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Bielsa deixa a seleção chilena

Mais uma novela de verão terminou: em um pronunciamento de 27 minutos, Marcelo Bielsa anunciou sua saída do comando da seleção chilena. O treinador não poupou críticas aos dirigentes do país, responsabilizando-os por sua saída.

O principal alvo das críticas foi o presidente da ANFP (a federação local) Sergio Jadue. Para Bielsa, o cartola mostrou grande desrespeito por seus subordinados, citando as críticas de Jadue ao treinador da seleção sub 20 que disputa o sul americano da categoria. O treinador apontou esse elemento em especial como decisivo para levá-lo a concluir que era necessário deixar a seleção chilena.

No entanto, El Loco ressaltou que a situação atual não é culpa de Jadue, que acaba de assumir a presidência da ANFP. Para ele, o futebol chileno está em má situação por culpa dos dirigentes dos três grandes clubes do país (Colo-Colo, Universidad do Chile e Universidad Catolica). Na análise de Bielsa, o grande poder que esses clubes concentram transforma a ANFP em refém de seus dirigentes, impossibilitando a federação de ter a autonomia necessária para gerir o futebol do país.

Depois de quase meia hora de pronunciamento, Bielsa declarou a conferencia encerrada, sem abrir a possibilidade de perguntas dos jornalistas. Não sem antes se mostrar muito agradecido ao país: “Considero esses três anos no Chile um presente da vida. Aprendi a amar a vida estando aqui. Estou agradecido e orgulhoso por ter vivido neste solo. Sei muito bem que sou eu quem perde ao ir embora”.

Sobre o novo treinador, o nome de Claudio Borghi, muito especulado nos últimos meses, perdeu força recentemente. No momento, o nome mais citado pelos jornalistas chilenos como possível treinador do selecionado nacional é o do também argentino José Pekerman, que dirigiu a seleção do seu país no mundial de 2006 e comandou por muitos anos as vitoriosas seleções argentinas de base.

De toda forma, a inevitável comparação com Bielsa tornará muito dura a vida do novo treinador: El Loco foi o treinador com melhor aproveitamento na história da seleção chilena (59%) e se transformou em herói nacional. Ao fim de seu pronunciamento, podia-se notar jornalistas enxugando lágrimas. O novo treinador não terá vida fácil.

Tiago de Melo Gomes

Tiago de Melo Gomes é bacharel, mestre e doutor em história pela Unicamp. Professor de História Contemporânea na UFRPE. Autor de diversos trabalhos na área de história da cultura, escreve no blog 171nalata e colunista do site Futebol Coletivo.

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