors se deu graças ao racismo dos argentinos. Como se tantos negros não tivessem feito sucesso no futebol argentino, e como se esse tivesse sido o único fracasso na carreira do mediano jogador.
Ao fim, a declaração de Chilavert aponta uma incrível inconsistência de um país que só vê racismo nos outros. Um país que se indignou quando Roberto Carlos foi vítima de racismo na Rússia, mas nada vê de errado quando o mesmo jogador toma a mesma atitude perante um estrangeiro. Um país cujo principal canal de esportes lança no ar a matéria abaixo, que ridiculariza absurdamente o país natal de Chilavert.
Muito saudável que nos indignemos quando um brasileiro é vítima de racismo no exterior. Mas seria necessário que o mesmo sentimento aparecesse quando nossos compatriotas cometem o mesmo erro com estrangeiros. E, naturalmente, quando nossos conterrâneos forem vítimas dessa barbaridade da parte de outros brasileiros. Aí sim teremos dado um grande passo.
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Está aí uma grande verdade dita pelo Chilavert.
Além do mais, o brasileiro (em grande parte, não todos) sofre do "complexo da pseudo-humildade".
Só o povo brasileiro é humirdi. O resto todo "se acha". Argentina, EUA, paises europeus, são todos arrogantes. Mas só porque tem uma certa classe, só porque tem mais dinheiro...
Aqui prevalece o "jeitinho brasileiro" e a "malandragem"... sabe como é...
Podemos falar o que quizermos dos outros, é justo. Mas ninguém pode falar nada sobre nós, aí é preconceito...
luan , sai dessa cara. brasileiro se preocupa muito com argentino., mas o argentino não tá nem aí pros brasileiros. acorda....
Desculpem-me o articulista e comentaristas, mas o que esse Sr. Chilavert diz não merece nenhum crédito.