Bauza e Seleção Argentina: Um relacionamento fadado ao fracassado desde o seu anúncio
Existem relacionamentos que vêm para o bem. Que faz você abrir os olhos sobre determinadas áreas, levam-te a lugares melhores e te faz crescer. Outros, entretanto, jogam-te para o fundo do posso. Nesse último caso entre Edgardo Bauza como técnico da Argentina. E no primeiro caso, é o que se espera de Jorge Sampaoli, se ele realmente assumir a Albiceleste.
Desde que assumiu a atual vice-campeão do Mundo e das últimas duas Copas Américas, a última opção da Associação de Futebol Argentino apontou para aquele que vinha fazendo um bom trabalho no São Paulo (ainda que recheado de críticas pela imprensa paulista). Mas, longe de ser o nome correto para uma seleção do tamanho da Argentina. Patón foi o que sobrou, na realidade.
Bauza assumiu a Argentina em 5 de agosto do ano passado. Manteve discursos otimistas de que poderia levar a Argentina ao título mundial, na Rússia. Hoje, 255 dias depois, não se sabe sequer se o time estará na Copa do Mundo. Tanto que sua cabeça deve ser anunciada após a reunião matinal, como prega boa parte dos diários argentinos. Um relacionamento fracassado desde o seu início.
Foram oito jogos, com derrotas para Paraguai, Bolívia e Brasil, empate no sufoco contra a Venezuela e Peru. Das duas vitórias, a única convincente foi contra a Colômbia, por 3×0. Ante o Chile, venceu graças a um pênalti inventado. A quinta colocação só existe porque o Equador fez questão de perder o gás nos momentos finais.
Nos dias sob o comando da Seleção, fez questão de criticar, inclusive, o Barcelona. Em setembro, Messi foi liberado do confronto contra a Venezuela por conta de uma lesão. E na semana seguinte jogou contra o Atlético de Madrid. Resultado: três semanas afastado por uma lesão, perdendo os jogos de outubro pelas eliminatórias. “Eles nos mandam mensagens para que cuidemos dele, mas eles não fazem isso nunca”.
A saída tardia de Bauza deve-se por alguns problemas. Primeiro, porque ninguém quer assumir a Seleção. Isso até Sampaoli despontar o interesse de assumir a Seleção – um dos melhores nomes da atualidade, diga-se. Segundo, por que Claudio Tapia não queria ter como seu primeiro ato a demissão de um treinador – mesmo chamando-o de ‘boludo’ em mensagens de voz. O perigo, na primeira situação, é que sequer houve uma reunião com Sampaoli. E na Espanha, o discurso é que ele não aceite assumir a bomba relógio, ainda que tenha um imenso desejo em comandar a seleção de seu país.
Caso Sampaoli seja o novo par da Seleção Argentina, o que se espera, pelos últimos resultados do treinador, é de dias melhores. Na última Copa do Mundo, o Chile, sob o seu comando, caiu para o Brasil nos pênaltis, mas fez bons jogos contra Austrália, Espanha e Holanda (este último apesar da derrota). No ano seguinte, conquistou a Copa América, deixando um belo legado ao seu sucessor – que repetiu a dose no ano seguinte.
Nesta temporada, no Sevilla, chegou a brigar pelo título por algumas rodadas, mas perdeu o fôlego em La Liga. Está atualmente na quarta colocação, com incríveis 18 vitórias em 31 jogos. Foram apenas seis derrotas. Tudo bem, caiu para o Leicester City nas oitavas de final da Champions, mas não se pode desmerecer o feito na primeira fase – perdendo apenas para a Juventus.
Um detalhe importante para Sampaoli: a AFA e Messi têm que deixá-lo trabalhar. Nesse ponto, convocar os melhores jogadores e não apenas um punhado de amigos do craque do Barcelona. Tudo indica que o treinador, se assumir a Seleção Argentina, terá a autonomia para, quem saber, ser o novo Tite do futebol sul-americano, tirando uma seleção do fundo do poço para recolocá-la em seu devido lugar.
Já a Bauza, sorte em uma próxima oportunidade em clubes, já que seleção não é o seu forte. Ao menos, seleções de grande porte, como é o caso da Argentina.