Primeira Divisão

Arsenal estreia com vitória de virada sobre Estudiantes de La Plata, em Sarandí

Zelaya fez o primeiro gol do Arse e saiu para o abraço
Zelaya fez o primeiro gol do Arse e saiu para o abraço

Jogo começou sonolento na cancha Grondona. Arsenal não tava nem aí para a correria do Pincha. Jogava sempre por uma bola. E mesmo depois do empate não sinalizava mudança de postura. Contudo, a pelota da vez apareceu justamente um minuto depois. O Viaducto empatou e foi para o vestiário no lucro. Na segunda etapa, tratou de se trancar ainda mais no campo de defesa, mas corrigiu falhas sensíveis nas suas duas linhas defensivas. O contragolpe e a bola parada eram as armas de uma equipe apenas razoável. Foi então que os dois treinadores decidiram alterar suas equipes. E isto foi decisivo para o triunfo do Arse sobre os pincharratas de La Plata.

O jogo começou com homenagens a Grondona, o chefão do futebol argentino, que por mais de três décadas se deu ao luxo de fazer todas as barbaridades possíveis, inclusive a de adotar um clube para ser o “briquedinho” de seus filhos. Bandeira, minuto de silêncio e outras bobagens em homenagem a uma criatura que conseguiu piorar e muito a vida de muitos no planeta Terra. Mas no jogo o futebol foi aquela “coisita” nota 3. Jogo sonolento, por vezes, e rápido e sem sentido, por outras. Coisa típica de jogo em tarde de segunda-feira, mais um invenção do falecido “queridão”.

O Pincha propunha, mas não conseguia grande coisa. Apresentava Correa, o enganche de classe, que Pellegrino insiste em deslocar para os flancos do campo. E o jogo saia, pois Gio Romero fazia um bom papel na meia cancha, atuando como o volante moderno que é. A pelota corria e chegava com certo perigo à meta do ótimo Andrada. O próprio Correa, criou as duas boas chances do Pincha, antes do gol. Aos 36, fez mais que isso. Abusou da habilidade e tocou para Carrillo. De prima, o atacante recuou para Martínez que arrematou cruzado e carimbou um time inteiro do Arse. Carrillo tentou por mais duas vezes até guardar a pelota no arco de Andrada: 1×0.

Deu nem para comemorar. Um minuto depois, o Arsenal achou “aquela” bola. Ela sobrou na área para Zelaya que a colocou no canto esquerdo de Silva: 1×1 e fim do primeiro tempo. Viaducto saiu no lucro.

Na segunda etapa, o Estudiantes voltou para fazer o seu papel: tentar mostrar para o Arse quem manda na vasta região ao Sul da Capital Federal. Só que o conjunto local também voltou para fazer o que sabe de melhor: se fingir de morto e praticar aquele joguinho cínico em que se propõe apenas de forma sutil e, na medida do possível, forçar o contragolpe, jogar por uma bola ou ter aquela jogadinha de bola parada para encontrar o cabeceio de seus homens de frente. E o jogo se resumiu ao embate da forte marcação local contra a criatividade do Pincha. Mas para a infelicidade de Pellegrino, Correa perdeu ritmo no segundo tempo.

O cenário do jogo parecia não se modificar até que os dois treinadores resolveram mudar. Palermo levou a campo Ramiro Carrera no lugar de Báez; Fredes, no lugar de Aguirre e, principalmente, Celiz, na vaga de Palácios. Já Pellegrino acertou em colocar Graciani no lugar do nervoso Aguirregaray. Só que errou muito ao trocar Gio Romero por Prediger e Correa por Carrasco. Além disso, o treinador do Pincha não deu sorte em sua aposta no ótimo Graciani, que foi muito mal. Foi então que todos perceberam que o cara que realmente segurava as pontas do time era Gio Romero. Sua saída foi um presente para o Arsenal de Sarandí.

A equipe do “Titán” ganhou consistência no meio-campo e se deu ao luxo de utilizar o setor justamente para dominar o rival. O toque de bola rolou por ali e não se deparou nem com o bom bloqueio de Aguirregaray nem com o comando do setor, executado anteriormente por Romero. Foi então que finalmente o Arsenal se fez dono da cancha Grondona. Carrera deu corpo ao jogo sem-graça do Arse. Mas quem de fato mudou a partida foi Celiz.

Quando a partida já indicava a igualdade como o resultado do encontro, a pelota sobrou justamente nos pés de Celiz. Após infernizar a vida dos defensores pincharratas, cruzou na medida para Carrera guardar. O cabeceio saiu certeiro e a pelota surpreendeu e encobriu o porteiro Silva: 2×1 e números finais à partida. O empate talvez fosse o resultado mais justo em Sarandí. Porém, o duelo foi também dos treinadores. E ao final da partida, “Titan” Palermo pode comemorar sua supremacia em relação ao comandante do banco pincharrata.

Joza Novalis

Mestre em Teoria Literária e Lit. Comparada na USP. Formado em Educação e Letras pela USP, é jornalista por opção e divide o tempo vendo futebol em geral e estudando o esporte bretão, especialmente o da Argentina. Entende futebol como um fenômeno popular e das torcidas. Já colaborou com diversos veículos esportivos.

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