A chegada de um novo treinador, vindo de uma escola bem definida (a bielsista) e diferente do estilo de Alejandro Sabella, deixou os analistas de orelha em pé. O Estudiantes vinha de uma trajetória vitoriosa com o técnico anterior. Como a equipe se portaria com as mudanças que certamente viriam?
Na internet é fácil encontrar “análises táticas” do novo Estudiantes. Essas “análises” privilegiam a distribuição dos jogadores em campo. Notam, por exemplo, que o 3-4-2-1 de Sabella foi substituído, contra o Tolima, por um 4-4-2, que variava para um 4-3-3 quando Enzo Perez chegava ao ataque para fazer companhia a La Gata Fernandez e Leandro Gonzalez.
Mas essa mudança é praticamente sem importância. A distribuição dos jogadores pelo campo de jogo é supervalorizada nessas “análises”. O que realmente importa são outras coisas: a postura da equipe em campo, o número de jogadores atrás da linha da bola, o setor do campo em que a marcação está concentrada, etc.
E é nesse sentido que se deve buscar as diferenças entre o sólido Estudiantes de Sabella e o ainda claudicante Estudiantes de Berizzo. Na fase anterior, a equipe marcava no meio campo, concentrando jogadores nesse setor. Com muita marcação, raramente deixava o adversário chegar perto de sua área, graças à força da marcação na meia cancha.
Tomando a bola, buscava manter a posse da redonda, em um jogo cadenciado comandado por Verón, que esperava a hora certa de acionar o agressivo enganche Perez e o bom atacante La Gata Fernandez.
Hoje isso mudou. Berizzo prefere a marcação mais avançada, a la Bielsa. Com ele, o Estudiantes marca na saída da área adversária, tentando tomar a bola ainda no ataque. E quanto retoma a pelota, avança verticalmente para o gol adversário. São características muito marcantes da escola de Marcelo Bielsa.
No entanto, para uma equipe acostumada a jogar de outra maneira, essas mudanças não têm sido bem sucedidas. Acostumada à segurança da forte marcação no meio campo, o Estudiantes atual claramente se sente inseguro nos contra-ataques laterais, nos quais o Cruzeiro construiu a goleada da semana passada. Nesta semana, a adoção do 4-4-2 visava minimizar o problema, mas ainda assim o Tolima contra-atacou com uma facilidade inexistente nos tempos de Sabella.
Além disso, o jogo vertical, em que a equipe avança rapidamente para o gol adversário quanto retoma a bola, também traz problemas. O termômetro da equipe é Verón, que com idade avançada dificilmente poderá dar à sua equipe o ritmo vertiginoso que Berizzo espera. No jogo de hoje La Brujita pôde ser visto pegando a bola no pé de seus zagueiros e em seguida sendo obrigado a chegar na área adversária para chutar a gol e dar assistências. Não é possível esperar que o craque da equipe, às vésperas dos 36 anos, poderá dar conta de tamanho esforço físico duas vezes por semana.
Evidentemente nada impede que Berizzo e os jogadores consigam chegar a um ponto no qual os desejos do treinador possam ser cumpridos pelos jogadores do clube de La Plata. Mas parece igualmente evidente que essas mudanças não serão bem-sucedidas em um par de jogos.
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