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B Nacional: Central perde chance de encostar nos líderes ao empatar com Boca Unidos

Castillejos marca primeiro gol de empate. Insuficiente, pois Central não venceu Boca Unidos

Em uma bela partida de futebol, em Rosário, o Central igualou em dois gols com o Boca Unidos de Corrientes. O primeiro tempo foi de um Central arrojado e incrivelmente disposto a buscar a vitória. Não conseguiu, pois os correntinos saíram na frente do placar e o arqueiro Gastón Sessa realizou uma jornada de sonhos. Ainda assim, o Canalla empatou com Castillejos aos 46 minutos. Na segunda etapa, o domínio mudou de dono e foi o Boca Unidos quem desfilou sua supremacia no Arroyto. Mas, diferentemente do aguerrido Central, o Boca Unidos praticou o toque de bola e a armação no ataque tão conscientes quanto à proteção na defesa. Após levar o gol da virada aos três minutos, os Aurirrojos empataram aos 24. Poderiam até ter vencido e o fato não seria descabido. No fim das contas, o Canalla perde uma chance incrível de chegar ao segundo posto, já que o River apenas empatou na rodada, no Bosque de La Plata.

O jogo em si

O primeiro tempo foi de um duelo dos mais impressionantes em Rosário. Por um lado, um Central vigoroso, mas sabedor de que há de acelerar ainda mais o seu ímpeto pelas vitórias. Por outro lado, um ótimo time de futebol, o Boca Unidos, cuja mescla de atletas experientes, como ‘El Ogro” Núñez, e a novidade de outros, como Patrício Pérez, é uma das marcas do time. Porém, no embate, foi o Canalla quem procurou partir para o abafa. Então, o que se viu no Gigante de Arroyito foi uma das melhores apresentações do Central atuando em Rosário, ao menos em termos de chances criada para fazer o gol. E para dimensionar bem este fato, vale lembrar que também a equipe correntina praticou um belo jogo.

Porém, em meio ao abafa, o Boca Unidos se configurava para o contragolpe. Para a sua sorte, a proposta do Canalla era por de mais ofensiva. Exagerada, se considerada a ótima condição do Boca Unidos em se projetar para o contragolpe, estilo de jogo chefiado por “el Ogro Núñez”, um de seus destaques. Assim foi que, em meio ao abafa dos locais, os correntinos chegaram ao gol de abertura do placar aos 26 minutos com Patrício Pérez.

Antes disso, o Canalla já havia se livrado de levar o gol em uma defesa magistral de García. Ainda um pouco antes, o próprio Central poderia ter aberto o marcador com Ferrari, que teve o gol aberto e preferiu o arremate, quando tinha Castillejos ainda melhor posicionado.

Então, teve início uma sucessão incrível de chances desperdiçadas pelo Canalla. Um cenário inacreditável que dava o alerta: “no futebol, quem não faz leva”, principalmente quando se estar diante de um bom adversário. Apesar disso, Castillejos foi o nome do gol de empate aos 46 minutos do primeiro tempo.

O Central retornou para o segundo tempo com a mesma gana da primeira etapa. Assim foi que logo aos três, Matías Lequi, de cabeça, colocou o Canalla na frente do placar. O gol fez justiça ao primeiro tempo, mas não faria ao segundo, dominado na maior parte pela equipe de Corrientes.

O domínio canalla perdeu intensidade e deixou claro os problemas que o abafa e a forte disposição ofensiva da equipe escondiam. A defesa jogava mal, descompactada e com os zagueiros sempre atrasados na marcação. O meio-de-campo também parecia configurado apenas para o ataque: mordia pouco e permitia a eficiente trama de jogadas dos rápidos correntinos pelo setor. Para completar este cenário negativo para o Canalla, Cristián Núñez infernizava em campo. O “Ogro” recuava para marcar, armava no meio, se apresentava e servia no ataque feito um garçom daqueles que não se encontra em qualquer restaurante.

Em favor dos Correntinos estava a tranquilidade, experiência para ficar na frente, atrás e na igualdade do marcador assim como se a partida não fosse nada de mais. O passe era a arma utilizada no lugar dos chutões. Lagrutta, Pérez e Núñez praticavam “linha-de-passe” em um longo setor do campo, que começava um pouco antes da linha divisória e terminava na cara do porteiro Garcia. Atrás, na retaguarda, o Boca Unidos tinha nada menos que “el Gato” Sessa, um monstro em campo, praticando milagre inacreditáveis, sobretudo no primeiro tempo.

Outra qualidade do Aurinegro tem a ver com a marcação. Por vezes se intensifica no ataque; por outras, no meio-de-campo; e, quando necessário, atrás, protegendo o arco de Sessa. O deslocamento da zaga para a marcação parece exaustivamente treinada; em alguns momentos é impecável e imbatível.

De forma que no segundo tempo, a partida começou com o Canalla, foi aos poucos igualada nas ações e, finalmente, dominada pela equipe de Corrientes. Quando esse domínio chegou, ficou uma dura lição para a brava equipe de Rosário: alma, gana e disposição para a vitória nem sempre serão suficientes diante de um organizado e bom toque de bola. Tudo o que o Central precisa, e tudo o que viu no duelo de hoje, no ótimo rival de Corrientes.

Assim foi que, aos 24 da segunda etapa, apareceu Lagrutta para igualar o marcador. Um gol que não surpreendeu pelo volume de jogo do Boca Unidos. Daí para frente, o Canalla ainda teve uma ou outra chance. Na principal delas, Castillejos perdeu gol “feito”, aos 48 minutos, após jogada de Monje. Mas o placar ficou mesmo no 2×2. Placar justo para o que produziu o Central, na primeira etapa, e o Boca Unidos, na segunda. Assim, o Central perdeu uma grande chance de chegar ao segundo posto da competição. Assim, o Boca Unidos avança pouco na tabela, mas sinaliza que a estranha fase de instabilidade se foi. Na próxima rodada, o Cantral vai a Isidro Casanova encarar o Almirante Brown; enquanto o Boca Unidos será anfitrião para o Patronato, de Paraná.

Formações

Rosário Central: Manuel García; Paulo Ferrari, Franco Peppino, Matías Lequi, Omar Zarif (Federico Carrizo); Julio Mozzo; Santiago Biglieri (Leonardo Monje), Jesús Méndez (Rafael Delgado), Ricardo Gómez; Antonio Medina e Gonzalo Castillejos. Técnico: Juan Antonio Pizzi.

Boca Unidos: Gastón Sessa; Alexis Danelón, César González, Alejandro Donatti, Leandro Baroni; Gerardo Gómez, José Babak (Cristian Devallis), Diego Sánchez Paredes, Matías Moisés (Luis Lagrutta), Patricio Pérez (Ferreira); e Cristian Núñez. Técnico: Luis Medero – Claudio Marini.

Joza Novalis

Mestre em Teoria Literária e Lit. Comparada na USP. Formado em Educação e Letras pela USP, é jornalista por opção e divide o tempo vendo futebol em geral e estudando o esporte bretão, especialmente o da Argentina. Entende futebol como um fenômeno popular e das torcidas. Já colaborou com diversos veículos esportivos.

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