“Olá, sou Leonardo Ponzio e posso afirmá-lo porque sei quem sou. Se nasceste entre 1975 e 1980 e tens dúvidas sobre tua identidade, podes acessar a página de internet www.abuelas.org.ar e podes encontrar informação”.
Ponzio não é dos jogadores mais midiáticos do futebol argentino, embora já tenha defendido a seleção. Mesmo já jogando no River em 2007, era ainda menos pop naquele ano. Mas pode se orgulhar daquele vídeo amador que gravou na época. Foi o primeiro jogador a aderir à campanha “sua consulta não molesta”, que marcava o 30º aniversário da organização das Avós da Praça de Maio.
Fora da Argentina, só as Mães da Praça de Maio costumam ser lembradas (inspiraram até o U2, que lançou no seu celebrado disco The Joshua Tree a faixa “Mothers of the Disappeared”). Em atos de grande coragem, desde os tempos de ditadura as Mães semanalmente reclamam na praça em frente à Casa Rosada a devolução dos corpos dos filhos assassinados e desaparecidos pelo aparato estatal, que em nome da “salvação” da economia e dos “bons costumes” foi responsável também por outra infâmia em larga escala: o sequestro de bebês filhos destes presos políticos e a entrega forçada das crianças à adoção, normalmente para apoiadores do regime.
As Avós surgiram exatamente para tentar reaver os bebês sequestrados e sua luta havia sido retratada já em 1985 em A História Oficial, primeiro filme argentino a levar o Oscar. A líder delas, Estela Carlotto, já havia ajudado a encontrar 113 dos cerca de quinhentos desses netos e netas. Aproximadamente trinta (mais de um terço desses que ela ajudou, portanto) foram localizados só nos últimos sete anos, depois da campanha de 2007. Anteontem, enfim, o país vibrou com o 114º, de forma especial: foi a vez do próprio neto de Estela.
A notícia foi comemorada também no mundo futebolístico. Para o bem e para o mal, os argentinos são historicamente mais politizados e é natural que essa consciência seja maior também entre seus jogadores. Uma bandeira permanente na concentração da seleção reforça a candidatura das Avós ao Prêmio Nobel da Paz. Antes do mundial de 2014, Messi & companhia voltaram a emprestar sua imagem à luta delas. E desde anteontem estiveram entre os que felicitaram Estela publicamente. Já há até a versão “Milico, Decime Qué Se Siente” para aquela música que embalou os argentinos na Copa 2014.
Guido, o neto perdido de Estela, cresceu como Ignacio Hurban. É fã do River e o clube já estaria se posicionando para homenageá-lo, o que seria alguma compensação pelo que já fez no passado, conforme mostrou o jornalista Esteban Bekerman em tweet disponibilizado abaixo junto com outras manifestações do futebol e povo argentino (Roberto Viola foi o general que presidiu na prática o país em 1981). Mais abaixo, um registro da folclórica página La Gente Anda Diciendo, “O povo anda dizendo”, dedicada a publicar pérolas ouvidas nas ruas do país. Por fim, o vídeo de Ponzio em 2007.
httpv://www.youtube.com/watch?v=MSRjvd-FW4c
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