As primeiras impressões sobre a Argentina de Tata Martino
Desde que assumiu a Seleção Argentina, no dia 12 de agosto, quase um mês após o Mundial 2014, Tata Martino acumulou pela Seleção até então 3 vitórias e 2 derrotas em 5 partidas disputadas. Apesar da base dos selecionados ter um significativo número de jogadores que estiveram na Copa com Sabella no comando, o que mais chama atenção na “nova” Argentina de Martino são as mudanças e comportamento em campo da equipe.
O sistema de jogo
Adepto das idéias e confesso fã de Marcelo Bielsa, Tata Martino tem mantido o 4-3-3, também utilizado por Sabella em boa parte dos jogos na trajetória até o Mundial, mas com sutis alterações. Javier Mascherano, um dos líderes da equipe, relatou após a estréia de Martino, na vitória sobre a Alemanha em Dusseldorf, as novas sensações quanto ao novo sistema de jogo: “O sistema é diferente. É um 4-3-3, se joga mais com os extremos. Antes a equipe jogava com dois atacantes e um meia”.
Saída para o jogo com a bola no chão e Mascherano em ação
Além de líder e principal homem de desarmes na Seleção Argentina, Javier Mascherano é fundamental na proposta de Martino em sair com a bola nos pés. O recuo do volante central, entre os dois defensores e a liberação dos laterais ao campo ofensivo, tem sido requisitado na proposta de Martino, que se aproveita da qualidade no passe do volante que mais foi efetivo no quesito durante a Copa do Mundo 2014.
Linhas adiantadas e marcação pressão
A postura mais adiantada também já é marca na Argentina de Martino. Pressionar a saída de bola do adversário e povoar o campo do mesmo quando realiza a ação ofensiva tem sido uma estratégia aprimorada jogo a jogo pela Seleção Argentina. Também após o triunfo sobre os alemães, Mascherano relatou sobre: “A equipe adiantou as linhas em 10 ou 15 metros. Tratamos de pressionar a saída de bola”.
Messi pela direita e mais próximo do gol
Desde que estreou com Martino pela Seleção, Messi tem jogado com posicionamento incial pela direita no ataque argentino. A decisão de Martino e comissão técnica optou por ter o camisa 10 mais próximo do gol e claro, com liberdade de movimentação pelo ataque. Com Sabella, Lionel muitas vezes era visto com ações pelo centro do campo, como enganche, com obrigações para armar as jogadas de ataque. Com volantes mais participativos nas ações ofensivas, Messi tem tido mais respaldo nas armações e arranques no ataque, como foram os casos de Lucas Biglia e Javier Pastore no último jogo contra Portugal, em Old Trafford.
As dificuldades encontradas: poder de decisão e adaptação dos defensores às linhas adiantadas
Mesmo com artilheiros de porte espalhados pela Europa, por incrível que pareça a Argentina de Martino tem encontrado dificuldades para ser decisiva no ataque. Apesar de 30 minutos iniciais de muita posse, absoluto domínio e ocupação dos espaços no campo ofensivo nos amistosos contra Brasil e Portugal, a equipe tem demonstrado falhas nas conclusões e chegadas ao gol adversário. O desgaste de jogar desta maneira é notório, e tanto Brasil como Portugal foram oportunistas para vencer a Argentina desta maneira, se aproveitando das inúmeras falhas nas conclusões dos argentinos e esperando o momento certo para decidir. Os defensores testados por Martino têm demonstrado dificuldades na recomposição defensiva, com lentidão e com ainda aparente adaptação ao sistema. Natural para uma equipe que ainda se molda e adapta aos conceitos e proposta do novo treinador.
É muito provável que Martino mantenha considerável base para 2015 dos convocados nestes 5 primeiros amistosos. A Argentina deverá realizar 3 amistosos preparatórios até a Copa América(aqui), tempo importante para a continuidade e aprimoramento da equipe, agora sob novos moldes e que vê grande importância na competição continental entre seleções.
