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Bianchi solta o verbo e chuta a pressão

Treinador xeneize não deu mole na coletiva

Já incomodado com a pressão do momento, o técnico Carlos Bianchi veio a público e deu um coletiva no mínimo surpreendente. Falou sobre Riquelme, expectativas em torno de seu trabalho, montagem da equipe etc. Tudo com muita ironia e pouca paciência.

De cara, deixou claro que se incomoda com as fortes expectativas em torno de resultados rápidos de seu trabalho. “É muito cedo esperar por um bom rendimento, pois eu não montei essa equipe”. A observação é uma resposta aos questionamentos recentes, após a estreia com derrota para o Toluca, pela Libertadores, na Bombonera.

“Amanhã, faremos mais um treinamento para que eu defina os onze titulares contra o Tigre, no domingo. É possível que haja alterações, mas, se for o caso, vou defini-las somente após o último coletivo”, disso o Virrey.

Quanto a Riquelme, “digo que prefiro tê-lo bem, um pouco mais tarde, do que tê-lo agora, porém em má condição física. Ele precisa de mais trabalho e de acompanhamento nos treinos físicos. Eu tenho de me responsabilizar por isso. Ou seja, preciso tê-lo bem em campo, ao menos no que diz respeito à sua condição física”, observou Bianchi.

E sobre o atual time do Boca, ele disse: “uma equipe não se forma de um dia para outro. Mesmo este plantel já é bem diferente daquele que disputou a última Libertadores, vários atletas já não se encontram no elenco. É preciso dar uma identidade a esta equipe. E fazer isto com um plantel que eu não formei não é nada fácil. E ao contrário do que diziam, até de forma irresponsável, eu não tenho o celular de Deus; acho que agora se dão conta disso”, bronqueou o treinador de maneira vigorosa e fria.

E continuou: “quando a gente fala da época de ouro do Boca, recordo a vocês que os torcedores tinham mais paciência. Se hoje as coisas mudaram, isto ocorre pela ansiedade que a imprensa incute em nossa torcida. De 1981 até 98, o Boca foi campeão somente uma vez. Ainda assim, ninguém quis botar fogo na Bombonera”, reclamou um incomodado Bianchi.

Ainda sobre a nova relação do clube com o principal certame continental, Carlos Bianchi disse que “quando cheguei, em 98, ninguém falava em Libertadores. E, depois disso, o clube a jogou diversas vezes.

O comandante ainda associou o pouco tempo de treinos com a cara que ele quer dar ao time. “Não poder trabalhar durante a semana complica e retarda a formação de uma nova equipe. As equipes não se formam da noite para o dia. É preciso mudar sua atitude e eu quero uma mais positiva para a minha.”

“Nós não vamos parar de trabalhar um só minuto. Eu sou o primeiro a reconhecer que o Boca não está jogando bem. Não estou aqui para delongas e sei muito bem que estamos atuando muito mal. Os torcedores são inteligentes e sabem bem do quanto estamos nos esforçando para fazer o melhor”.

O Virrey demonstrou uma visão tática bem típica do velho Bianchi ao analisar o cotejo diante do Toluca. “Os gols do Toluca foram produtos de nossos erros táticos”.

Da primeira partida eu destaquei para o grupo o orgulho que cada jogador demonstrou. Isto precisa se repetir. Quanto ao segundo jogo, eu sei que os jogadores estão com o orgulho ferido. E é isso mesmo o que eu espero deles, pois não poderia ser diferente, já que contávamos com uma vitória na estreia da Copa”, disse Bianchi, se referindo também à vitória na primeira partida pelo Torneio Final, em que o Boca virou para cima do Quilmes por 3×2.

O treinador xeneizes já deu mostras de que não está feliz com a defesa e de que pretende trabalhar muito com este setor da equipe. “Na lateral-direita vai ficar quem estiver melhor. Ter jogado com Cellay e Sosa talvez tenha sido precipitado, já que isto afetou a preparação desses atletas. Agora creio que a posição ficará com Albín, Aguirre ou Marín: qual deles estiver melhor ficará na equipe”.

“Minha preocupação com a defesa não diz respeito a um setor específico, mas a todo o setor. A defesa não estão bem e isto diz muito sobre a equipe. Quando um setor não está bem é muito provável que isto esteja relacionado com o fato de este setor não se encontrar no nível da equipe. Só se resolve isto com trabalho, porém, temos pouco tempo para isso”.

Para finalizar, o Virrey falou sobre a revelação do meio-campo xeneize. “Paredes tem 18 anos e é bem jovem. Tem amplas condições para ser um jogador importante. Está em processo de adaptação ao futebol de primeira divisão. Se amanhã Paredes e Riquelme podem jogar juntos? Sim! Por que não? Tudo é possível”, finalizou o estudioso comandante do banco xeneize.

Joza Novalis

Mestre em Teoria Literária e Lit. Comparada na USP. Formado em Educação e Letras pela USP, é jornalista por opção e divide o tempo vendo futebol em geral e estudando o esporte bretão, especialmente o da Argentina. Entende futebol como um fenômeno popular e das torcidas. Já colaborou com diversos veículos esportivos.

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